São Paulo, domingo, 08 de dezembro de 2002

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Leão vira "light" para treinar jovens

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Após seis meses de convivência com jogadores até 36 anos mais novos do que ele, Emerson Leão, 53, já não é um treinador tão durão como antigamente.
Trabalhar com jovens atletas como Diego, 17, e Robinho, 18, tem feito o técnico santista ser mais ameno nas cobranças em alguns momentos para não assustar os seus comandados.
O técnico decidiu pensar mais antes de explodir com os garotos, quando eles fazem algo de errado fora de campo. Resultado: as revelações santistas têm escapado quase ilesas após serem flagradas em meio a travessuras.
Leão até se diverte ao contar um dos episódios em que evitou ser severo com Diego e o atacante reserva Douglas, 20.
Antes do primeiro jogo com o São Paulo pelas quartas-de-final, os dois resolveram dar um passeio pela concentração em Extrema (MG), onde os jogadores estavam proibidos de usar celulares e só podiam ter ligações transferidas para os seus quartos com autorização da comissão técnica.
Numa de suas rondas para checar se tudo estava sob controle, Leão encontrou dois cavalos parados num matagal. Foi até lá e descobriu Diego e Douglas se banhando numa cachoeira, ambos vestindo apenas cueca.
""Eles poderiam ter se machucado. Se tivesse dado uma grande bronca, talvez eles não tivessem reagido bem. Por isso, só pedi que voltassem caminhando. Eles voltaram para a concentração e disseram que eu parecia um fantasma, já que não me viram chegar", lembrou o técnico santista.
Em vez de berrar com os meninos, ele se vingou de uma maneira mais sutil. ""Só fiz questão de falar na frente dos outros jogadores que peguei os dois de cueca na cachoeira para que fossem gozados pelos companheiros."
Se os atletas fossem mais velhos, a reação do técnico, que em seus tempos de jogador chegou a sair no braço com Marinho durante a Copa do Mundo de 74 (Alemanha) por causa de uma falha do companheiro, seria bem diferente. "Eles são folgados. Precisei até me alfabetizar novamente para aprender a lidar com um time jovem", afirmou o treinador.
A mudança no comportamento de Leão salta aos olhos dos atletas.
"Quando eu estava no juvenil [em 1998", o Leão era um pouco ranzinza, não deixava a gente bater bola no gramado do CT. Hoje, ele está mais calmo, não reclama mais dos juvenis", disse o volante Paulo Almeida, capitão do time.
O treinador mudou também a forma de instruir seus comandados por causa da pouca idade do grupo. "Nos últimos dias, tenho procurado não encher a cabeça deles. Passo as informações aos poucos, para não pressionar."
Qualquer que seja o resultado das finais do Brasileiro-2002, os Meninos da Vila já marcaram a carreira de Leão. "Nunca ensinei tanto e aprendi tanto com um time como agora", avaliou ele.



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