DO ENVIADO ESPECIAL A AREQUIPA

No dia de sua estréia como titular da seleção na Copa América, a cabeça de Luis Fabiano estava bem longe de Arequipa. Mais especificamente em Barcelona.
O atacante contou ontem pela manhã a integrantes da comissão técnica do Brasil que não é mais jogador do São Paulo. Disse que havia acertado seu futuro com o Barcelona, time que o namorava havia três meses, e que estava ansioso para estourar na Europa.
E levou um pito de um dos companheiros de Carlos Alberto Parreira. Ouviu que aquele não era o momento de ficar pensando em algo que não fosse o jogo contra o Chile. A concentração teria que ser total no torneio continental. Calado, o atacante apenas assentiu, segundo relato feito à Folha.
Oficialmente, negociações são assunto proibido no hotel Libertador. Os jogadores foram instruídos a não dar declarações sobre propostas ou transferências.
O santista Diego, o flamenguista Felipe e o próprio Luis Fabiano vêm dizendo publicamente que a única preocupação deles é a Copa América e que seus procuradores estavam cuidando dos assuntos no Brasil. Mas, com o uso do telefone celular e da internet liberados pela comissão técnica, não houve como evitar o contato atleta/empresário, que antigamente costumava ser feito olho no olho nas concentrações da seleção.
De acordo com o relato reservado de Luis Fabiano, ele não defenderá mais o São Paulo em 2004.
Do ponto de vista esportivo, o Barcelona oferece condições para que ele permaneça ao alcance dos olhos de Parreira, o que não atrapalharia seu maior plano, jogar a Copa-2006. A companhia dos brasileiros Ronaldinho, Belletti e do recém-contratado Deco também deixou o artilheiro animado.
Ontem, seu procurador, José Fuentes, tinha reunião marcada com a cúpula do Barcelona, na Espanha. A jornais locais, o presidente Joan Laporta disse que estava confiante na negociação e que não havia desistido de levar Luis Fabiano mesmo com o "não" ouvido há um mês, após reunião com a diretoria do São Paulo.
Oficializado o negócio, Luis Fabiano deixará uma torcida que o idolatrou, mas que, com a queda na Libertadores, passou a hostilizá-lo e a chamá-lo de pipoqueiro.
Flagrado por uma câmera de TV insinuando que sua vida no São Paulo estava no fim, o jogador sai do Morumbi brigado com a diretoria. Em Arequipa, Luis Fabiano deixou o tom conciliador e atirou contra Juvenal Juvêncio, vice de futebol são-paulino. Ao saber que o dirigente dissera que ele próprio havia pedido para sair por entender que não havia mais clima, foi enfático: "Ele mentiu".
Verdade ou não, o fato é que Luis Fabiano parecia, segundo o integrante da comissão técnica, exultante com a notícia de que não usaria mais a camisa tricolor.


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