São Paulo, sábado, 09 de fevereiro de 2002

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FUTEBOL

Mancha prepara coro para técnico em sua volta ao Parque Antarctica

Roth enfrenta Palmeiras e gritos de burro da torcida

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Desta vez como rival, o técnico Celso Roth estará de volta ao Parque Antarctica hoje, às 17h, no clássico entre Palmeiras e Santos, pelo Torneio Rio-São Paulo, mas terá de enfrentar, mais uma vez, o coro de burro dos torcedores.
Será o primeiro confronto do treinador, agora no Santos, contra o clube que o demitiu no ano passado por causa da pressão de torcedores, dirigentes e até dos próprios jogadores.
Mesmo com o time entre os líderes do último Campeonato Brasileiro, Roth era xingado pelos torcedores nas partidas no estádio palmeirense.
Hoje, mesmo estando do outro lado, não deve ser diferente. A Mancha Alviverde, principal torcida organizada do Palmeiras, promete recepcionar Roth. Da maneira antiga, é claro.
"Na primeira oportunidade que tivermos vamos pegar no pé dele. Vamos chamá-lo de burro o jogo inteiro", disse o presidente da Mancha, Paulo Serdan.
Além da pressão da torcida palmeirense, Roth corre o risco de ser hostilizado também pelos santistas no Parque Antarctica.
A Torcida Jovem, maior organizada do clube, cujas características mais marcantes são a impaciência e as fortes críticas ao time, promete apoiar o técnico hoje, mas faz uma ressalva: vai depender de como o time estiver jogando e do resultado.
"Acreditamos no trabalho do Roth e vamos apoiá-lo. Agora, se o time estiver jogando mal também vamos chamá-lo de burro", disse Luciano Oliveira, vice-presidente da organizada.
A torcida santista fez Roth relembrar seus tempos no Palmeiras logo em sua estréia na Vila Belmiro, quando o hostilizou em um jogo-treino com o São José.
Há quase um ano, a organizada mantém uma postura permanente de protesto, cuja expressão maior é a colocação das suas faixas em campo de ponta-cabeça.
A atitude foi desencadeada após a derrota por 5 a 0 contra o Corinthians, em março do ano passado, pelo Campeonato Paulista. Oliveira diz que o gesto só será desfeito quando o Santos quebrar o jejum de 18 anos sem títulos.
Com fazia no Palmeiras, Roth buscou minimizar as provocações. "É apenas mais uma partida. Tenho vários amigos no Palmeiras. Falam muito. O que as pessoas não lembram é como eu peguei o time e em qual posição eu o deixei", declarou.
Anteontem, o zagueiro palmeirense Alexandre disse que o estilo de Roth assustava os jogadores. E atribuiu isso à queda de rendimento da equipe no Brasileiro-01.
Em situação oposta à de Roth, o técnico Wanderley Luxemburgo, do Palmeiras, terá a torcida a seu lado, afirma Serdan.
O líder da organizada criticou o comportamento da "turma do amendoim", torcedores que ocupam as numeradas do Parque Antarctica, que hostilizaram o treinador na partida contra o São Caetano, na última quarta-feira.
"Eles não se tocam que às vezes acabam atrapalhando o time. Não dá para criticar a equipe no início de temporada, mas se for preciso vamos cobrar esse pessoal."
O discurso de Serdan está afinado com o de Luxemburgo. O técnico, numa atitude recorrente de seu colega Luiz Felipe Scolari, vem pedindo insistentemente o apoio dos torcedores em casa.
"Não dá para ficar vaiando a equipe num jogo difícil, mas é claro que, se o time não estiver jogando nada, tem de ser vaiado mesmo", disse ele, que não acredita que uma eventual perseguição da torcida ao treinador santista possa beneficiar sua equipe.


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