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Ijuí se une contra coro por Neymar na seleção
Amigos do treinador defendem que ele não convoque o atacante nem Ganso
"Esses guris têm bola, mas nunca jogaram na seleção principal", diz ex-dirigente de clube do RS em que Dunga atuou na infância
DO ENVIADO A IJUÍ
Se há um lugar no Brasil em
que não haverá decepção na
terça, caso Dunga ignore os clamores pelas convocações de
Neymar e Paulo Henrique Ganso, é a terra natal do treinador.
Em Ijuí, há uma unanimidade oposta à do resto do país sobre as duas revelações do Santos: eles não devem disputar a
próxima Copa do Mundo.
As justificativas que Dunga
pode usar depois de amanhã
são fartamente distribuídas pelas pessoas que conviveram (ou
convivem) com o atual técnico
da seleção brasileira.
Todos tomam o mesmo cuidado ao falar sobre o assunto:
ninguém quer ser "a voz de
Dunga", ninguém quer falar pelo treinador. Até porque, como
diz Guto Valduga, "ele só continua nosso amigo porque nós
não ficamos perguntando esse
tipo de coisa para ele".
Ari Bertolo, ex-presidente do
Ouro Verde, clube que Dunga
defendeu no fim dos 70, conta
uma história para explicar as
prováveis escolhas do técnico.
"No fim de 1993, o Dunga
veio aqui para inaugurar uma
padaria, uma doação à prefeitura. E contou que o Parreira já
sabia todo mundo que levaria
para a Copa do ano seguinte.
Com o Dunga é igual", diz.
"Esses guris têm bola, mas
nunca jogaram na seleção principal. Pelo que eu conheço do
Dunga, ele não vai levar. Se eu
levaria? Não vou responder."
Outros respondem. Com
mais ênfase do que o próprio
Dunga provavelmente responderá nesta semana.
"Esse guri começou agora,
ainda não tem firmeza para jogar uma Copa", afirma o massagista José Carlos Gräber, 67,
que cuidou das pernas de Dunga nos tempos de Ouro Verde,
há mais de 30 anos.
Também defensor da "família Dunga" e da tese de que deve
ir à Copa quem "jogou pelo treinador", Gräber só admite uma
exceção: "O Ronaldinho".
As recentes passagens de
Neymar e Ganso pelas seleções
brasileiras de base também servem para justificar a não convocação dos novatos.
"Neymar foi mal no Mundial
sub-17", afirma Guto Valduga.
De fato, a joia do Santos decepcionou no torneio disputado na
Nigéria, assim como o resto da
seleção. O Brasil não passou da
primeira fase num grupo que
tinha México, Suíça e Japão.
Ganso foi melhor no Mundial
sub-20 do Egito, mas não foi o
jogador que liderou o Santos ao
título do Paulista deste ano.
"Tenho certeza de que serão
grandes jogadores, que disputarão outras Copas. Só não acho
justo deixar fora quem tem
mais experiência", analisa Valduga. "Mas é duro ouvir o [Vanderlei] Luxemburgo pedindo a
convocação dele [Neymar]. Até
outro dia chamava o guri de filé
de borboleta, não é?"
Jair Bombardieri evoca os
tempos de Ouro Verde para defender a ausência dos santistas.
"Valdir Aguirre, nosso técnico naquela época, já sabia no
início do ano quem estaria em
campo nas finais. O Dunga é assim, confia no grupo e o grupo
confia nele", lembra. "Neymar
é muito novo", completa.
Emídio Perondi, o padrinho
do técnico, mora há décadas em
Porto Alegre, mas pensa como
os conterrâneos ijuienses.
"Tem que levar quem ralou por
ele."
(MARTÍN FERNANDEZ)
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