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FUTEBOL
O que é mais justo hoje?
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Há quem diga que não existe
nem justiça nem injustiça
no futebol.
Há controvérsias, porém.
Não seria justa, por exemplo,
uma derrota roubada por erros
graves de arbitragem.
Como nem sempre são justos os
títulos ganhos no sistema de mata-mata -e está aí a história das
Copas do Mundo e de Brasileirões
para demonstrar.
Já nos campeonatos em pontos
corridos raramente será injusta
uma conquista, como, aliás,
aconteceu no Campeonato Brasileiro do ano passado.
O Corinthians não teve culpa,
mas as circunstâncias prejudicaram duplamente o Inter, pelos jogos anulados que ressuscitaram o
campeão e pelo inesquecível pênalti não marcado em Tinga.
E hoje? Quem será o campeão
paulista mais justo?
A resposta é fácil: ambos.
Sim, se o Santos vier a ser o
campeão, como tudo indica, não
haverá o que possa contestar o título, fruto de melhor campanha
depois de um início complicado
pela remontagem do time.
E os méritos de Vanderlei Luxemburgo serão também inegáveis, grande arquiteto da trajetória santista.
Resta torcer para que exatamente a arbitragem não atrapalhe a limpidez da taça.
Caso venha a ser o São Paulo,
ainda assim não caberá objeção.
Teve menos tempo para se preparar, ganhou padrão no decorrer do torneio, venceu todos os
clássicos com absoluta autoridade e, de quebra, será quem terá
feito a melhor campanha.
Mais: ganhará o campeonato
porque venceu seu último jogo e o
Santos perdeu o dele.
E é aí que mora o perigo neste
domingo de decisão.
Em primeiro lugar por algo que
ninguém tem culpa e todos têm: a
fórmula de pontos corridos, em
turno único, não oferece oportunidades iguais.
Curiosamente, depois do fracasso do ano passado, neste ano, por
sorte, o Campeonato Paulista
acabou sendo emocionante -e
apenas o Gaúcho rivaliza com ele,
com um Gre-Nal na finalíssima,
depois de sete anos.
Dois grandes chegaram à última rodada na luta pelo troféu
paulista, diferentemente do que
se deu em Minas e se dá no Rio de
Janeiro e no Paraná.
Nem por isso a fórmula deixa de
estar errada, e, se não bastasse,
por mais motivos que haja para
tirar de Itu o jogo do São Paulo,
que ficou estranho é fora de dúvida.
Mas, convenhamos, se o inesperado vier a acontecer e o Santos
for derrotado pela Portuguesa na
Vila Belmiro, nada que aconteça
em Mogi, a não ser, novamente,
uma arbitragem escandalosa,
manchará o título tricolor.
Coisa que, repita-se, esta coluna
não acredita que vá acontecer.
Para Parreira, pior que uma semifinal da Copa dos Campeões
da Europa entre os brasileiros do
Barcelona e os brasileiros do Milan só mesmo se fosse o jogo final,
em Paris, menos de um mês antes
de a Copa do Mundo começar.
Ele deve rezar por uma gripe em
Kaká e Ronaldinho...
Libertadores
Com os dois Verdões já classificados para as oitavas-de-final da Taça
Libertadores da América, se bobear, até o Paulista de Jundiaí chega
lá. Porque o Internacional já está na próxima fase, a menos que inunde o Beira-Rio. E o Corinthians, depois da épica noite vivida em Santiago, diante da Universidad Católica, parece ter renascido, contaminado pelos antigos e melhores Corinthians de quase um século de
tradição. Nem o Morumbi será suficiente para a partida contra o Deportivo Cali, quando o empate bastará para a classificação. Curiosamente, o papão São Paulo está em situação mais delicada, porque o
jogo em Cuzco, diante do peruano Cienciano, nas alturas, será complicado, embora o tricampeão tricolor ainda possa decidir em casa
contra o fraco Caracas, da Venezuela. Que o Chivas sirva de alerta para quem desdenha do México na Copa do Mundo.
E-mail: blogdojuca@uol.com.br
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