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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

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FUTEBOL

Partida em abril, estratégica para a AmBev, não ocorrerá; jogo no Bahrein, no mesmo mês, deve ficar no papel

Ameaça de guerra cancela amistoso da seleção com os EUA

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A elevação de tom dos Estados Unidos e a cada vez mais palpável invasão ao Iraque já causam prejuízos à Confederação Brasileira de Futebol e à AmBev, sua principal parceira. Pelo menos um amistoso já foi cancelado por causa do provável conflito -e outro está em via de ser.
A pedido da federação norte-americana, o jogo entre EUA e Brasil, que seria em 30 de abril, foi cancelado. Inicialmente marcado para Nova York -depois para Los Angeles-, o amistoso não será realizado porque os EUA temem que uma partida contra a seleção pentacampeã possa ser alvo de ataques terroristas.
O amistoso era estratégico para a AmBev, que queria aproveitar a ligação com o time de Carlos Alberto Parreira para alavancar suas vendas no mercado norte-americano -em Portugal, no primeiro amistoso AmBev, e na Ásia, durante a Copa, o casamento com a CBF foi explorado comercialmente e rendeu frutos à multinacional.
A intenção da AmBev de jogar nos EUA foi informada a Ricardo Teixeira, presidente da CBF, no fim de 2002. Por contrato, que dá à confederação US$ 10 milhões por ano, a empresa de bebidas tem direito a um jogo por temporada, pelo qual recebe o dinheiro da bilheteria e da comercialização. Além de poder escolher local e adversário, a empresa pode instalar "hospitality centers" e levar convidados. A CBF não ganha nada pelo amistoso, mas também não gasta, uma vez que a AmBev paga transporte e hospedagem.

Plano B
Sem possibilidade de jogar com os EUA, AmBev e CBF já iniciaram negociação com o México. A partida aconteceria em terras mexicanas, no mesmo dia 30 de abril.
À Folha, Teixeira confirmou o cancelamento do confronto com os EUA, mas não quis dar maiores detalhes sobre as causas. "Só posso dizer que não acontecerá."
Ainda nesta semana, outro jogo, que renderia US$ 800 mil à CBF, não deve sair do papel.
Depois de ter dado o OK à Federação de Bahrein para que o Brasil enfrentasse um selecionado árabe em 1º de abril, Teixeira deve pedir o adiamento do confronto.
O dirigente, que inicialmente havia dito que um eventual conflito não atingiria Bahrein, parece ter mudado de idéia.
País que abriga uma importante base militar dos EUA, Bahrein poderia ser usado pelos americanos em caso de invasão ao Iraque.
Com a resolução da Fifa de adiar o Mundial sub-20, nos Emirados Árabes, Teixeira teme ser responsabilizado caso aconteça alguma coisa com os atletas.



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