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FUTEBOL
Pontos corridos, o returno
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
É um pouco inútil discutir,
agora, se vai dar certo ou não
a fórmula dos pontos corridos
-já está definido que vai ser assim, ótimo, então o melhor é analisar o Campeonato Brasileiro enquanto ele estiver acontecendo (e
depois). Mas quem resiste a um
exercício de futurologia?
Fiquei devendo uma reflexão
sobre as finais -ou melhor, A
Grande Final. Em 2002, o Brasil
parou para ver Corinthians x
Santos, torcendo para um sair da
fila ou o outro conquistar a tríplice coroa.
Adoro esses momentos de sintonia, em que um interesse une pessoas muito diferentes -seja a
ocasião dramática ou festiva, esportiva ou religiosa, política ou
cinematográfica. São momentos
de comunhão, ainda que os pontos de vista sejam diferentes.
Pois bem, em um campeonato
de pontos corridos seria uma
coincidência fabulosa o primeiro
e o segundo melhores se enfrentarem na última rodada. Como
lembra o leitor Zé Fernando, é
muito mais provável que aconteçam várias "finais" simultâneas,
com três ou quatro times que disputam o título jogando ao mesmo
tempo, mesmo que não sejam uns
contra os outros. E isso não é
emocionante? A última rodada
da primeira fase foi assim -a
classificação se modificava à medida que saía um gol em Salvador, Brasília, Belém, Campinas...
Estavam todos sintonizados na
mesma expectativa, embora a
atenção estivesse dividida.
"Mas o São Paulo já estava garantido em primeiro", dirão. É
verdade, mas algumas coisas são
inevitáveis -até no mata-mata
um time pode entrar em campo
com chances remotas e interesse
reduzido (como o Atlético-MG
após a goleada do Corinthians).
E nem sempre uma final é tão
emocionante e significativa
quanto essa. Se, exemplo, Grêmio
e Juventude disputassem o título,
duvido que a nação futebolística
se empolgasse tanto. Sem nenhum desprezo pelos dois, é óbvio
que o impacto deles no coração
da torcida é diferente de Corinthians e Santos (especialmente esse Santos de... ah, de Léo e Renato,
para virar um pouco o disco).
Ainda sobre a possibilidade de
um time disparar e desmotivar os
demais, fala Adenir Soares Jr., de
Palhoça (SC): "Em 32 edições, o
campeonato teve 32 finais diferentes. Mais equilibrado que isso
é impossível". De fato, o líder só
poderia relaxar depois de abrir
dez pontos de vantagem a três rodadas do final, ou diferença ainda maior antes disso. E ele sempre
pode perseguir recordes de vitórias, de gols marcados etc. Quanto
aos demais, que tentem diminuir
a diferença e garantir o segundo
lugar -e ser o melhor entre todos
os outros, uai. Há sempre um rival para superar...
Muitos dizem que a torcida não
tem "a cultura dos pontos corridos". Pode até ser, mas não é difícil adquiri-la. Até porque o campeonato muda todo ano, e a torcida se empolga ou não em função
do que acontece no campo! Outro
dia em li em um "blog" (espécie
de diário na internet) um comentário interessante: os analistas
cansaram de dizer que o Lula
mudou nisso, o PT mudou naquilo. Mas e o eleitor, mudou? Em
que e por quê? Pois então: e o torcedor, mudou ou não mudou?
A gente muda o tempo todo.
Agora mesmo um leitor me fez repensar sobre o argumento que eu
tinha como o mais forte a favor
dos pontos corridos -a justiça, o
prêmio ao melhor futebol. Xi, vou
ter de voltar ao assunto na semana que vem!
Comissãozinha
No meio da disputa entre os
procuradores de Robinho,
surgiu a informação de que o
atual, Wagner Ribeiro, teria,
em contrato, o direito de receber 70% da multa contratual em uma eventual negociação do jogador. Sóóóóó??
Proibido organizar
Curiosas as palavras do presidente Mustafá Contursi para
desqualificar as manifestações pró-oposição: "Isso é
coisa organizada". Ah, então
"organização" é característica de algo que não merece
respeito? Tá explicado.
Uh, /cadê/ o MP...
...Sumiu? A CPI inquiriu,
apurou, constatou, relatou. E
o Ministério Público, não vai
pedir o indiciamento dos
acusados de irregularidades
mil na administração do futebol brasileiro? Bom, talvez o
MP esteja agindo e eu esteja
mal informada. Tomara.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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