São Paulo, Domingo, 09 de Maio de 1999
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FUTEBOL NO MUNDO

Sete vidas

RODRIGO BUENO

Como que justificando a lenda das sete vidas, os ""gatos" continuam atuando no futebol.
Mesmo não sendo essa a sua intenção, a Nike contribuiu para a constatação de que, ainda nos dias de hoje, jogadores ""camuflam" a idade real para ter vantagem em competições.
A empresa norte-americana de artigos esportivos decidiu promover em cada continente um torneio sub-14 (para jogadores de até 14 anos).
A versão africana da Nike Cup foi um escândalo. Times que jogaram o torneio, como o Abuja e o Ozobia Comets, contaram com jogadores de até 17 anos.
Resultado óbvio: golearam rivais e dominaram a competição.
""Se esses jogadores têm menos de 14 anos de idade, eu aposto que eles vão se retirar do futebol entre 20 e 25 anos", disse um dos técnicos que enfrentaram os ""garotos" desses times.
As seleções africanas sempre deixaram dúvidas sobre a idade real de seus atletas. Pairam suspeitas até hoje em algumas conquistas de equipes do continente em torneios juvenis, inclusive em Mundiais da Fifa, dada a condição física de alguns ""jovens"."
A explicação para o crescimento gritante de alguns juniores africanos -o caso mais recente é a seleção de Mali, terceira colocada no Mundial da Nigéria neste ano- estaria na data do registro de nascimento desses.
A dificuldade em se chegar a um cartório em alguns pontos da África faria com que famílias registrassem os garotos muito tempo depois do nascimento. Oficialmente, ""moleques" teriam com isso a idade de ""bebês".
Em competições de juniores (sub-20) e juvenis (sub-17), se um adulto atua fica a impressão do ""gato" . Mas, se um adulto joga em um torneio infantil (sub-14), a presença do ""gato" vira, a olhos vistos, certeza.
Não há muito como se lutar contra isso, pois são seguidos registros. Nem como se provar a existência de um jogador fora de idade. Mas algo é certo. Os ""gatos" têm sobrevida no futebol.

NOTAS

Vida curta
Além do presidente Moratti, a Internazionale de Milão perdeu Sandro Mazzola, Luis Suarez, Mario Corso e importantes conselheiros. Todos acompanharam a renúncia de Moratti.

Vida longa
A nova geração espanhola impressiona. A Espanha, campeã mundial júnior, venceu na semana que passou o Europeu juvenil com uma vitória de 4 a 1 sobre a Polônia. Em 98, já havia vencido o Europeu júnior.

Vida efêmera
O governo australiano vetou a iniciativa de um time de Sydney de abrigar 400 refugiados de Kosovo em seu estádio.

Vida eterna
Estátuas do técnico Alf Ramsey e do ex-jogador Bobby Moore, comandantes na conquista inglesa na Copa-66, deverão ser erguidas junto ao novo estádio de Wembley.

E-mail rbueno@folhasp.com.br

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