São Paulo, sexta-feira, 09 de julho de 2004

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Após revelar no Peru que está de mudança para a Espanha, atacante decide nos acréscimos

Luis Fabiano diz tchau, toma pito e salva a seleção

Alexandre Cassiano/Agência O Globo
Luis Fabiano, que disse ter chegado a um acerto para defender o Barcelona, cabeceia para marcar


FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A AREQUIPA

Com a cabeça dividida entre Arequipa e Barcelona, Luis Fabiano definiu a vitória por 1 a 0 da seleção brasileira sobre o Chile, na estréia do país na Copa América.
Na manhã de ontem, horas antes da cabeçada desferida nos acréscimos da partida, o atacante de 23 anos contou a integrantes da comissão técnica do Brasil que não é mais jogador do São Paulo. Disse que havia acertado com o Barcelona, time que o namorava havia três meses, e que estava ansioso para estourar na Europa.
E levou um pito de um dos companheiros de Carlos Alberto Parreira. Ouviu que aquela não era o momento de pensar em algo que não fosse o jogo com o Chile. Calado, Luis Fabiano só assentiu.
Ontem, seu procurador, José Fuentes, tinha reunião marcada com a cúpula do Barcelona. A jornais locais, o presidente Joan Laporta disse que estava confiante na negociação, mesmo com o "não" ouvido há um mês, após reunião com o São Paulo.
Há a possibilidade de, antes de ir para o Barcelona, o jogador passar por um "vestibular" em uma equipe menor da Espanha, provavelmente o Betis.
Consumada a transferência, o atacante engrossará a extensa lista de "estrangeiros" do time que Parreira levou ao Peru (de 22 atletas, 16 atuam fora do país).
A vitória foi um achado para a seleção, que foi pior que o Chile na maior parte do jogo. Foi comemorada efusivamente pela comissão técnica, que considerava os chilenos os adversários mais difíceis da primeira fase.
"A vida é assim. A bola não chegava, eu tive uma chance e fiz o gol", festejou Luis Fabiano.
O Brasil é o líder do Grupo C. Tem os mesmos três pontos do Paraguai -que bateu a Costa Rica por 1 a 0, com um gol de pênalti no final da partida. No domingo, a seleção enfrenta os costarriquenhos, às 17h de Brasília.
De certa forma, o Brasil foi beneficiado ontem pela severidade do árbitro mexicano Marco Rodríguez. Alegando invasão de área, uma irregularidade tolerada pela maioria dos juízes, ele mandou voltar uma cobrança de pênalti que o Chile convertera no primeiro tempo. Ao repetir o tiro livre, González errou.
O Chile valeu-se de uma melhor preparação física e de uma maior familiaridade com o chamado "tempo da bola". Na altitude de Arequipa (2.235 m), com o ar rarefeito, a bola fica mais leve e veloz que ao nível do mar. Os chilenos realizaram seus treinos em uma cidade com uma altitude superior à da cidade peruana.
"A altitude influencia muito. Nossa equipe está sendo formada, não é fácil", disse um ofegante Luis Fabiano à saída do gramado.
Desorientada e desentrosada -nenhum dos titulares do time principal está no Peru-, a seleção errou muitos passes e padeceu da falta de armação de jogadas a partir do meio-campo.
Alex, que tem nesta Copa América a grande chance de se afirmar pela primeira vez como craque de seleção, e não somente de clube, foi um dos destaques negativos.
O ataque também não esteve bem, com Luis Fabiano e Adriano atuando praticamente no mesmo espaço de campo.
Apático na etapa inicial, o Brasil não mudou para o segundo tempo. Aos 19min, Parreira fez duas substituições surpreendentes. A primeira (Dudu Cearense por Diego), pela ousadia. A outra pareceu ignorar o desempenho dos treinos e do próprio jogo: o técnico tirou Adriano, o mais perigoso do ataque até ali, e pôs Ricardo Oliveira, deixando no banco Vágner, destaque em coletivos que antecederam a estréia.
O time, que tinha três volantes (Dudu, Renato e Edu, com este mais avançado), e só um meia (Alex), formou um quadrado no meio-campo, com dois jogadores mais defensivos e outros dois de armação. Teve uma sensível melhora, mas o Chile também ameaçava em contra-ataques.


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