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FUTEBOL
Após vendedora afirmar que atacante Ronaldo adquiriu produtos no Paraguai, órgão decide apurar
Receita investiga compras da seleção
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
RODRIGO BERTOLOTTO
enviados especiais a Foz do Iguaçu
A Receita Federal
decidiu investigar
as compras dos jogadores da seleção
brasileira feitas anteontem no Paraguai, quando a equipe de Luxemburgo teve o dia inteiro de folga.
O motivo da investigação foi
uma declaração de Luciana Cabral, vendedora do Shopping Monalisa, à Rede Globo de Televisão,
segundo a qual Ronaldo teria gasto pelo menos US$ 16 mil em
compras em Ciudad del Este.
O problema teria sido sua entrada no Brasil sem o pagamento de
imposto à Receita Federal.
O brasileiro que faz compras no
Paraguai e entra em Foz do Iguaçu por terra pode trazer um valor
que totalize, no máximo, US$ 150.
O que exceder tal montante deve
ser taxado em 50%.
Acompanhado de Nílton Petrone, o Filé, fisioterapeuta da seleção brasileira, Ronaldo foi ao
Shopping Monalisa de carro,
atravessando a ponte da Amizade, que une as duas cidades.
Mas, na volta para o Brasil, o
meio de transporte foi um helicóptero da empresa Helisul.
Quando chegou a Foz, no Aeroporto Internacional das Cataratas, Ronaldo e Petrone, acompanhados de dois seguranças, passaram, de acordo com a Receita Federal, pela alfândega.
Como o atacante afirmou que
não fizera compras no Paraguai e
não estaria carregando bagagem,
acabou sendo liberado. ""Foi feita
a vistoria, mas como ele não tinha
bagagem, pôde passar sem problemas", explicou Maria Angélica
de Toledo Castro, delegada da Receita Federal em Foz do Iguaçu.
""Quando um helicóptero vem a
Foz, somos avisados pelo DAC
(Departamento de Aviação Civil).
Quando ele (Ronaldo) chegou, foi
feito um termo de visita aduaneiro, como é de praxe. Se estivesse
com bagagem, teria de pagar 50%
sobre o valor das compras que excedessem os US$ 500, que é o limite para quem entra via aérea."
Ontem, representantes da Receita estiveram no hotel em que a
seleção está concentrada para pedir esclarecimentos. Eles se reuniram com a direção do Shopping
Monalisa, com Ronaldo e membros da comissão técnica.
No hotel, Aref Hamoud, um dos
donos do Monalisa, afirmou que
Ronaldo gastou US$ 700. Segundo ele, notas das compras seriam
apresentadas às autoridades alfandegárias do Brasil.
Demonstrando muita irritação,
o atacante desmentiu o proprietário das lojas, negando que tivesse
feito compras. ""Pergunte à Witte
Fibe", respondeu o jogador, ao
ser indagado pela Folha sobre
suas supostas compras, referindo-se à jornalista Lilian Witte Fibe, da Globo, que comentou o
episódio na emissora.
""Estou cansado de ficar desmentindo as mentiras que vocês
inventam a meu respeito", desabafou. ""Se vocês dizem que eu
comprei, vão ter de provar."
Mas a hipótese de que Ronaldo
não usou dinheiro próprio nas
compras não é descartada pela
Receita. Ontem, uma funcionária
da Monalisa passou-lhe uma informação de que as compras teriam sido pagas com dois cheques
de Petrone. O fisioterapeuta, porém, não confirmou.
De qualquer forma, a Receita
acredita que produtos comprados
por Ronaldo ou outros membros
da delegação tenham entrado por
terra, nos carros emprestados à
Confederação Brasileira de Futebol para o transporte dos jogadores, mesmo que o atacante tenha
voltado de helicóptero. Neste caso, o jogador teria de pagar, além
de 50% sobre o valor que excede
os US$ 150 de limite, mais 25% de
multa, segundo a Receita, por ter
tentado burlar o Fisco.
Já pelo relógio de cerca de US$
5.000 que Ronaldo teria dado a
Petrone, que fez aniversário anteontem, o atacante diz que nada
pagou. ""Foi um presente da nossa
loja", confirmou Hamoud.
Para a Receita, no entanto, presente ou não, o imposto deveria
ter sido pago quando o produto
entrou no Brasil.
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