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análise
Cabinda é rica em petróleo e problemas
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mapa, Cabinda é uma
daquelas excentricidades coloniais que fazem a fama da
África. Um ponto de terra
pouco maior que o nosso
Distrito Federal, espremido
entre dois países chamados
Congo e separado geograficamente do Estado a que
pertence, Angola.
Cabinda é rica em petróleo
e em problemas. Com apenas
100 mil habitantes, é também um embaraço para as
autoridades de um país que
há anos se esforça para projetar uma imagem de estabilidade, modernidade e nova
relevância geopolítica.
Não é por acaso que Angola sedia a Copa Africana agora, no momento em que disputa o posto de principal
produtor de petróleo do continente. Mas em Cabinda, o
século 20 continua. Um movimento separatista se mantém vivo, desmentindo o
anúncio das autoridades de
que o lugar foi "pacificado".
Os rebeldes argumentam
que a região foi um protetorado autônomo de Portugal e
que só foi anexada por Angola na independência, em
1975. Teria, assim, simplesmente passado de um colonialismo a outro. Grande
parte das Flec (Forças de Libertação do Estado de Cabinda), que reivindicam o
atentado de ontem, assinou
um acordo de paz com o governo angolano em 2006.
Mas uma franja radical
nunca depôs as armas, lembrando que a Província produz 70% do petróleo angolano e que pouco retorna como
investimento público.
Antes de ser surpreendido,
o governo considerava que os
linhas-duras não representavam perigo. Como se vê
agora, essa "franja" não era
tão periférica e tem um agudo senso de oportunidade.
Para os angolanos, o ataque de ontem lembra que
uma região atrasada se recusa a ingressar no trem da alegria da "nova Angola".
Para os sul-africanos, que
organizam a Copa-10, serve
de alerta. Se aconteceu em
Cabinda, pode acontecer
também em Johannesburgo.
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