São Paulo, domingo, 08 de novembro de 2009

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Atlético-MG é o primo pobre na luta pelo Nacional

Com R$ 50 milhões em 2009, clube mineiro ganha cerca de metade do que os outros cinco postulantes ao Brasileiro

Em terceiro no campeonato, atleticanos jogam contra o Flamengo, hoje, em estádio cheio, rotina para o time líder de média de público

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

"Yes we C.A.M. [Clube Atlético Mineiro]." É a frase do presidente do clube de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, em sua página no Twitter, ao falar sobre o sonho do time de faturar o título do Brasileiro de 2009.
Terceiro no campeonato, o time pega o Flamengo, hoje, no Mineirão. Se vencer, pode se aproximar da liderança.
A analogia com o slogan da campanha do presidente americano, Barack Obama, que já virou clichê, justifica-se pela dificuldade de a equipe mineira garantir a taça nacional.
Não é à toa. Entre os seis primeiros colocados no Brasileiro, ainda com chances de título, o Atlético-MG é o que tem menos caixa. E a diferença financeira para os outros é grande.
A estimativa de receita do clube mineiro para 2009 é de R$ 50 milhões. São Paulo, Palmeiras, Internacional, Flamengo e Cruzeiro devem atingir rendas de pelo menos R$ 100 milhões no mesmo período.
No ano passado, que já tem números consolidados, essa disparidade é clara. O Atlético- -MG arrecadou R$ 57 milhões. Seu arquirrival, o Cruzeiro, R$ 94 milhões. Os outros obtiveram rendas que mais do que dobram às dos atleticanos -o São Paulo atingiu R$ 161 milhões.
"Com o salário de três jogadores do São Paulo, dá para pagar uma folha inteira minha", exagera Kalil. "Aqui, salário de R$ 200 mil é piada."
Como o Cruzeiro, o Atlético- -MG recebe cota de TV inferior à de paulistas e cariocas. Não tem patrocinador na camisa. E acumula um passivo de cerca de R$ 280 milhões.
O jeito foi efetuar um corte na folha salarial no final do ano passado. Com o dinheiro que sobrou, foram feitas contratações. Os débitos foram renegociados para evitar as penhoras.
O maior deles, com empresas do ex-presidente Ricardo Guimarães, não está sendo pago. O valor atingia cerca de R$ 100 milhões e tinha juros altos, que caíram após renegociação. "Vamos conversar. Mas, se fosse pagar agora, o clube ficava inviável", explicou Kalil.
Assim, o clube se sustenta na arrecadação de bilheteria: leva R$ 1 milhão por jogo. O Atlético-MG é o líder de média de público: 39.092. Deu tão certo que, irônico, Kalil até pediu que a torcida pare de comprar ingresso para o jogo com o Flamengo -já estavam esgotados.
"Assim, conseguimos pôr os salários em dia. Nossa maior contratação para a temporada foi essa", contou Kalil.
Mas a diretoria também contratou jogadores do exterior, como Ricardinho, Corrêa e Rentería, ou em má fase, como Éder Luis e Diego Tardelli.
Agora, os dois últimos têm alto valor de mercado. Mas Kalil não os vendeu no meio do ano -vai negociá-los só em 2010. Tudo por um título nacional, ganho uma única vez em 1971.

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