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FUTEBOL
Depois da queda da "filial" carioca, representantes paulistano e santista podem ficar fora da elite dos Estaduais hoje
Portuguesas imitam colônia e encolhem
KLEBER TOMAZ
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez em quase 70
anos, os campeonatos estaduais
da primeira divisão do ano que
vem correm o risco de não terem
uma Portuguesa em campo.
Após o rebaixamento da Portuguesa carioca, a Portuguesa de
Desportos e a Santista são as remanescentes da elite regional no
país, mas hoje podem ter o mesmo fim trágico.
Se isso ocorrer, os dois clubes,
fundados por lusos, seguirão também a tendência do Brasil, que,
segundo órgãos oficiais, apresenta queda vertiginosa no número
de imigrantes portugueses.
Exemplo disso são as três principais praças da presença lusitana
no país: Rio, São Paulo e Santos.
No Estado fluminense, o número de portugueses natos caiu de
500 mil para 300 mil nos últimos
20 anos, segundo o Conselho das
Comunidades Portuguesas do
Rio. "A imigração mudou. Antes
era populacional, hoje é empresarial", falou Angelo Horto, que
preside a entidade.
De acordo com o Conselho da
Comunidade Luso-Brasileira de
São Paulo, o Estado tem hoje 400
mil lusos -300 mil a menos que
há 16 anos. "Seria triste não ter
uma Portuguesa na Primeirona.
Elas representam o sentimento da
tradição de Portugal no país", diz
Antonio Almeida e Silva, presidente do conselho paulista.
O panorama, porém, é favorável
ao fim das Portuguesas na elite estadual. Para escapar da degola
sem necessitar de outros resultados, a Portuguesa de Desportos
precisa vencer o líder Santos. O rival também só depende de si para
ser campeão paulista. Compromisso difícil para o time do Canindé, que atuará na Vila Belmiro.
"Nós não vamos cair. Pode escrever isso e me cobrar depois.
Vamos ganhar o jogo", afirmou o
português Manuel da Lupa, presidente da Lusa, que oferecerá ao time um prêmio de R$ 200 mil para
permanecer na Série A.
Apesar de parte do dinheiro ter
vindo de membros da comunidade luso-brasileira, Lupa entende
que a salvação do time implique
em extrair o nome Portuguesa e
escolher outro. "Se a comunidade
portuguesa não cresce, nossa torcida também não", diz.
"Essa idéia é um absurdo", contesta Vanessa Ribeiro, 23, da torcida organizada Leões da Fabulosa. Segundo ela, que é filha de português, 200 torcedores do clube
estarão hoje na Vila Belmiro.
A Portuguesa Santista também
decidirá seu futuro longe de casa.
Enfrentará o Rio Branco, em
Americana. A diferença é que
além de vencer, terá de torcer por
tropeços de seus concorrentes.
"Acho que estamos rebaixados.
Fomos incompetentes. O Guarani
não vai perder para o Mogi", diz
João Carlos Vieira, neto de portugueses e presidente da Santista.
Se nos Estaduais as Portuguesas
estão minguando, na elite do Brasileiro já não figuram desde 2002,
quando a Lusa foi rebaixada.
"O fim de tantas Portuguesas na
elite também tem um fator econômico envolvido. Muitas estão repletas de dívidas", afirma o brasileiro Antonio Augusto de Abreu,
presidente da Portuguesa do Rio.
Até no Paraná, a Portuguesa
Londrinense se prepara para disputar a segunda divisão estadual.
A maré de azar alcança outros
times alusivos a Portugal. É o caso
da paraense Tuna Luso, de Belém,
que deve R$ 1,5 milhão aos credores. "Os portugueses daqui não
investem, por isso renunciarei na
terça", diz o brasileiro Marcos
Gester, presidente do clube.
Quem também não passa por
boa situação é o Vasco, eliminado
recentemente do Estadual do Rio.
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