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FUTEBOL
Integrantes do Comitê Executivo, entre os quais cinco dos sete vice-presidentes da entidade, querem processar suíço
Cúpula da Fifa vai à Justiça contra Blatter
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O sueco Lennart Johansson
anunciou ontem que 11 dos 24
membros do Comitê Executivo
da Fifa irão recorrer à Justiça contra o presidente Joseph Blatter.
Eles acusam, entre outras coisas, o principal dirigente da entidade que dirige o futebol de apropriação indébita de recursos da
Fifa e suborno nas eleições de
1998, quando o suíço derrotou o
próprio Johansson e ocupou o lugar do brasileiro João Havelange.
"Vamos levar o caso à Justiça
suíça porque, pela legislação local
[a sede da Fifa é em Zurique], você é obrigado a ir aos tribunais se
toma ciência de um ato criminoso. Se não o fizer, pode ser até processado como cúmplice. Posso
garantir que não queremos correr
o risco", disse Johansson.
O presidente da Uefa, associação que comanda o futebol europeu, referia-se ao relatório de Michel Zen-Ruffinen, secretário-geral da Fifa, apresentado aos 24
membros do Comitê Executivo
na semana passada e que acusa
Blatter de corrupção.
No dossiê, o suíço é apontado
como o responsável por uma série
de pagamentos irregulares, entre
os quais US$ 9,75 milhões para a
Concacaf, que dirige o futebol das
Américas Central e do Norte, US$
55 mil para o ex-presidente Havelange e US$ 100 mil a Viacheslav
Koloskov, da Federação Russa.
É apontado ainda como o responsável pela compra do voto de
pelo menos dois delegados -um
africano e um centro-americano- nas eleições de 1998.
Em e-mail para a Folha, o departamento de comunicação da
Fifa diz que Blatter não responderia ao comentário de Johansson
sobre a denúncia de 11 dos integrantes do Comitê Executivo à
Justiça comum da Suíça.
Afirmou que o dirigente só se
manifestará oficialmente quando
o caso chegar -"se chegar"-
aos tribunais. E lembrou ainda
que não será surpresa se isso
ocorrer, já que se trata de período
de eleição. No próximo dia 29, em
Seul, Blatter concorre à reeleição
contra o camaronês Issa Hayatou.
Sobre o fato de cinco dos sete vice-presidentes da Fifa estarem
contra o suíço, declarou que não
se trata de surpresa, já que todos
eles fariam parte da oposição à
administração Blatter há tempos.
O importante, segundo o e-mail
da Fifa, seria que 13 dos 24 membros do comitê não acataram as
denúncias de Zen-Ruffinen e ficaram ao lado do presidente.
Em entrevista por e-mail à Folha, Chung Mong-joon, um dos
vices da Fifa e co-presidente do
Comitê Organizador da Coréia
para a Copa-2002, disse que será
um dos dirigentes a levar o caso
Blatter à Justiça, embora não tenha se referido a nomes de outros
que poderão acompanhá-lo.
"Se não houvesse nada a esconder, ele que deixasse a investigação [auditoria interna" prosseguir. Mas não foi correto o procedimento de interrompê-la e marcá-la só para depois da Copa e das
eleições, quando ele [Blatter] espera ter conseguido mais quatro
anos [de mandato]", afirmou o
dirigente sul-coreano.
Segundo ele, a imagem da Fifa
nunca esteve tão arranhada como
agora. "É a credibilidade do futebol que está em jogo. O que queremos são respostas, mas até aqui
só houve silêncio por parte de
quem deveria dar explicações."
Com agências internacionais
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