São Paulo, domingo, 09 de maio de 2010

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Ijuí se une contra coro por Neymar na seleção

Amigos do treinador defendem que ele não convoque o atacante nem Ganso

"Esses guris têm bola, mas nunca jogaram na seleção principal", diz ex-dirigente de clube do RS em que Dunga atuou na infância

DO ENVIADO A IJUÍ

Se há um lugar no Brasil em que não haverá decepção na terça, caso Dunga ignore os clamores pelas convocações de Neymar e Paulo Henrique Ganso, é a terra natal do treinador.
Em Ijuí, há uma unanimidade oposta à do resto do país sobre as duas revelações do Santos: eles não devem disputar a próxima Copa do Mundo.
As justificativas que Dunga pode usar depois de amanhã são fartamente distribuídas pelas pessoas que conviveram (ou convivem) com o atual técnico da seleção brasileira.
Todos tomam o mesmo cuidado ao falar sobre o assunto: ninguém quer ser "a voz de Dunga", ninguém quer falar pelo treinador. Até porque, como diz Guto Valduga, "ele só continua nosso amigo porque nós não ficamos perguntando esse tipo de coisa para ele".
Ari Bertolo, ex-presidente do Ouro Verde, clube que Dunga defendeu no fim dos 70, conta uma história para explicar as prováveis escolhas do técnico.
"No fim de 1993, o Dunga veio aqui para inaugurar uma padaria, uma doação à prefeitura. E contou que o Parreira já sabia todo mundo que levaria para a Copa do ano seguinte. Com o Dunga é igual", diz.
"Esses guris têm bola, mas nunca jogaram na seleção principal. Pelo que eu conheço do Dunga, ele não vai levar. Se eu levaria? Não vou responder."
Outros respondem. Com mais ênfase do que o próprio Dunga provavelmente responderá nesta semana.
"Esse guri começou agora, ainda não tem firmeza para jogar uma Copa", afirma o massagista José Carlos Gräber, 67, que cuidou das pernas de Dunga nos tempos de Ouro Verde, há mais de 30 anos.
Também defensor da "família Dunga" e da tese de que deve ir à Copa quem "jogou pelo treinador", Gräber só admite uma exceção: "O Ronaldinho".
As recentes passagens de Neymar e Ganso pelas seleções brasileiras de base também servem para justificar a não convocação dos novatos.
"Neymar foi mal no Mundial sub-17", afirma Guto Valduga. De fato, a joia do Santos decepcionou no torneio disputado na Nigéria, assim como o resto da seleção. O Brasil não passou da primeira fase num grupo que tinha México, Suíça e Japão.
Ganso foi melhor no Mundial sub-20 do Egito, mas não foi o jogador que liderou o Santos ao título do Paulista deste ano.
"Tenho certeza de que serão grandes jogadores, que disputarão outras Copas. Só não acho justo deixar fora quem tem mais experiência", analisa Valduga. "Mas é duro ouvir o [Vanderlei] Luxemburgo pedindo a convocação dele [Neymar]. Até outro dia chamava o guri de filé de borboleta, não é?"
Jair Bombardieri evoca os tempos de Ouro Verde para defender a ausência dos santistas.
"Valdir Aguirre, nosso técnico naquela época, já sabia no início do ano quem estaria em campo nas finais. O Dunga é assim, confia no grupo e o grupo confia nele", lembra. "Neymar é muito novo", completa.
Emídio Perondi, o padrinho do técnico, mora há décadas em Porto Alegre, mas pensa como os conterrâneos ijuienses. "Tem que levar quem ralou por ele." (MARTÍN FERNANDEZ)


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