São Paulo, domingo, 09 de abril de 2006

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FUTEBOL

O que é mais justo hoje?

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

Há quem diga que não existe nem justiça nem injustiça no futebol.
Há controvérsias, porém.
Não seria justa, por exemplo, uma derrota roubada por erros graves de arbitragem.
Como nem sempre são justos os títulos ganhos no sistema de mata-mata -e está aí a história das Copas do Mundo e de Brasileirões para demonstrar.
Já nos campeonatos em pontos corridos raramente será injusta uma conquista, como, aliás, aconteceu no Campeonato Brasileiro do ano passado.
O Corinthians não teve culpa, mas as circunstâncias prejudicaram duplamente o Inter, pelos jogos anulados que ressuscitaram o campeão e pelo inesquecível pênalti não marcado em Tinga.
E hoje? Quem será o campeão paulista mais justo?
A resposta é fácil: ambos.
Sim, se o Santos vier a ser o campeão, como tudo indica, não haverá o que possa contestar o título, fruto de melhor campanha depois de um início complicado pela remontagem do time.
E os méritos de Vanderlei Luxemburgo serão também inegáveis, grande arquiteto da trajetória santista.
Resta torcer para que exatamente a arbitragem não atrapalhe a limpidez da taça.
Caso venha a ser o São Paulo, ainda assim não caberá objeção.
Teve menos tempo para se preparar, ganhou padrão no decorrer do torneio, venceu todos os clássicos com absoluta autoridade e, de quebra, será quem terá feito a melhor campanha.
Mais: ganhará o campeonato porque venceu seu último jogo e o Santos perdeu o dele.
E é aí que mora o perigo neste domingo de decisão.
Em primeiro lugar por algo que ninguém tem culpa e todos têm: a fórmula de pontos corridos, em turno único, não oferece oportunidades iguais.
Curiosamente, depois do fracasso do ano passado, neste ano, por sorte, o Campeonato Paulista acabou sendo emocionante -e apenas o Gaúcho rivaliza com ele, com um Gre-Nal na finalíssima, depois de sete anos.
Dois grandes chegaram à última rodada na luta pelo troféu paulista, diferentemente do que se deu em Minas e se dá no Rio de Janeiro e no Paraná.
Nem por isso a fórmula deixa de estar errada, e, se não bastasse, por mais motivos que haja para tirar de Itu o jogo do São Paulo, que ficou estranho é fora de dúvida.
Mas, convenhamos, se o inesperado vier a acontecer e o Santos for derrotado pela Portuguesa na Vila Belmiro, nada que aconteça em Mogi, a não ser, novamente, uma arbitragem escandalosa, manchará o título tricolor.
Coisa que, repita-se, esta coluna não acredita que vá acontecer.
Para Parreira, pior que uma semifinal da Copa dos Campeões da Europa entre os brasileiros do Barcelona e os brasileiros do Milan só mesmo se fosse o jogo final, em Paris, menos de um mês antes de a Copa do Mundo começar. Ele deve rezar por uma gripe em Kaká e Ronaldinho...

Libertadores
Com os dois Verdões já classificados para as oitavas-de-final da Taça Libertadores da América, se bobear, até o Paulista de Jundiaí chega lá. Porque o Internacional já está na próxima fase, a menos que inunde o Beira-Rio. E o Corinthians, depois da épica noite vivida em Santiago, diante da Universidad Católica, parece ter renascido, contaminado pelos antigos e melhores Corinthians de quase um século de tradição. Nem o Morumbi será suficiente para a partida contra o Deportivo Cali, quando o empate bastará para a classificação. Curiosamente, o papão São Paulo está em situação mais delicada, porque o jogo em Cuzco, diante do peruano Cienciano, nas alturas, será complicado, embora o tricampeão tricolor ainda possa decidir em casa contra o fraco Caracas, da Venezuela. Que o Chivas sirva de alerta para quem desdenha do México na Copa do Mundo.

E-mail: blogdojuca@uol.com.br


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