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RODRIGO BUENO
Forças desiguais
O esforço do Athletic Bilbao em seguir na elite espanhola, onde nunca deixou de estar, supera até onda de "primas"
O ATHLETIC Bilbao tem um
compromisso com a história
hoje, um desafio que a cada
ano parece maior de ser superado.
Tradicionalmente, o clube basco
não usa estrangeiros (entram aqui
também espanhóis sem origem basca). Contra ele, em uma Liga cada
vez mais rica e globalizada, 19 times
com média de uma dezena de gringos ligados ao elenco. Lutar por título com um Barcelona (16 não-espanhóis) ou mesmo um Sevilla (14 forasteiros) fica praticamente possível. Disputar para não cair com um
Levante (15), um Celta (15), um Betis (11) e a conterrânea Real Sociedad (11) é o que resta. O Athletic Bilbao, com todas as suas limitações,
jamais foi rebaixado. Hoje, pode escapar do descenso de novo embora
tenha jogo fora contra o Villarreal.
Acontece que não é só esse orgulho basco que desequilibra forças na
Espanha. Na rodada passada, o Athletic suou para fazer 1 a 0 em um
Mallorca ultramotivado por malas
pretas (no plural mesmo). Segundo
boa parte da imprensa espanhola,
Betis, Celta e Real Sociedad teriam
juntado grana para estimular jogadores do Mallorca. Cada atleta receberia 18 mil para vencer no estádio San Mamés. O Athletic, que
reagiu na reta final das duas últimas edições do Espanhol (9º e 12º
lugares ao final dos campeonatos),
obteve uma vitória que mostra toda a dificuldade do clube: 1 a 0, gol
de pênalti de Urzaiz, 35 anos e 366
partidas pela Liga. O time se segura
assim na 17ª posição, a primeira fora da zona do rebaixamento. Festa!
Mesmo com todo o sofrimento
recente, a torcida do Athletic mantém em média o San Mamés 96%
cheio. A média de público é de quase 38 mil pessoas por partida, mas
a fidelidade (presença proporcional no estádio) é maior que as de
Barça e Real. O glorioso time basco,
financeiramente limitado, está na
fila desde 1984, mas nada parece
ser capaz de tirá-lo da elite, nem
""primas" (mala preta). Impressiona como a Liga convive com tantos
rumores de estímulos financeiros
sem fazer nada sério. O Levante
deda o Mallorca, o Ciudad de Murcia aponta o Córdoba na segunda
divisão etc. As forças são e, pior, estão desiguais na Espanha, mas a
força do Athletic ainda é sem igual.
FORÇAS DESIGUAIS 1
O Boca tem muito mais time que o
Grêmio. Riquelme joga muito mais
que o Tcheco e é o craque desta Libertadores (Zé Roberto rodou). A
torcida do clube argentino supera a
do copeiro clube gaúcho (menos
em mulheres bonitas). Mas o Grêmio tem algo especial: Mano Menezes, o melhor técnico do torneio.
FORÇAS DESIGUAIS 2
Não fosse a inusitada e estúpida invasão de campo de torcedor dinamarquês contra a Suécia, os dois
países estariam na luta pela Euro-08. Os 3 a 0 que a Uefa decretou para a Suécia desequilibram o Grupo
F, mas premiam bem quem não
apelou para a ""força". Fica a lição.
rbueno@folhasp.com.br
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