São Paulo, sexta, 9 de maio de 1997.



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FUTEBOL
O brasileiro, eleito melhor jogador na França, pretende jogar na seleção ao lado de Ronaldinho e Romário
Anderson quer ser o 3º homem do Brasil

MARTA AVANCINI
de Paris

Depois de ter sido eleito o melhor jogador do ano na França, o atacante brasileiro Anderson da Silva, o Sonny Anderson, 26, quer ser o terceiro "goleador" da seleção, ao lado de Romário e Ronaldinho.
Contratado pelo Monaco há três anos e meio, Anderson diz que está no melhor momento da carreira.
Com 18 gols no Campeonato Francês, Anderson foi o artilheiro do Monaco. Pela performance na competição, o atacante foi eleito o melhor jogador do ano.
A eleição, em que cerca de 600 jogadores votaram, foi organizada pela União Nacional dos Jogadores Profissionais de Futebol e outras entidades ligadas ao esporte.
Ele já havia recebido, no ano passado, o prêmio de melhor jogador da revista "France Football".
Anderson joga na Europa desde 93. Ele já passou pelo Cervette (em Genebra, na Suíça) e pelo Olympique antes de se fixar no Monaco.
Antes disso, ele jogou pelo Vasco, entre 88 e 91, onde começou sua carreira, e pelo Guarani, de Campinas (SP), entre 91 e 92.
O jogador mora em Mônaco com a mulher, Cristina, e os dois filhos, Larissa e Loic, e diz estar adaptado "à vida de estrangeiro".

Folha - Como você se sentiu ao ser eleito o melhor jogador do ano na França?
Anderson -
Foi muito importante, principalmente porque fui escolhido por outros jogadores. É um reconhecimento importante.
Folha - Qual a avaliação que você faz do seu desempenho durante o campeonato da França este ano?
Anderson -
Foi difícil porque o Monaco não era campeão havia nove anos. Existia uma pressão muito forte para vencermos. Teve uma fase difícil, até novembro, quando estávamos oito pontos atrás Paris do Saint-Germain, mas o time melhorou e chegou 11 pontos à frente.
Folha - E a sua atuação?
Anderson -
Acho que fui bem, e o resultado é o prêmio. Não me machuquei e pude participar de todos os jogos. Com isso, meu trabalho cresceu e acabou aparecendo, apesar de ter sido puxado.
São muitos campeonatos acontecendo ao mesmo tempo, o que sobrecarrega. Em nove meses, foram uns 50 jogos em quatro competições diferentes. Mas eu estou ganhando experiência.
Folha - Depois de ter sido eleito o melhor jogador da França, quais são suas ambições?
Anderson -
Quando um jogador chega ao auge da carreira, ele pensa em atuar em uma seleção. Quando ele está bem, ele tem de ser convocado.
Folha - No caso, você está falando da seleção brasileira?
Anderson -
Sim, é claro.
Folha - O que você pode acrescentar à seleção brasileira?
Anderson -
Gols.
Folha - Quer dizer então que você acha que faltam goleadores?
Anderson -
Não, não é isso. A seleção já tem o Romário e o Ronaldinho, que são goleadores. Mas é preciso mais um, e eu posso ser o terceiro goleador da seleção.
Folha - O Zagallo sempre disse que não convocaria você porque já conhecia o seu estilo de jogo desde a época em que ele foi técnico do Vasco. Agora, depois que você foi premiado, existem boatos de que ele estaria pensando em convocar você...
Anderson -
O Zagallo está vendo que tudo o que dizem sobre mim é verdade e não são boatos. Os prêmios que recebi são a prova e a confirmação de eu estou bem. Acho que isso pode estar fazendo ele repensar as coisas.
Folha - Você pretende voltar a jogar no Brasil?
Anderson -
Eu tenho saudades, mas tenho mais quatro anos de contrato. Minha vida está muito boa. Se voltar, vai ser mais tarde.



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