São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2011

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Atleta diz ter sido alvo de ofensa racial na Superliga

VÔLEI
Deivid, do São Bernardo, afirma que torcida o xingou de macaco


Mateus Bruxel/Folhapress
O meio de rede Deivid, do São Bernardo,
que diz ter sido xingado de macaco


MARIANA BASTOS
DE SÃO PAULO

O time de vôlei de São Bernardo retornou furioso de Londrina (PR). Não só pela derrota por 3 sets a 0 sofrida para a equipe paranaense no sábado, mas também por supostos insultos raciais proferidos das arquibancadas do ginásio Moringão.
Vários componentes do time paulista -do supervisor aos atletas- disseram que um pequeno grupo de torcedores do Londrina ofendeu o meio de rede Deivid, 22, no terceiro set do jogo, válido pela Superliga. O jogador estava na área de aquecimento junto aos outros reservas.
"Nos dois primeiros sets, o pessoal nos xingava, e nós até dávamos risada. Com isso, a gente está acostumado, mas quando me chamaram de macaco no terceiro set, passaram do limite", disse Deivid, ressaltando que nunca havia sido alvo de insultos similares antes nas quadras.
Depois da suposta ofensa, o jogo foi interrompido pois os atletas do banco de reservas da equipe do ABC paulista começaram a discutir rispidamente com os torcedores, que, de acordo com os relatos, eram adolescentes.
Seguranças do ginásio retiraram o grupo, mas tiveram que liberá-lo depois da chegada de um advogado.
Depois da partida, o supervisor do São Bernardo, Rubens Rizzo, registrou boletim de ocorrência em uma delegacia em Londrina.
"Se tivesse uma força policial efetiva no ginásio, teríamos conseguido identificar os torcedores", lamentou o técnico do São Bernardo, Roberley Leonaldo, o Rubinho.
O regulamento geral da Superliga diz que os clubes mandantes devem garantir a presença da Polícia Militar no ginásio. Em caso de não cumprimento da regra, está prevista uma advertência como punição ou multa de R$ 500 em caso de reincidência.
"De todos os ofícios que mandei, a PM não apareceu no ginásio em 30% dos jogos. Infelizmente, não consigo obrigar a polícia a ir lá", afirmou Luiz Roberto Maccagnan, supervisor do Londrina.
O delegado da partida, Olegário Júnior, disse que não ouviu as ofensas, mas registrou o caso em relatório enviado à CBV (Confederação Brasileira de Vôlei).
"Os atletas que estavam na zona de aquecimento me contaram que ouviram um xingamento racista de um torcedor. Foi isso o que eu escrevi no relatório", afirmou.
A CBV, por meio de sua assessoria, avisou que aguarda a chegada do relatório feito pelo delegado à sede, localizada no Rio, para depois tomar as medidas cabíveis.
O técnico do São Bernardo disse ser inadmissível atitudes como essa e gostaria que houvesse punição exemplar, mas ressaltou que se trata de um "ato isolado" no vôlei.
"A gente não está acostumado com isso no vôlei. O vôlei tem um público mais familiar", disse o técnico.
Ao contrário do futebol, a grande maioria dos atletas de ponta do vôlei são brancos.


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