São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2011

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Festa privê

Brasil e França se reencontram no palco da final da Copa-98 para Nike demonstrar seu poderio econômico no futebol

SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

De um lado, a França, em campo nesta noite para iniciar a reconquista do prestígio arranhado depois do fracasso da eliminação na primeira fase da Copa de 2010.
Do outro, o Brasil, no Stade de France, palco da final de 1998, para superar jejum de quase 19 anos sem vencer o adversário -o segundo rival de peso na trajetória de Mano Menezes, batido pela Argentina em novembro.
Nos dois lados, a Nike, em festa, estreando os dois uniformes. A gigante de material esportivo aproveita um dos mais tradicionais duelos do futebol mundial para demonstrar sua força econômica. A partir de hoje, a multinacional veste os times com o maior cachê do mercado.
As cifras recebidas pelas duas federações chegam a quase R$ 2 bilhões durante a vigência dos contratos. Ambos terminam em 2018.
Com o acordo válido a partir desta temporada, a Nike irá pagar 320 milhões (R$ 729 milhões) ao longo de sete anos e meio aos franceses. A oferta dos norte-americanos acabou com uma das mais longas parcerias da rival Adidas, que durava desde 1972.
O acordo com o time francês é uma tentativa da Nike de fincar de vez sua bandeira na Europa, onde tinha apenas um campeão do mundo sob seu patrocínio, a Inglaterra -ainda assim, através da Umbro, sua subsidiária.
Sem precedentes, o acerto com os franceses se deu em 2008, a dois anos do fim do contrato com a alemã Adidas, quando a França ainda detinha o posto de vice-campeã do Mundial de 2006.
Antes, portanto, da crise esportiva e moral que se abateu sobre a equipe na África do Sul, no ano passado.
Já há dúvidas sobre se o investimento, o maior do mundo envolvendo uma equipe nacional, proporcionará o retorno previsto pela empresa.
Em relação ao Brasil, a Nike deixará pouco mais de R$ 1 bilhão nos cofres da CBF, entidade dirigida por Ricardo Teixeira, até o fim de 2018.
Firmada em 1996, a parceria, anunciada à época como o maior acordo da história do futebol, era para ser o início da história da Nike no futebol, território dominado até então pela rival Adidas.
Mas essa primeira demonstração de força rapidamente virou polêmica.
Ao romper com a Umbro, uma marca independente àquela época, a confederação brasileira cedeu parte de seu controle sobre a seleção para os americanos e irritou dirigentes e políticos.
Até uma CPI foi aberta em Brasília para apurar detalhes daquele contrato -investigação que só decolou após o fiasco da seleção olímpica de Vanderlei Luxemburgo nos Jogos de Sydney, em 2000.
Por US$ 160 milhões nos primeiros dez anos, a confederação abriu mão até de escolher seus adversários. A empresa também exigia a escalação de oito titulares em jogos promovidos por ela.
Hoje, todas as cláusulas foram revistas, assim como as cifras. Já estabelecida no futebol mundial, a multinacional norte-americana paga US$ 40 milhões anuais (cerca de R$ 70 milhões) desde um aditivo feito em 2006.
Procurada para comentar os altos e baixos da parceria que completa 15 anos, a Nike não atendeu a reportagem.


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