São Paulo, domingo, 9 de agosto de 1998

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TÊNIS
Empresário planeja lançar filmes com jogadores e inovar transmissão de partidas do circuito profissional em 99
Musa teen seduz e conquista Hollywood

Reuters
A tenista russa Anna Kournikova, 17, que pode estrear em cinema e TV após acordo com a Associação das Mulheres Tenistas


FERNANDA PAPA
da Reportagem Local

O empresário de entretenimento Arnon Milchan, israelense radicado em Los Angeles e Paris, planeja colocar musas do tênis, como Steffi Graf, Martina Hingis e Anna Kournikova, na TV e no cinema.
Milchan, 53, que defende a união entre esporte e entretenimento, já fechou um contrato com a WTA (Associação das Mulheres Tenistas), equivalente à ATP no masculino (leia texto nesta página).
Ele é dono da produtora independente New Regency -responsável por filmes como "Cidade dos Anjos", ainda em cartaz no Brasil, e "JFK", entre outros- e detém de 25% das ações da Puma, fabricante de material esportivo.
Os acordos de Milchan também tornaram a Puma uma das patrocinadoras oficiais da WTA, ao lado da empresa Corel, fabricante de programas de computador.
A parceria com o tênis feminino começa em 99, tem duração de cinco anos -renováveis por mais quatro- e resultou de uma paixão antiga de Milchan e de um projeto de marketing ambicioso, que renderá milhões de dólares para seu bolso e para o da WTA.
Mais do que realizar um sonho dos fãs do tênis feminino, ele investirá em personagens atraentes e bem-sucedidas que despertam o interesse até de quem não sabe o que é um ace ou uma dupla falta.
"Se estivéssemos falando do tênis de 15 anos atrás, eu estaria buscando Jimmy Connors e John McEnroe, as figuras mais divertidas desse esporte naquele tempo. Mas agora é a vez das mulheres, minha paixão, principalmente por causa das teens", disse Milchan por telefone, dos EUA, à Folha.
Durante o Aberto dos EUA, que começa dia 31, em Nova York, Milchan pretende iniciar um de seus projetos. "Vou aproveitar que todas as meninas estarão reunidas no torneio e falaremos da produção de um documentário sobre o tênis feminino", disse.
"A idéia é mostrar que a vida de tenista não é fácil, mas é mais divertida do que difícil. Vamos pegar imagens de arquivo das próprias jogadoras, organizar a trajetória de tenistas de sucesso, com imagens delas em momentos dentro e fora do esporte", afirmou.
Segundo o empresário, a produção do documentário, que poderá sair em vídeo ou como um programa especial para um canal de televisão a cabo, como a HBO, deve durar cerca de seis meses.
"Queremos levar isso aos fãs no ano que vem", declarou Milchan, que também pretende fazer mostras especiais em cinemas.
Exibir curtas-metragens com as tenistas, antes dos longas que produz, também é uma opção.
"Mas sei que será mais difícil porque há países que só permitem dois ou três minutos antes da atração principal. Ainda temos que encontrar o formato ideal."
A Regency já havia comprado, em maio, os direitos de TV dos torneios da WTA e pretende dar cara nova às transmissões. Segundo Milchan, nenhum canal brasileiro foi contatado, ainda, para exibir a temporada de 99.
"As tenistas mulheres deixarão de ser "papel de parede' - só tapando buracos- nas emissoras de televisão. Entrarão em horário nobre, concorrendo com os homens", afirmou o empresário, ao declarar que atualmente as partidas são exibidas na madrugada.
No exterior, os telespectadores também poderão ver imagens mais ousadas das quadras, com novas câmeras e novos ângulos.
Uma das outras idéias de Milchan é convidar estrelas de cinema e do tênis como comentaristas.
"O que achariam do Brad Pitt falando com John McEnroe sobre o jogo da Anna Kournikova? O contato com o ator eu já tenho. E o Jack Nicholson, não seria interessante também?", sugere Milchan.
Segundo ele, o canal europeu Eurosport, por exemplo, assinou contrato de seis anos com a Regency para exibir em 45 países, a partir do próximo ano, 300 horas de tênis feminino por temporada.
"Até este ano, eles tinham zero hora de tenistas mulheres em sua programação, contra 700 horas dos homens", disse Milchan.
"Ganhamos em torno de US$ 5 milhões por ano com direitos de televisão. Posso dizer que os valores serão bem mais altos que esses a partir do ano que vem", afirmou Bart McGuire, o secretário-executivo da WTA, uma espécie de presidente da entidade.



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