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FUTEBOL
Chato para quem?
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Muitos criticam os pontos corridos porque o campeonato está chato.
Chato para quem? Para Cruzeiro, Santos, Coritiba, Atlético-MG,
Inter, São Caetano e Criciúma,
por exemplo, não está. Nem para
Guarani e Corinthians, se ainda
puderem sonhar com a Libertadores. Sem falar que um clássico
(contra a Ponte e o São Paulo, respectivamente) sempre tem graça.
Para o São Paulo, o Brasileiro
também deveria estar bom. Mas a
torcida tricolor, todos sabem, costuma amarelar. Não resiste à mínima pressão, ao menor contratempo... Estoura que nem pipoca
diante de qualquer dificuldade.
O São Caetano segue na sua
toada. É um time que teve muitos
simpatizantes em sua corajosa escalada em 2000, mas tem pouca
torcida. Tanto que muitos acharam que a final de 2001 -mata-mata, lembram?- era o cúmulo
da sem-gracice. O símbolo da decadência do futebol brasileiro.
Essa avaliação era o cúmulo do
desrespeito, isso sim, com dois times vibrantes e eficazes -Azulão
e Atlético-PR- cujo pecado era
não ter torcida no Brasil inteiro.
Quer dizer, o mata-mata é interessante se e somente se envolver
times de projeção nacional, senão
também vão dizer que é chato.
O campeonato é enfadonho para Juventude, Fortaleza, Bahia,
Fluminense, Grêmio? Não exatamente. Pode ser ruim, mas na posição em que se encontram o
campeonato seria "emocionante"
de qualquer jeito.
E até na desgraça, ou na iminência de uma, é possível uma
alegria, como a goleada do Juventude no Corinthians com direito a
passe de letra e outras coisinhas
bonitas.
Este Brasileirão pode ser chato
às vezes para o Vitória, mas não
quando ele ganha de todos os times do Sul de uma tacada só.
Também não é chato para o Paysandu quando o time joga em casa (a menos que o resultado vá
para o lixo por causa de algum
problema político-administrativo). Nem para o Bahia, quando
faz três no Vasco. Nem para os times do Paraná, quando goleiam
o Flamengo.
Ponte e Figueirense podem não
estar muito felizes agora, mas podem se orgulhar da ascensão que
tiveram algum tempo atrás. Não
tão espantosa quanto a do Goiás,
mas capaz de dar a mesma esperança de que aconteça outra vez.
É só continuar jogando.
Já Flamengo e Vasco não têm
muito com que se animar. Até as
recuperações momentâneas parecem incapazes de dar um alento.
Com times assim, não há fórmula
que resista -torcer fica chato.
Juca Kfouri chamava a atenção
anteontem, na CBN, para o fato
de a Série C classificar um time
perdedor nos mata-matas da
quarta fase. Jogam 14 times e classificam-se oito: os sete vencedores
mais o perdedor com melhor
campanha até ali. Como se isso já
não fosse bizarro o suficiente,
quero ver como vão definir "melhor campanha", já que na primeira fase havia grupos com três
e outros com quatro times. Vai ser
fácil comparar os desempenhos?
Lamentável
Semanas atrás, vi uma reportagem linda com o Joaquim Cruz
em mais uma edição deliciosa
do "Grandes Momentos do Esporte". Na mesma hora, pensei
em protestar contra os jornais:
a crise da TV Cultura é escandalosa e precisa ser noticiada,
mas por que a Cultura só é notícia em função dos seus problemas? Mesmo na pindaíba, a TV
ainda tem programas muito
bons, entre eles: "Caminhos e
Parcerias", "Jornal da Cultura",
"Metrópolis", "Provocações",
"Repórter Eco", "As Faces do
Mundo" (nesta semana, mostrando experiência bem-sucedida em um sítio do MST) e o
suculento "Grandes Momentos
do Esporte". Aí a Cultura vem e
extingue o programa -porque
não tem lugar na grade e sei lá
mais o quê. Desisto.
E-mail
soninha.folha@uol.com.br
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