São Paulo, segunda-feira, 09 de outubro de 2006

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JUCA KFOURI

Melhor ainda para o São Paulo



O Santos fez sua parte ao derrotar o Grêmio; melhor, para o São Paulo, só mesmo um empate na Vila Belmiro
O SÃO Paulo ganhou do Fluminense como era previsível. E sem correr maiores riscos no Maracanã, a não ser quando, estranhamente, quis fazer o terceiro gol no fim do jogo em vez de manter a posse de bola, o que acabou por acarretar em um susto bem afastado por Rogério Ceni.
O triunfo tricolor obrigou que Santos e Grêmio tratassem de buscar a qualquer custo a vitória na Vila, mesmo repletos de desfalques.
As ausências de Maldonado e Zé Roberto, de um lado, e de Lucas e Léo Lima, do outro, foram evidentemente sentidas, mas não a ponto de tornar o jogo enfadonho.
Pelo contrário, o Santos tratou de comandar o ritmo da partida desde sempre e até fazer o 1 a 0, com Domingos, correu apenas uma vez o risco de sofrer um gol, além de ter sido vítima de dois erros de arbitragem -um pênalti não marcado e um impedimento mal assinalado.
Hugo, que era o mais perigoso dos gremistas, facilitou as coisas para o Santos ao sair expulso de campo com Domingos.
O Santos fez sua parte e assumiu a vice-liderança, o que é muito para a qualidade de seu elenco turbinado por Vanderlei Luxemburgo que, diga-se, até anda mais maduro e aparentemente disposto a melhorar sua imagem pública.
Aos adversários do São Paulo resta apostar nos dois confrontos do líder no Olímpico e na Vila Belmiro para diminuir uma diferença que se afigura quase insuperável.
Mas como nem mesmo o tricolor tem um time de sonhos, tudo é possível, embora muito improvável.

Parques opostos
Enquanto um Parque, o Antarctica, respira aliviado com a exibição de Edmundo e a categórica vitória diante do Flamengo, o outro, o São Jorge, vive uma situação pior do que se imagina.
Porque não só a crise da parceria que está longe de ser resolvida como o que mais se temia está em vias de acontecer: as autoridades do país estão perto de chegar à uma conclusão sobre a MSI e não é à toa que Kia Joorabchian continua fora do Brasil. A repentina saída de Tevez e Mascherano ("retirada apressada de ativos") faz parte da confusa situação em que o Corinthians está metido, razão pela qual a volta ao grupo dos rebaixados passa a ser o menor dos problemas do alvinegro. Vem coisa pior por aí.

Filme impecável
Vencedor pelo júri popular do recém-encerrado Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, entrará em cartaz no próximo dia 2 de novembro, feriado, em circuito nacional, o filme "O ano em que meus pais saíram de férias", de Cao Hambuger, diretor do festejado "Castelo Rá-Tim-Bum".
Conta a história de um menino de 12 anos, louco por futebol, filho de pai judeu e mãe católica, ambos militantes contra a ditadura militar brasileira, nas vésperas e durante a Copa de 1970, a do tri.
Raras vezes o cinema brasileiro produziu obra tão sensível, delicada, solidária e politicamente irrepreensível para a compreensão daquele período de chumbo e sobre a importância do futebol para nós.
Os pais, que viviam no interior de Minas, têm de fugir da polícia e deixam o menino na porta do edifício onde mora o avô paterno que, no entanto, acaba por não poder recebê-lo. Ele, então, é adotado pelos judeus e italianos do bairro do Bom Retiro, em São Paulo.
Com graça e drama, a história se desenrola tendo a Copa como pano de fundo e mostra uma esquerda que se confundia entre torcer pelo "socialismo" (na comemoração do gol da Tchecoslováquia contra o Brasil, por exemplo) ou pela seleção brasileira. Que prevalece.
Obra prima!

blogdojuca@uol.com.br


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