São Paulo, sexta-feira, 09 de março de 2007

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Varejão faz NBA planejar nova regra

Habilidade do brasileiro em cavar faltas de ataque motiva a badalada liga de basquete a se mexer contra "encenação"

Mestre na artimanha, atleta do Cleveland Cavaliers irrita treinadores e jogadores de equipes adversárias e eleva sua popularidade nos EUA

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das chaves do sucesso do brasileiro Anderson Varejão, 24, na NBA criou tanta polêmica que está ameaçada.
A liga americana deve criar a partir da próxima temporada a "regra Varejão". Ela vai punir com uma falta técnica quem "encenar" com o objetivo de sofrer faltas de ataque.
O apelido da nova regra não é por acaso. Varejão, do Cleveland Cavaliers, irrita treinadores e astros da NBA justamente pela maestria nesse lance.
Com um bom posicionamento, além de coragem para receber trancos de corpos com 100 kg ou mais, o brasileiro, que quase sempre acaba no chão após os choques, tem eliminado a chance de cestas decisivas.
"Acho que as faltas de ataque fazem parte do jogo, fazem parte da regra, e alguns jogadores sabem usar esse recurso. Se mudarem a regra, não é uma coisa que me preocupe. Eu jogo o meu jogo, tenho o meu estilo e vou continuar jogando da mesma forma como venho jogando", afirmou Varejão à Folha, ontem, por e-mail.
A liga não computa de forma oficial essa estatística. Mas vários levantamentos nos Estados Unidos mostram a supremacia do brasileiro nela.
Na temporada passada, ele teve a melhor média por minutos. Agora, sem contusões e com mais tempo em quadra, lidera tanto em termos proporcionais quanto absolutos -já foram mais de 60 sofridas.
Quase todas acontecem nos momentos decisivos dos jogos, quando Varejão sempre está em quadra -ele começa as partidas na reserva. Algumas se tornaram famosas, como uma nos mata-matas da última temporada -falta sobre o brasileiro cometida pelo armador Chauncey Billups, do Detroit.
Segundo Stu Jackson, vice-presidente da NBA, a liga está "de olho" na jogada. "É um lance difícil de ser marcado em tempo real, porém até quando vamos cometer esses erros?", questiona o cartola.
Os detratores de Varejão dizem que a encenação é típica do basquete fora dos EUA e que ela tem semelhanças com o que acontece no futebol.
Enquanto os rivais reclamam do brasileiro, seus colegas em Cleveland, onde é ídolo da torcida (só perde em popularidade para LeBron James), derramam-se em elogios a ele.
"Tem os pés mais rápidos de qualquer jogador com a sua altura que eu já conheci", diz Mike Brown, o técnico do Cleveland, que ostenta a segunda melhor campanha do Leste.
Varejão explica de forma simples a jogada que o tornou famoso e irrita os americanos.
"É tudo uma questão de posicionamento. Você tem que analisar onde o adversário vai estar e tentar ficar na frente dele", afirma o ala-pivô, na sua terceira temporada na NBA.


Com agências internacionais


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