São Paulo, sábado, 09 de junho de 2007

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RODRIGO BUENO

Forças desiguais

O esforço do Athletic Bilbao em seguir na elite espanhola, onde nunca deixou de estar, supera até onda de "primas"

O ATHLETIC Bilbao tem um compromisso com a história hoje, um desafio que a cada ano parece maior de ser superado.
Tradicionalmente, o clube basco não usa estrangeiros (entram aqui também espanhóis sem origem basca). Contra ele, em uma Liga cada vez mais rica e globalizada, 19 times com média de uma dezena de gringos ligados ao elenco. Lutar por título com um Barcelona (16 não-espanhóis) ou mesmo um Sevilla (14 forasteiros) fica praticamente possível. Disputar para não cair com um Levante (15), um Celta (15), um Betis (11) e a conterrânea Real Sociedad (11) é o que resta. O Athletic Bilbao, com todas as suas limitações, jamais foi rebaixado. Hoje, pode escapar do descenso de novo embora tenha jogo fora contra o Villarreal.
Acontece que não é só esse orgulho basco que desequilibra forças na Espanha. Na rodada passada, o Athletic suou para fazer 1 a 0 em um Mallorca ultramotivado por malas pretas (no plural mesmo). Segundo boa parte da imprensa espanhola, Betis, Celta e Real Sociedad teriam juntado grana para estimular jogadores do Mallorca. Cada atleta receberia 18 mil para vencer no estádio San Mamés. O Athletic, que reagiu na reta final das duas últimas edições do Espanhol (9º e 12º lugares ao final dos campeonatos), obteve uma vitória que mostra toda a dificuldade do clube: 1 a 0, gol de pênalti de Urzaiz, 35 anos e 366 partidas pela Liga. O time se segura assim na 17ª posição, a primeira fora da zona do rebaixamento. Festa!
Mesmo com todo o sofrimento recente, a torcida do Athletic mantém em média o San Mamés 96% cheio. A média de público é de quase 38 mil pessoas por partida, mas a fidelidade (presença proporcional no estádio) é maior que as de Barça e Real. O glorioso time basco, financeiramente limitado, está na fila desde 1984, mas nada parece ser capaz de tirá-lo da elite, nem ""primas" (mala preta). Impressiona como a Liga convive com tantos rumores de estímulos financeiros sem fazer nada sério. O Levante deda o Mallorca, o Ciudad de Murcia aponta o Córdoba na segunda divisão etc. As forças são e, pior, estão desiguais na Espanha, mas a força do Athletic ainda é sem igual.

FORÇAS DESIGUAIS 1
O Boca tem muito mais time que o Grêmio. Riquelme joga muito mais que o Tcheco e é o craque desta Libertadores (Zé Roberto rodou). A torcida do clube argentino supera a do copeiro clube gaúcho (menos em mulheres bonitas). Mas o Grêmio tem algo especial: Mano Menezes, o melhor técnico do torneio.

FORÇAS DESIGUAIS 2
Não fosse a inusitada e estúpida invasão de campo de torcedor dinamarquês contra a Suécia, os dois países estariam na luta pela Euro-08. Os 3 a 0 que a Uefa decretou para a Suécia desequilibram o Grupo F, mas premiam bem quem não apelou para a ""força". Fica a lição.

rbueno@folhasp.com.br


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