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Atlético-MG é o primo pobre na luta pelo Nacional
Com R$ 50 milhões em 2009, clube mineiro ganha cerca de metade do que os outros cinco postulantes ao Brasileiro
Em terceiro no campeonato, atleticanos jogam contra o Flamengo, hoje, em estádio cheio, rotina para o time líder de média de público
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"Yes we C.A.M. [Clube Atlético Mineiro]." É a frase do presidente do clube de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, em sua
página no Twitter, ao falar sobre o sonho do time de faturar o
título do Brasileiro de 2009.
Terceiro no campeonato, o
time pega o Flamengo, hoje, no
Mineirão. Se vencer, pode se
aproximar da liderança.
A analogia com o slogan da
campanha do presidente americano, Barack Obama, que já
virou clichê, justifica-se pela dificuldade de a equipe mineira
garantir a taça nacional.
Não é à toa. Entre os seis primeiros colocados no Brasileiro,
ainda com chances de título, o
Atlético-MG é o que tem menos caixa. E a diferença financeira para os outros é grande.
A estimativa de receita do
clube mineiro para 2009 é de
R$ 50 milhões. São Paulo, Palmeiras, Internacional, Flamengo e Cruzeiro devem atingir
rendas de pelo menos R$ 100
milhões no mesmo período.
No ano passado, que já tem
números consolidados, essa
disparidade é clara. O Atlético-
-MG arrecadou R$ 57 milhões.
Seu arquirrival, o Cruzeiro, R$
94 milhões. Os outros obtiveram rendas que mais do que dobram às dos atleticanos -o São
Paulo atingiu R$ 161 milhões.
"Com o salário de três jogadores do São Paulo, dá para pagar uma folha inteira minha",
exagera Kalil. "Aqui, salário de
R$ 200 mil é piada."
Como o Cruzeiro, o Atlético-
-MG recebe cota de TV inferior
à de paulistas e cariocas. Não
tem patrocinador na camisa. E
acumula um passivo de cerca
de R$ 280 milhões.
O jeito foi efetuar um corte
na folha salarial no final do ano
passado. Com o dinheiro que
sobrou, foram feitas contratações. Os débitos foram renegociados para evitar as penhoras.
O maior deles, com empresas
do ex-presidente Ricardo Guimarães, não está sendo pago. O
valor atingia cerca de R$ 100
milhões e tinha juros altos, que
caíram após renegociação. "Vamos conversar. Mas, se fosse
pagar agora, o clube ficava inviável", explicou Kalil.
Assim, o clube se sustenta na
arrecadação de bilheteria: leva
R$ 1 milhão por jogo. O Atlético-MG é o líder de média de público: 39.092. Deu tão certo
que, irônico, Kalil até pediu que
a torcida pare de comprar ingresso para o jogo com o Flamengo -já estavam esgotados.
"Assim, conseguimos pôr os
salários em dia. Nossa maior
contratação para a temporada
foi essa", contou Kalil.
Mas a diretoria também contratou jogadores do exterior,
como Ricardinho, Corrêa e
Rentería, ou em má fase, como
Éder Luis e Diego Tardelli.
Agora, os dois últimos têm alto valor de mercado. Mas Kalil
não os vendeu no meio do ano
-vai negociá-los só em 2010.
Tudo por um título nacional,
ganho uma única vez em 1971.
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