São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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TOSTÃO

Bons e guerreiros

Como há muita cumplicidade entre atletas, técnicos e fãs, São Paulo e Inter têm mais chances de vencer em casa

O SÃO PAULO, por ter mais experiência em finais e mais jogadores especiais, possui um pouco mais de trunfos do que o Inter. Mas a palavra favorito só deveria ser considerada quando a vantagem for expressiva, o que não é o caso.
São Paulo e Inter têm estilos parecidos. São duas equipes guerreiras e de boa técnica, mas Abel gosta mais de variar a maneira de jogar. De acordo com o adversário, o Inter atua com dois ou três zagueiros, com um ou dois volantes e com dois ou três atacantes.
As duas equipes marcam por pressão, porém o São Paulo faz isso melhor por causa da qualidade dos seus dois volantes. Com Tinga, que parece o Mineiro com os cabelos longos, o Inter fica mais forte na marcação e no ataque.
Após os primeiros 20 minutos do jogo contra o Chivas, quando o time mexicano poderia ter feito uns dois gols, Josué e Mineiro passaram a alternar no apoio ao ataque, para evitar que sobrassem grandes espaços entre os dois e os três zagueiros, como já acontecia em partidas anteriores.
O São Paulo costuma ter dois atacantes pelos lados (Leandro e Danilo) e mais um centroavante. Às vezes o Inter faz o mesmo, com os velozes e hábeis Rentería e Sóbis, além do centroavante Fernandão.
Jogar com atacantes pelos lados, para aproveitar os espaços nas costas dos alas, é uma ótima estratégia para enfrentar times com três zagueiros. Isso obriga ao defensor sair na lateral, onde costuma chegar atrasado e/ou ser driblado. Outras vezes, os três zagueiros se juntam pelo meio e deixam espaços nas laterais. A distância entre uma linha lateral e outra é muito grande para três defensores.
O São Paulo toca mais a bola e utiliza mais os cruzamentos da linha de fundo do que o Inter, principalmente com Danilo -são excepcionais os seus cruzamentos.
Já o Inter cruza muitas bolas da intermediária, para aproveitar a altura e o talento do Fernandão nas bolas altas.
O passe de cabeça do Fernandão para os companheiros é uma das armas do time, que às vezes exagera nessa jogada. As duas equipes são também muito eficientes nas bolas paradas.
Como existe muita afinidade e cumplicidade entre jogadores, técnicos e torcidas, São Paulo e Inter têm mais chances de vencerem em seus estádios, o que levaria a decisão para o saldo de gols ou para os pênaltis. Mas como o futebol costuma driblar a lógica, não será também surpresa se acontecer o contrário.
É melhor jogar a primeira em casa ou fora? Há mais de 50 anos que acompanho futebol e já ouvi milhares de explicações lógicas, com uma ou outra preferência. Nenhuma me convenceu da vantagem de jogar a primeira dentro ou fora de casa. Como Raul Seixas já cantou, não tenho também a obrigação de ter opinião formada sobre tudo.

Demissão
A demissão do Oswaldo de Oliveira foi precipitada e injusta, já que o Fluminense se mantém entre os seis primeiros. Pelo elenco, era o que se esperava. Em um campeonato longo e por pontos corridos, a equipe tem de ser avaliada pela média de suas atuações e não apenas pelos últimos jogos. Todas têm bons e maus momentos.
A cobrança por bons resultados precisa ser feita pelos patrocinadores, mas eles não podem interferir na conduta do treinador, como reclamou o Oswaldo. Isso prejudica o time.
Muitos torcedores e alguns jornalistas disseram que faltaram atitude e vibração ao time, que havia briga entre os jogadores e que o Oswaldo não soube motivar os atletas. Essas razões são sempre as mesmas para todos os times que perdem. Virou um clichê.


tostao.folha@uol.com.br

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