São Paulo, Sexta-feira, 09 de Julho de 1999
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FUTEBOL
Após vendedora afirmar que atacante Ronaldo adquiriu produtos no Paraguai, órgão decide apurar
Receita investiga compras da seleção

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
RODRIGO BERTOLOTTO
enviados especiais a Foz do Iguaçu


A Receita Federal decidiu investigar as compras dos jogadores da seleção brasileira feitas anteontem no Paraguai, quando a equipe de Luxemburgo teve o dia inteiro de folga.
O motivo da investigação foi uma declaração de Luciana Cabral, vendedora do Shopping Monalisa, à Rede Globo de Televisão, segundo a qual Ronaldo teria gasto pelo menos US$ 16 mil em compras em Ciudad del Este.
O problema teria sido sua entrada no Brasil sem o pagamento de imposto à Receita Federal.
O brasileiro que faz compras no Paraguai e entra em Foz do Iguaçu por terra pode trazer um valor que totalize, no máximo, US$ 150. O que exceder tal montante deve ser taxado em 50%.
Acompanhado de Nílton Petrone, o Filé, fisioterapeuta da seleção brasileira, Ronaldo foi ao Shopping Monalisa de carro, atravessando a ponte da Amizade, que une as duas cidades.
Mas, na volta para o Brasil, o meio de transporte foi um helicóptero da empresa Helisul.
Quando chegou a Foz, no Aeroporto Internacional das Cataratas, Ronaldo e Petrone, acompanhados de dois seguranças, passaram, de acordo com a Receita Federal, pela alfândega.
Como o atacante afirmou que não fizera compras no Paraguai e não estaria carregando bagagem, acabou sendo liberado. ""Foi feita a vistoria, mas como ele não tinha bagagem, pôde passar sem problemas", explicou Maria Angélica de Toledo Castro, delegada da Receita Federal em Foz do Iguaçu.
""Quando um helicóptero vem a Foz, somos avisados pelo DAC (Departamento de Aviação Civil). Quando ele (Ronaldo) chegou, foi feito um termo de visita aduaneiro, como é de praxe. Se estivesse com bagagem, teria de pagar 50% sobre o valor das compras que excedessem os US$ 500, que é o limite para quem entra via aérea."
Ontem, representantes da Receita estiveram no hotel em que a seleção está concentrada para pedir esclarecimentos. Eles se reuniram com a direção do Shopping Monalisa, com Ronaldo e membros da comissão técnica.
No hotel, Aref Hamoud, um dos donos do Monalisa, afirmou que Ronaldo gastou US$ 700. Segundo ele, notas das compras seriam apresentadas às autoridades alfandegárias do Brasil.
Demonstrando muita irritação, o atacante desmentiu o proprietário das lojas, negando que tivesse feito compras. ""Pergunte à Witte Fibe", respondeu o jogador, ao ser indagado pela Folha sobre suas supostas compras, referindo-se à jornalista Lilian Witte Fibe, da Globo, que comentou o episódio na emissora.
""Estou cansado de ficar desmentindo as mentiras que vocês inventam a meu respeito", desabafou. ""Se vocês dizem que eu comprei, vão ter de provar."
Mas a hipótese de que Ronaldo não usou dinheiro próprio nas compras não é descartada pela Receita. Ontem, uma funcionária da Monalisa passou-lhe uma informação de que as compras teriam sido pagas com dois cheques de Petrone. O fisioterapeuta, porém, não confirmou.
De qualquer forma, a Receita acredita que produtos comprados por Ronaldo ou outros membros da delegação tenham entrado por terra, nos carros emprestados à Confederação Brasileira de Futebol para o transporte dos jogadores, mesmo que o atacante tenha voltado de helicóptero. Neste caso, o jogador teria de pagar, além de 50% sobre o valor que excede os US$ 150 de limite, mais 25% de multa, segundo a Receita, por ter tentado burlar o Fisco.
Já pelo relógio de cerca de US$ 5.000 que Ronaldo teria dado a Petrone, que fez aniversário anteontem, o atacante diz que nada pagou. ""Foi um presente da nossa loja", confirmou Hamoud.
Para a Receita, no entanto, presente ou não, o imposto deveria ter sido pago quando o produto entrou no Brasil.


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