São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2004

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Popó já se vê maior do que Jofre

Atleta diz que seus três cinturões o colocam como o principal nome na história do boxe do país

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

De volta ao Brasil, Popó afirmou ontem, ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, ser o maior boxeador da história do país, por ter três cinturões de campeão.
Tal mensagem foi endereçada a Eder Jofre, ex-bicampeão mundial e integrante do Hall da Fama.
O baiano passou a ser considerado o melhor superpena da atualidade pelos especialistas após derrotar o cubano Joel Casamayor, em 2001. Depois de bater o armênio Artur Grigorian no fim de semana, pelo título dos leves da OMB, a revista especializada "The Ring" posicionou Popó como o sexto melhor leve da atualidade.
"Cada um em sua época, mas é uma pena que não estava na mesma época dele [Jofre] para criticá-lo ou elogiá-lo", respondeu Popó, ao ser questionado sobre o que sentia com relação às críticas do ex-campeão dos galos e penas. A referência foi à frase de Jofre de que Popó não o superou ainda.
"Tenho dois títulos dos superpenas e um dos leves, tenho três títulos mundiais. Eu não me igualei a ninguém, estou acima de todo mundo no Brasil", prosseguiu Popó, medalha de prata no Pan de 95, em tumultuada entrevista em um restaurante do aeroporto.
Na sequência, o baiano pediu para não falar mais sobre o tema e, já na sala de embarque para Salvador, acrescentou que aproveitou os dias após o último combate para visitar o museu do Hall da Fama (próximo a Nova York) e até tirou fotos ao lado do calção e sapatilhas de Jofre, em exposição.
Durante teleconferência promocional da luta com Grigorian, ao ser questionado como se compararia em termos de popularidade com Pelé e a família Gracie [de lutadores de jiu-jitsu], foi comedido na resposta e limitou-se a dizer: "Cada um tem seu tempo".
Jofre, 68, surpreendeu-se ao tomar conhecimento da afirmação de Popó e, ao ser questionado sobre qual a sua opinião sobre tais declarações, deu uma risada e declarou que esta era sua resposta.
O ex-vereador foi campeão nas décadas de 60 e 70, durante um período no qual conquistar cinturões era tarefa muito mais árdua. Ele o fez antes que as categorias de peso e os organismos que controlam o esporte se multiplicassem.
Não havia categorias intermediárias (entre os oito pesos originais), como supermoscas, supergalos ou superpenas. Tampouco havia órgãos como FIB ou OMB.
Jofre foi campeão indiscutível -reconhecido pela AMB e ganhou a versão européia do título mundial-, dominando os galos até perder duas vezes para "Fighting" Harada e se aposentar em 67. Voltou dois anos depois e, aos 37, ganhou o título dos penas do CMB -foi a segunda entidade do boxe após dissidência da AMB.
Pendurou as luvas em 1976, com cartel de 72 vitórias (50 nocautes), 2 derrotas e 4 empates.
Popó, 28, está invicto, com 35 vitórias, 31 delas por nocaute. "Acho melhor o Popó, em primeiro lugar, olhar meu cartel e depois vir conversar. E ele que chegue aos 40 ganhando o título mundial como ganhei!", disse Jofre.
Depois, mais calmo, reconheceu que, caso estivesse na situação de Popó -vindo de uma longa viagem e cercado de jornalistas- , talvez desse a mesma resposta que aquela apresentada pelo leve.
É consenso entre especialistas que Jofre foi um dos dois melhores galos do mundo. O Conselho Mundial de Boxe homenageou, durante sua convenção anual de 2000, Jofre e o mexicano Ruben Olivares como os dois melhores galos da história (empatados).
O historiador americano Herbert Goldman fez uma lista, publicada na "International Boxing Digest", na qual Jofre é superado só pelo mexicano Carlos Zarate.
A "The Ring" lista Jofre como o nono melhor pugilista dos últimos 50 anos. E também como o 19º melhor dos últimos 80 anos.


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