São Paulo, domingo, 09 de julho de 2006

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Craque deixa campo para ser eterno na publicidade

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

A julgar pelo que diz a mídia francesa e européia e pelo que se ouve nas ruas de Paris, o jogo de hoje em Berlim será muito mais a passagem para o céu de Zinedine Zidane do que uma mera final de Copa do Mundo.
Mesmo os alemães, históricos adversários dos franceses, rendem-se ao astro, por meio do popular jornal "Bild", que chama Zidane de "deus".
Emenda o tablóide: "O futebol ficará em grande medida empobrecido [com a aposentadoria do craque]".
Pode ser, mas Zidane certamente não ficará empobrecido após deixar os campos. Continuará vivo na propaganda da Adidas, a fabricante de material esportivo, pelo menos até 2017, ou seja, após mais duas Copas. Com a Danone, o contrato é um pouco mais curto (até 2014).
Já na semana que vem, outdoors serão espalhados por toda a parte, com a figura do jogador. Sem contar um endereço na internet que está para ser inaugurado e cujo título diz tudo: mercizidane.fr.
Para a Adidas, não se trata de gratidão a um jogador que sempre patrocinou. Zidane pediu, antes de a Copa começar, sete pares diferentes de chuteiras "Predator" para cada uma das partidas do Mundial.
A Adidas confeccionou-as, mas, além das sete, vendeu 1 milhão delas desde o começo do ano. Claro que nem todas têm a ver com Zidane, mas não dá para dizer que a fábrica não esteja arqui-satisfeita com seu investimento no francês.
O jogador parece ser tudo ao mesmo tempo. No campo, o "Monde" o descreve como "um número 10 que mistura arte moderna e singulares arabescos". Fora dele, foi saudado pelo historiador Benjamin Stora como capaz "de ser muçulmano e francês integralmente" (descende de imigrantes da Argélia, de maioria muçulmana).
O endeusamento de Zizou não está, no entanto, visível a olho nu na Paris à espera do jogo final. É verdade que a avenida dos Champs-Elysées exibe bandeiras da França em todos os seus postes, a cada 100 m, do Arco do Triunfo ao obelisco da Place de la Concorde.
Mas é só. A Folha percorreu toda a avenida e só viu uma camisa azul, no corpo de um garotinho loiríssimo. Nem era a da França, mas a do Chelsea.


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