São Paulo, quinta-feira, 09 de setembro de 2010

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JUCA KFOURI

Melhor coadjuvante


Esperava-se mais da nossa seleção de basquete no Mundial turco. Mas é inegável que se progrediu


O PRÊMIO de melhor coadjuvante, no cinema, é disputado com quase a mesma avidez que o de melhor atriz ou ator, pois, quando o elenco é escolhido, já se sabe que papel caberá a cada um.
O Mundial de basquete em curso na Turquia também tinha, antes de começar, os indicados para ser protagonistas, coadjuvantes e meros figurantes. Para o mundo em geral, dadas as competições mais recentes, ao outrora protagonista basquete brasileiro, bicampeão mundial e medalhista olímpico de bronze, estava reservado o papel de figurante.
Na América do Sul, em razão de fatos recentes, entre eles a contratação do vitorioso técnico argentino Rubén Magnano, esperava-se mais, quem sabe até o desempenho de bom coadjuvante. E no Brasil, otimistas que somos, especulava-se sobre a possibilidade de um certo protagonismo, nada que levasse ao título. Quem sabe, a um sexto lugar.
Pois eis que nenhuma das expectativas se cumpriu, porque a seleção não se limitou a ser figurante e ficou longe do protagonismo, embora tenha sido mais que boa coadjuvante, pois desempenhou mesmo o melhor papel secundário até aqui em Istambul. E basicamente porque, além da renhida disputa com os argentinos, foi a única a vender caro a derrota para os EUA.
Mas, tanto numa quanto noutra, faltou o protagonista. Alguém como Luís Scola, capaz de jogar por ele e pelo ausente Ginóbili. Não, Scola não é um virtuoso, é apenas monstruoso.
Porque foi ele quem não permitiu, em todos os momentos nos quais o jogo parecia fugir da Argentina, que o Brasil folgasse no placar. E pediu a bola, e recebeu-a e meteu-a na cesta certa, na hora certa.
Por mais que o Brasil tivesse em Marcelinho Huertas uma atuação inesquecível, ele não é, pelo menos ainda não é, o cara, o que faz a diferença na hora agá. Como Lionel Messi é, com os pés.
E aqui se fala dele porque no mesmo dia 7 de setembro, minutos depois do show de Scola, Messi mostrou à sua gente, com a camisa argentina e contra boa parte de seus companheiros de Barcelona, em pleno Monumental de Nuñez e com ar de protagonista, que a ela pertence por inteiro.
E Sergio Batista, com Zanetti e Cambiasso, mostrou a Diego Maradona o que Mano Menezes mostrou a Dunga com Ganso e Neymar.
Só que como o time de Mano apenas treinava na Espanha, enquanto o de Batista goleava os campeões mundiais e Scola e cia. eliminavam o nosso basquete, o Dia da Independência virou o dia do esporte argentino. Deu inveja. De coadjuvante.

blogdojuca@uol.com.br


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