São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2011

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'Novo-rico', Gabão tem futebol pobre

SELEÇÃO Rival do Brasil usa estádio moderno, conta com o apoio do governo, mas jogadores têm vida dura

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A LIBREVILLE

Salários irrisórios se comparados ao mercado milionário do futebol mundial, uma estrutura amadora nos principais clubes do país e financiamento de uma das mais antigas dinastias do mundo. Assim é o futebol no Gabão, adversário da seleção na quinta-feira, em Libreville.
O jogo marcará a inauguração do Stade d'Angondjé, moderno estádio construído pelos chineses em troca da exploração de imensa mina de ferro no interior do país.
Apesar do belo cenário, os jogadores locais vivem longe da riqueza do mundo da bola. Dos 22 convocados para enfrentar o time de Mano Menezes, que desembarcou ontem à noite em Libreville, dez atuam no país e recebem em média R$ 1.200 por mês.
A capital do Gabão é uma das cidades mais caras do mundo. Libreville está na 12ª colocação na Pesquisa Mercer sobre Custo de Vida 2011.
Apesar da popularidade do futebol no país, são apenas 60 times profissionais no Gabão. A maioria dos atletas da liga nacional recebe quase três vezes menos (R$ 400) que os jogadores da seleção.
Além dos salários, os campos e a estrutura dos times são fracos. "Virei atleta porque fui me destacando na escola, mas não dá para ficar rico com o esporte aqui. O bom de ser jogador no Gabão é que você tem um emprego e não tem tanta pressão assim", afirmou Yanne Bidonga, 32.
Veterano na seleção, Bidonga é goleiro do Mangasport, clube bancado por uma mineradora de manganês, riqueza do país. O petróleo é o maior produto de exportação.
Como quase tudo no Gabão, a mineradora do time do goleiro tem participação do governo. Fã de futebol, o presidente Ali Bongo atua como mecenas. Nesta temporada, Bongo teve de repassar cerca de R$ 200 mil para manter em disputa as duas únicas divisões do futebol nacional.
Em 2012, ele usará o futebol para chamar a atenção internacional. O Gabão será a sede da Copa Africana, junto com a Guiné Equatorial.
Os Bongo estão no poder desde os anos 60. Pai do atual presidente, Omar Bongo governou de 1967 até 2009.
Depois, Ali venceu a eleição, feita sob acusação de compra de votos. Ao morrer há dois anos, Omar deixou 66 contas bancárias pelo mundo.
"No nosso país, só quero te dizer que gostamos muito do nosso presidente. Além do futebol, ele ajuda muito o Gabão a crescer", disse o goleiro reserva da seleção local.


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