São Paulo, domingo, 08 de novembro de 2009

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Diego vence e conquista o tetra no solo da Copa

Ginasta entra em grupo seleto e releva fato de torneio não ter peso de Mundial

Após superar nervosismo e bater rival local na Croácia, brasileiro diz ter ginástica para feitos maiores e até admite buscar psicólogo

CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL

Diego Hypólito deu mais um importante passo para se colocar entre os grandes nomes da história da ginástica artística.
Ao sagrar-se campeão ontem em Osijek (Croácia), na penúltima etapa da temporada, o ginasta paulista assegurou o inédito tetracampeonato de solo no circuito da Copa do Mundo.
Com 15,550, Diego superou com facilidade seus dois maiores adversários pelo título deste ano: o croata Markovic Tomislav (15,225) e o israelense Alexander Shatilov (14,925).
"Graças a Deus, consegui superar a ansiedade. Estava muito nervoso desde a derrota no Mundial [em outubro]. Mas consegui meu objetivo neste ano, que era ser tetracampeão."
Após ter triunfado no solo em 2004 (Birmingham), 2006 (São Paulo) e 2008 (Madri), Diego diz que a conquista de agora, obtida na soma dos resultados da temporada, foi tão difícil quanto às demais.
"Nos outros títulos, era uma final contra os melhores. Hoje é diferente, vale a regularidade, não só um torneio ou o momento. E é complicado se manter 100% o ano todo", diz o atleta, que, com o ouro na Croácia, venceu 4 das 7 etapas até aqui.
Com o quarto título -o único tetra genuíno desde 1975-, o atleta de 26 anos passou a integrar o seleto grupo em que estão os multicampeões Nicolai Andrianov (dono de 15 pódios olímpicos), Li Xiaopeng (dois) e Roland Bruckner (três).
"Sou novo ainda e tenho ginástica para buscar ser o maior campeão da Copa", afirma ele, que está atrás só do chinês Li Ning, dono de nove títulos na Copa do Mundo, e dos soviéticos Alexander Dityatin, seis, e Vladimir Markelov, cinco.
Além de ter faturado cerca de R$ 5.060 pela vitória e ter amealhado seu 25º pódio em etapas do circuito, Diego ganhou 50 pontos no ranking de solo, chegando a 180 (soma dos quatro melhores resultados). E não pode mais ser superado na última competição, que ocorre nesta semana em Stuttgart.
"Todos acham que só por ser Copa não tem pressão, não é difícil. Fiz uma série muito boa, mas a nota foi baixa, porque a arbitragem estava bem rigorosa. Sem contar que enfrentei um atleta local, que tinha apoio da torcida", declara ele.
Diego admite que, mesmo sem ter o peso de uma Olimpíada ou de um Mundial, os títulos na Copa têm contribuído muito para que ele supere as maiores dificuldades de sua carreira.
Como agora, quando o tetracampeonato apaga a mágoa pelo Mundial do mês passado -ele ficou fora de uma final pela primeira vez desde 2002. O tri, em 2008, marcou o renascimento do atleta, após o tombo na Olimpíada de Pequim.
"Vitórias e derrotas fazem parte do esporte. Só tive duas falhas em quatro anos", afirma o atleta, cuja façanha foi festejada pela organização da Copa.
"Apesar de sabermos que ele não exibiu tudo o que sabe e ter batido nosso atleta [Markovic Tomislav], ficará marcado para sempre que Diego Hypólito conquistou o feito histórico na Croácia", afirma Sasha Solar, diretor da competição.
Agora, impedido de atuar no salto por causa do ombro operado em junho, Diego diz que irá trabalhar para controlar a ansiedade e readquirir a confiança em seu potencial. "Se for o caso, até um psicólogo eu vou procurar no próximo ano, porque sei que esse sentimento [de insegurança] vai passar."


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