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TOSTÃO
Bons e guerreiros
Como há muita cumplicidade entre atletas, técnicos e fãs, São Paulo e Inter têm mais chances de vencer em casa
O SÃO PAULO, por ter mais experiência em finais e mais jogadores especiais, possui um
pouco mais de trunfos do que o Inter. Mas a palavra favorito só deveria
ser considerada quando a vantagem
for expressiva, o que não é o caso.
São Paulo e Inter têm estilos parecidos. São duas equipes guerreiras e
de boa técnica, mas Abel gosta mais
de variar a maneira de jogar. De
acordo com o adversário, o Inter
atua com dois ou três zagueiros, com
um ou dois volantes e com dois ou
três atacantes.
As duas equipes marcam por pressão, porém o São Paulo faz isso melhor por causa da qualidade dos seus
dois volantes. Com Tinga, que parece o Mineiro com os cabelos longos,
o Inter fica mais forte na marcação e
no ataque.
Após os primeiros 20 minutos do
jogo contra o Chivas, quando o time
mexicano poderia ter feito uns dois
gols, Josué e Mineiro passaram a alternar no apoio ao ataque, para evitar que sobrassem grandes espaços
entre os dois e os três zagueiros, como já acontecia em partidas anteriores.
O São Paulo costuma ter dois atacantes pelos lados (Leandro e Danilo) e mais um centroavante. Às vezes
o Inter faz o mesmo, com os velozes
e hábeis Rentería e Sóbis, além do
centroavante Fernandão.
Jogar com atacantes pelos lados,
para aproveitar os espaços nas costas dos alas, é uma ótima estratégia
para enfrentar times com três zagueiros. Isso obriga ao defensor sair
na lateral, onde costuma chegar
atrasado e/ou ser driblado. Outras
vezes, os três zagueiros se juntam
pelo meio e deixam espaços nas laterais. A distância entre uma linha lateral e outra é muito grande para
três defensores.
O São Paulo toca mais a bola e utiliza mais os cruzamentos da linha de
fundo do que o Inter, principalmente com Danilo -são excepcionais os
seus cruzamentos.
Já o Inter cruza muitas bolas da
intermediária, para aproveitar a altura e o talento do Fernandão nas
bolas altas.
O passe de cabeça do Fernandão
para os companheiros é uma das armas do time, que às vezes exagera
nessa jogada. As duas equipes são
também muito eficientes nas bolas
paradas.
Como existe muita afinidade e
cumplicidade entre jogadores, técnicos e torcidas, São Paulo e Inter
têm mais chances de vencerem em
seus estádios, o que levaria a decisão
para o saldo de gols ou para os pênaltis. Mas como o futebol costuma driblar a lógica, não será também surpresa se acontecer o contrário.
É melhor jogar a primeira em casa
ou fora? Há mais de 50 anos que
acompanho futebol e já ouvi milhares de explicações lógicas, com uma
ou outra preferência. Nenhuma me
convenceu da vantagem de jogar a
primeira dentro ou fora de casa. Como Raul Seixas já cantou, não tenho
também a obrigação de ter opinião
formada sobre tudo.
Demissão
A demissão do Oswaldo de Oliveira foi precipitada e injusta, já
que o Fluminense se mantém entre
os seis primeiros. Pelo elenco, era o
que se esperava. Em um campeonato longo e por pontos corridos, a
equipe tem de ser avaliada pela média de suas atuações e não apenas
pelos últimos jogos. Todas têm
bons e maus momentos.
A cobrança por bons resultados
precisa ser feita pelos patrocinadores, mas eles não podem interferir
na conduta do treinador, como reclamou o Oswaldo. Isso prejudica o
time.
Muitos torcedores e alguns jornalistas disseram que faltaram atitude e vibração ao time, que havia
briga entre os jogadores e que o Oswaldo não soube motivar os atletas.
Essas razões são sempre as mesmas para todos os times que perdem. Virou um clichê.
tostao.folha@uol.com.br
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