São Paulo, sexta-feira, 09 de junho de 2006

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Seleção lava roupa suja sem Parreira

Jogadores discutem até parte tática longe do olhar do treinador, orientado por psicóloga a incentivar os encontros

Defesa é um dos temas mais debatidos nessas reuniões, segundo Kaká, que declara serem necessários alguns ajustes, como na cobertura


DOS ENVIADOS A KÖNIGSTEIN

A seleção brasileira com menos privacidade de todos os tempos lava sua roupa suja em reuniões fechadas, com Carlos Alberto Parreira do lado de fora. São encontros em que os atletas discutem vários temas, do relacionamento entre eles até tática. Quem não joga não entra, não importa a patente.
Logo no início da preparação para a Copa, o treinador pediu aos grupo que fizessem tais sessões e avisou que seria impedida a presença de gente da comissão técnica ou cartolas.
Tomou a iniciativa orientado pela psicóloga Regina Brandão, conselheira de Luiz Felipe Scolari na conquista do penta, em 2002. Parreira pediu a ajuda dela para preparar o time ainda quando estava no Brasil.
As reuniões não são marcadas com antecedência. "Eles se juntam quando quiserem ou quando o Parreira sente que eles precisam conversar só entre eles", afirmou Brandão.
Desde que começou a preparação, em Weggis, na Suíça, já foram ao menos três desses encontros. Entre outros assuntos os jogadores discutiram maneiras de se concentrar mais na estréia, reduzindo a quantidade de entrevistas, e um acerto de marcação na defesa.
"O importante é eles sentirem que têm autonomia para resolver algumas coisas", declarou a psicóloga.
Não há um orador específico no grupo. Quem tem vontade pede a palavra. Um dos que falam por mais tempo é o lateral-esquerdo Roberto Carlos.
"O mais importante agora é estar bem psicologicamente. Por isso, o que de melhor tem acontecido são as reuniões que os jogadores fazem", conta ele.
Porém alguns atletas preferem não tocar no assunto. Acreditam que o tema pode gerar polêmica. Kaká, Cafu e Fred não responderam perguntas da Folha sobre as reuniões.
Kaká, porém, admite que tem falado com os companheiros sobre a defesa. "Precisamos conversar para acertar a parte defensiva. Ajustar a cobertura do Emerson, por exemplo", disse o jogador do Milan.
Da conversa sobre como se concentrar mais para a estréia contra a Croácia, saiu a decisão dos jogadores de poupar alguns deles das entrevistas. A redução do número de jogadores à disposição da imprensa começou a valer ontem à tarde.
Num próximo encontro, os atletas devem discutir sobre os dias de folga. Roberto Carlos está entre os que querem uma fórmula para impedir a aproximação dos fotógrafos nos dias livres durante o Mundial.
Parreira avalia que sua maior missão agora é cuidar dos jogadores emocionalmente. "O time está pronto, só precisamos cuidar da parte psicológica."
Com o começo da competição, mais reuniões vão acontecer. "O Parreira sabe o momento certo para deixar os jogadores conversarem. O importante é que nada fique para trás. Eles precisam falar e se sentir parceiros", disse a psicóloga.
Existe a possibilidade de acontecer um desses encontros, na véspera do jogo de terça. (EAR, PC, RP E SR)


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