São Paulo, quarta-feira, 09 de junho de 2010

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JUCA KFOURI

A culpa de Felipe Melo


O aguerrido meio-campista passou a ser alvo da crítica e dos torcedores. Dá até pena

FELIPE MELO não tem culpa de Dunga gostar dele.
Estava quieto na Fiorentina, fazendo uma carreira média depois de ter passado por dois gigantes brasileiros, Flamengo e Cruzeiro, e por três pequenos espanhóis, Mallorca, Racing Santander e Almería, quando Dunga o chamou para enfrentar a Itália, no começo de 2009.
De lá para cá, até porque estreou muito bem na seleção, já jogou 18 vezes, titularíssimo na campanha da Copa das Confederações. E foi para a Juve.
Gols marcou apenas dois, mas também sua função não é a de artilheiro, embora Ramires, com quem a comparação é inevitável, tenha marcado os mesmos dois gols em 12 participações, mas, importante, na última partida antes da Copa do Mundo. E a última impressão, dizem, é a que fica.
Pois ficou claro para a torcida brasileira, para a crítica brasileira, para o mundo que Ramires melhora a qualidade do meio de campo nacional, porque passa melhor, chuta melhor, aparece como elemento surpresa e é muito mais equilibrado psicologicamente do que Felipe Melo, que, como já foi dito, não é culpado pela predileção do técnico, que, é claro, discorda da torcida brasileira, da crítica brasileira, do mundo e quer errar com sua cabeça apenas, com a de mais ninguém. No que está certo, apesar de estar errado.
Não se cometerá o exagero de imaginar que possamos estar diante de uma "Era Felipe Melo", porque o paralelo com a "Era Dunga", a raiz do trauma insuperável do treinador, é injusta e descabida, já que o gaúcho de Ijuí foi muito mais jogador do que é o fluminense de Volta Redonda, a 17 dias de fazer 27 anos, em pleno inferno astral.
Não é preciso entender de astrologia para constatar que Felipe Melo está longe de ser um astro, uma estrela, algo mais que um carregador de piano. Dá pena dele.
Mas carregadores de piano são peças fundamentais na cabeça de quem pensa no futebol como Dunga, razão pela qual nada indica que Ramires deixará de ser só uma arma para o segundo tempo.
A vida é assim: começamos pedindo Hernanes, Ganso, Ronaldinho. Mas, diante da dureza da realidade, passamos a nos contentar com um jogador como Ramires.
E com a absoluta convicção de que nem assim seremos atendidos.

blogdojuca@uol.com.br


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