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Popó já se vê maior do que Jofre
Atleta diz que seus três cinturões o colocam como o principal nome na história do boxe do país
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
De volta ao Brasil, Popó afirmou
ontem, ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, ser o maior
boxeador da história do país, por
ter três cinturões de campeão.
Tal mensagem foi endereçada a
Eder Jofre, ex-bicampeão mundial e integrante do Hall da Fama.
O baiano passou a ser considerado o melhor superpena da atualidade pelos especialistas após
derrotar o cubano Joel Casamayor, em 2001. Depois de bater o
armênio Artur Grigorian no fim
de semana, pelo título dos leves da
OMB, a revista especializada "The
Ring" posicionou Popó como o
sexto melhor leve da atualidade.
"Cada um em sua época, mas é
uma pena que não estava na mesma época dele [Jofre] para criticá-lo ou elogiá-lo", respondeu Popó,
ao ser questionado sobre o que
sentia com relação às críticas do
ex-campeão dos galos e penas. A
referência foi à frase de Jofre de
que Popó não o superou ainda.
"Tenho dois títulos dos superpenas e um dos leves, tenho três
títulos mundiais. Eu não me igualei a ninguém, estou acima de todo mundo no Brasil", prosseguiu
Popó, medalha de prata no Pan de
95, em tumultuada entrevista em
um restaurante do aeroporto.
Na sequência, o baiano pediu
para não falar mais sobre o tema
e, já na sala de embarque para Salvador, acrescentou que aproveitou os dias após o último combate
para visitar o museu do Hall da
Fama (próximo a Nova York) e
até tirou fotos ao lado do calção e
sapatilhas de Jofre, em exposição.
Durante teleconferência promocional da luta com Grigorian,
ao ser questionado como se compararia em termos de popularidade com Pelé e a família Gracie [de
lutadores de jiu-jitsu], foi comedido na resposta e limitou-se a dizer: "Cada um tem seu tempo".
Jofre, 68, surpreendeu-se ao tomar conhecimento da afirmação
de Popó e, ao ser questionado sobre qual a sua opinião sobre tais
declarações, deu uma risada e declarou que esta era sua resposta.
O ex-vereador foi campeão nas
décadas de 60 e 70, durante um
período no qual conquistar cinturões era tarefa muito mais árdua.
Ele o fez antes que as categorias de
peso e os organismos que controlam o esporte se multiplicassem.
Não havia categorias intermediárias (entre os oito pesos originais), como supermoscas, supergalos ou superpenas. Tampouco
havia órgãos como FIB ou OMB.
Jofre foi campeão indiscutível
-reconhecido pela AMB e ganhou a versão européia do título
mundial-, dominando os galos
até perder duas vezes para "Fighting" Harada e se aposentar em
67. Voltou dois anos depois e, aos
37, ganhou o título dos penas do
CMB -foi a segunda entidade do
boxe após dissidência da AMB.
Pendurou as luvas em 1976,
com cartel de 72 vitórias (50 nocautes), 2 derrotas e 4 empates.
Popó, 28, está invicto, com 35
vitórias, 31 delas por nocaute.
"Acho melhor o Popó, em primeiro lugar, olhar meu cartel e depois
vir conversar. E ele que chegue
aos 40 ganhando o título mundial
como ganhei!", disse Jofre.
Depois, mais calmo, reconheceu que, caso estivesse na situação
de Popó -vindo de uma longa
viagem e cercado de jornalistas- , talvez desse a mesma resposta
que aquela apresentada pelo leve.
É consenso entre especialistas
que Jofre foi um dos dois melhores galos do mundo. O Conselho
Mundial de Boxe homenageou,
durante sua convenção anual de
2000, Jofre e o mexicano Ruben
Olivares como os dois melhores
galos da história (empatados).
O historiador americano Herbert Goldman fez uma lista, publicada na "International Boxing Digest", na qual Jofre é superado só
pelo mexicano Carlos Zarate.
A "The Ring" lista Jofre como o
nono melhor pugilista dos últimos 50 anos. E também como o
19º melhor dos últimos 80 anos.
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