São Paulo, Terça-feira, 09 de Março de 1999
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FUTEBOL
Mesmo com os melhores eventos do calendário brasileiro na temporada, torcedores de SP não prestigiam jogos
Público some de estádios paulistas


da Reportagem Local

Final do Torneio Rio-São Paulo, clássico inédito entre Corinthians e Palmeiras pela Libertadores e o Estadual mais famoso do país. Nenhum desses eventos, os mais nobres do futebol brasileiro, conseguiu levar o torcedor paulista em grande número aos estádios.
O recorde de público da temporada em São Paulo, na final do Torneio Rio-SP, entre Santos e Vasco, atraiu menos de 33 mil torcedores ao Morumbi.
Em outros Estados, até amistosos tiveram mais público.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o amistoso entre Flamengo e Fluminense, no Maracanã, teve umpúblico de 93.415 pagantes.
No Rio-SP, os jogos disputados no Rio de Janeiro tiveram um público médio 150% maior do que as partidas realizadas em São Paulo.
Na Libertadores, o jogo entre Corinthians e Palmeiras, que chegou a ser tratado como a partida mais importante da história entre esses clubes, levou pouco mais de 28 mil torcedores ao Morumbi, menos da metade do público de Santa Cruz e Sport pela primeira fase do Campeonato Pernambucano.
No Paulista-99, o primeiro clássico disputado, Palmeiras x Santos, teve um público real de pouco mais de 7.000 mil pessoas.
A Federação Paulista de Futebol anuncia públicos "virtuais" com até cinco vezes mais gente do que o real. Segundo a própria entidade, 41 dos 60 jogos da primeira fase do torneio tiveram um público pagante divulgado maior do que o realmente presente.
Mesmo assim, o Paulista-99 não chega à metade da média de público do Campeonato Baiano e ganha por pouco do Pernambucano.
Na Bahia, onde os ingressos para o Estadual são trocados por notas fiscais, a média de público, mesmo sem os jogos das semifinais, chega a 17.035 pessoas por jogo.
As notas fiscais, porém, não são o único chamariz para as partidas no Baiano. No clássico entre Bahia e Vitória, na primeira fase do torneio, mais de 56 mil pessoas pagaram ingresso para assistir a partida. Com isso, o Baiano-99 já apresenta um crescimento de 240% em relação ao campeonato de 98.
Goiás estuda aderir à promoção das notas fiscais, que aumentou o público em Pernambuco no ano passado. Cada R$ 50 em notas fiscais seriam trocados por um ingresso, e o governo local repassaria R$ 5 para a federação.
Em Minas, a federação promove rodadas duplas e costuma franquear a entrada de mulheres e crianças. "Se a gente sente que o público não vai ser bom, fazemos essas promoções. O número de mulheres nos estádios vem crescendo assustadoramente", conta o secretário-geral da Federação Mineira, José Guilherme Ferreira Filho, que se surpreendeu com o público de Palmeiras x Santos.
"Você fazer um clássico para 7.000 pessoas é até triste."
Já no Rio Grande do Sul, não há promoções organizadas pela Federação Gaúcha, embora alguns clubes tenham algum tipo de incentivo ao torcedor.
Um caso é o Brasil de Pelotas, onde cada ingresso dá direito a um "kit-carreteiro" (comida feita com arroz e charque). (FÁBIO VICTOR, PAULO COBOS e ROBERTO DIAS)


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