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Carreira de Teixeira na Fifa leva CBF a inaugurar em Manaus estratégia de marcar jogos confortáveis aos adversários ao mesmo tempo que tenta saciar aliados
Por irmãos e hermanos, seleção abre giro pelo país
FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Local de Brasil x Equador, amanhã à noite, Manaus é o ponto de
partida da maior caravana da seleção pelo país na história das eliminatórias, na qual o time pentacampeão deverá ser visto em nove
cidades diferentes. Mas o compromisso da CBF em afagar tantos aliados vem, desta vez, acompanhado de uma preocupação suplementar: agradar também aos
adversários sul-americanos.
Única confederação liberada
pela Conmebol, a entidade continental, a mandar seus jogos onde
quiser (a "extensão territorial" foi
a alegação para a regalia), a CBF
agirá nos bastidores dentro e fora
de casa, no que o presidente Ricardo Teixeira definiu à Folha como "política de boa vizinhança".
A artimanha consiste em marcar os jogos da seleção para cidades que não sejam tão distantes
do país adversário nem tenham
climas tão díspares deste. Assim,
o Equador foi contemplado com
o jogo na capital amazonense. Na
outra partida já marcada para o
Brasil, o Uruguai atuará em Curitiba, em 19 de novembro.
E a idéia é que assim seja durante a maior parte das eliminatórias,
que se estendem até 2005. A exceção deve ocorrer com jogos no
Nordeste, região bem distante da
maioria dos rivais.
A estratégia tem um objetivo
claro, embora não assumido: enquanto paga aos aliados internos
os votos de sua recente reeleição
na CBF, Teixeira mira 2006, quando termina seu mandato no Comitê Executivo da Fifa. Para se
manter no órgão deliberativo da
entidade, precisará dos votos das
confederações sul-americanas
-que elegem por conta própria
os seus integrantes no fórum.
Nessa caminhada, não interessa
ao cartola comprar brigas.
Mas, considerando a expectativa dos seus partidários no Brasil,
deverá desagradar muita gente
por aqui. Isso porque há bem
mais interessados do que jogos.
Fora os de Manaus e Curitiba, são
mais sete, em locais ainda indefinidos. É certo que haverá um no
Rio e outro em São Paulo -e sobram cinco. Há, porém, pelo menos mais dez Estados que juram
ter a garantia, ou ao menos a disposição, de Teixeira de levar os
pentacampeões ao seu recanto.
"Todo mundo reivindica, mas
eu já tenho combinado com o Ricardo um jogo aqui. Só falta acertar o adversário, mas já está certo", disse Wilson da Silveira, da
Federação Goiana.
Ocorre que a vizinha Brasília
também sonha em receber a seleção. "Solicitei um jogo aqui, e ele
[Teixeira] disse que iria estudar.
O ministro [do Esporte, Agnelo
Queiroz] é de Brasília, o presidente [Lula], que adora futebol, está
aqui. Fui o chefe da delegação [na
Copa-02]. Tudo isso vai somando", aposta Wéber Magalhães, da
federação do DF e vice eleito da
CBF para o Centro-Oeste.
Fortaleza, a primeira a receber o
time pentacampeão após a volta
da Ásia, espera ser contemplada
de novo. "Aquilo [jogo contra o
Paraguai em agosto de 2002] era
amistoso, não conta. Valendo pela Copa é outra coisa. Já conversei
com Ricardo, e há a possibilidade
de haver um jogo aqui", afirmou
Fares Lopes, da Federação Cearense, que elenca entre os seus
trunfos o fato de o Fortaleza liderar o público do Brasileiro.
Rio Grande do Sul e Maranhão,
dos vices eleitos da CBF Emídio
Perondi e Fernando Sarney, dão
como certo que terão um jogo.
Até os atletas entram no lobby.
O carioca Ronaldo defendeu que
a partida com a Argentina seja no
Maracanã. "Já joguei com eles lá e
perdi, queria revanche. Pena que
jogador não decide isso."
Nas últimas eliminatórias, a
Conmebol determinou que o Brasil só jogasse no Rio e em São Paulo. O time foi vaiado em ambas.
Coincidência ou não, a entidade
relaxou a ordem, aceitando justificativa da CBF de que o racionamento de energia impediria jogos
nas duas maiores capitais. E a seleção -que até ali só atuara três
vezes fora do Rio ou São Paulo na
história das eliminatórias- fez
suas três últimas partidas em Porto Alegre, Curitiba e São Luís.
Novas companhias
O próprio jogo contra o Equador marca a aproximação da CBF
com políticos e dirigentes dos
quais mantinha distância até
aqui. O ministro Agnelo Queiroz
(Esporte), que se encontrou pela
primeira vez com Teixeira na semana passada, foi convidado pelo
cartola e vai amanhã no Vivaldão.
A Federação Paulista, rival da
confederação nos últimos anos,
tem seu presidente, Marco Polo
del Nero, como chefe da delegação em Manaus.
Colaborou Paulo Cobos, enviado especial a Manaus
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