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São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2003

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FUTEBOL

Chato para quem?

SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA

Muitos criticam os pontos corridos porque o campeonato está chato.
Chato para quem? Para Cruzeiro, Santos, Coritiba, Atlético-MG, Inter, São Caetano e Criciúma, por exemplo, não está. Nem para Guarani e Corinthians, se ainda puderem sonhar com a Libertadores. Sem falar que um clássico (contra a Ponte e o São Paulo, respectivamente) sempre tem graça.
Para o São Paulo, o Brasileiro também deveria estar bom. Mas a torcida tricolor, todos sabem, costuma amarelar. Não resiste à mínima pressão, ao menor contratempo... Estoura que nem pipoca diante de qualquer dificuldade.
O São Caetano segue na sua toada. É um time que teve muitos simpatizantes em sua corajosa escalada em 2000, mas tem pouca torcida. Tanto que muitos acharam que a final de 2001 -mata-mata, lembram?- era o cúmulo da sem-gracice. O símbolo da decadência do futebol brasileiro.
Essa avaliação era o cúmulo do desrespeito, isso sim, com dois times vibrantes e eficazes -Azulão e Atlético-PR- cujo pecado era não ter torcida no Brasil inteiro.
Quer dizer, o mata-mata é interessante se e somente se envolver times de projeção nacional, senão também vão dizer que é chato.
O campeonato é enfadonho para Juventude, Fortaleza, Bahia, Fluminense, Grêmio? Não exatamente. Pode ser ruim, mas na posição em que se encontram o campeonato seria "emocionante" de qualquer jeito.
E até na desgraça, ou na iminência de uma, é possível uma alegria, como a goleada do Juventude no Corinthians com direito a passe de letra e outras coisinhas bonitas.
Este Brasileirão pode ser chato às vezes para o Vitória, mas não quando ele ganha de todos os times do Sul de uma tacada só. Também não é chato para o Paysandu quando o time joga em casa (a menos que o resultado vá para o lixo por causa de algum problema político-administrativo). Nem para o Bahia, quando faz três no Vasco. Nem para os times do Paraná, quando goleiam o Flamengo.
Ponte e Figueirense podem não estar muito felizes agora, mas podem se orgulhar da ascensão que tiveram algum tempo atrás. Não tão espantosa quanto a do Goiás, mas capaz de dar a mesma esperança de que aconteça outra vez. É só continuar jogando.
Já Flamengo e Vasco não têm muito com que se animar. Até as recuperações momentâneas parecem incapazes de dar um alento. Com times assim, não há fórmula que resista -torcer fica chato.
 
Juca Kfouri chamava a atenção anteontem, na CBN, para o fato de a Série C classificar um time perdedor nos mata-matas da quarta fase. Jogam 14 times e classificam-se oito: os sete vencedores mais o perdedor com melhor campanha até ali. Como se isso já não fosse bizarro o suficiente, quero ver como vão definir "melhor campanha", já que na primeira fase havia grupos com três e outros com quatro times. Vai ser fácil comparar os desempenhos?

Lamentável
Semanas atrás, vi uma reportagem linda com o Joaquim Cruz em mais uma edição deliciosa do "Grandes Momentos do Esporte". Na mesma hora, pensei em protestar contra os jornais: a crise da TV Cultura é escandalosa e precisa ser noticiada, mas por que a Cultura só é notícia em função dos seus problemas? Mesmo na pindaíba, a TV ainda tem programas muito bons, entre eles: "Caminhos e Parcerias", "Jornal da Cultura", "Metrópolis", "Provocações", "Repórter Eco", "As Faces do Mundo" (nesta semana, mostrando experiência bem-sucedida em um sítio do MST) e o suculento "Grandes Momentos do Esporte". Aí a Cultura vem e extingue o programa -porque não tem lugar na grade e sei lá mais o quê. Desisto.

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soninha.folha@uol.com.br


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