São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Zizinho morre aos 80 de infarto

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Zizinho na seleção brasileira, em 1953


JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

"Zizinho pode não ter sido melhor do que Pelé, mas pior não foi." A frase do técnico Flávio Costa, que consta do prefácio de ""Mestre Ziza, verdades e mentiras no futebol", livro do ex-jogador, representa o pensamento de muitos que viram os dois jogar.
Um dos melhores atletas da história do futebol brasileiro, Zizinho morreu às 23h05 de anteontem, aos 80 anos de idade, vítima de um infarto, em Niterói (RJ).
Cerca de 200 pessoas compareceram ao enterro no Cemitério do Maruí, incluindo ex-jogadores, dirigentes do São Paulo e do Flamengo e integrantes do Grupo Veteranos de Basquete Nictheroy, já que uma de suas paixões era o basquete -outra era o samba. Já da CBF, nenhum representante.
Foi em Niterói, onde Zizinho foi enterrado, que ele iniciou a carreira, atuando pelas equipes amadoras do Carioca e do Byron. Apesar de sonhar em defender o América-RJ, time pelo qual torcia, foi o Flamengo que o lançou.
Flávio Costa, que mais tarde dirigiria a seleção brasileira e no final dos anos 30 estava no Fla, aproveitou uma contusão de Leônidas da Silva, o Diamante Negro, para testar o garoto de Niterói em seu lugar. Testou e aprovou.
Em 1941, quando ainda estava com 19 anos de idade, Zizinho se firmou como titular e ajudou os flamenguistas a conquistarem o tricampeonato de 1942/43/44.
Destaque da seleção nos anos 40 e maior artilheiro da história da Copa América, com 17 gols, o meia foi um dos participantes da fatídica Copa de 1950, o que o atormentaria durante muitos e muitos anos. Não foi à toa que dizia ter parado de ler as páginas esportivas, trocando-as por romances policiais -"muito mais interessantes e menos repetitivos".
Não suportava quando chegava o dia 16 de julho e o telefone começava a tocar -"sempre repórter querendo saber o porquê de termos perdido para o Uruguai." ""Por que não vão perguntar ao Pelé e ao Romário como ganhamos as outras Copas? Não, é só sobre 50 que querem falar."
Para evitar ""os chatos", usava um código. Seus amigos deveriam ligar para sua casa, deixar o telefone tocar duas vezes, desligar e chamar novamente.
Amigos de Zizinho, como o jornalista Fernando Horácio, autor do prefácio de seu último livro, contam que ele morreu magoado com o Flamengo, que o negociou para o Bangu, mas não com o São Paulo, clube que nos últimos anos dizia ser seu preferido.
Da antiga Confederação Brasileira de Desportos também não faltaram mágoas. Excluído da Copa-54, após trombar com a direção da entidade -o que também levaria a sua demissão do cargo de técnico da seleção olímpica em 1975- não participou do da Suécia, em 1958 -Moacir foi convocado para seu lugar.



Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.