São Paulo, sexta-feira, 09 de outubro de 2009

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Gasto da Rio-16 vaza, e Paes chia

Prefeito repreende assessores por publicação precipitada de estimativa de custo de obra dos Jogos

No dia em que lançou o site Transparência Olímpica, governante admite haver possibilidade de estouro no orçamento do evento

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), prometeu tornar público o contrato assinado com o COI (Comitê Olímpico Internacional), mas repreendeu assessores que puseram na internet estimativas de gastos em obras dos Jogos de 2016.
Paes declarou que publicará o contrato na internet "com comentários", para dividir as garantias governamentais dadas juntamente com as esferas estadual e federal. O prefeito da sede olímpica é a única autoridade pública a assinar o contrato, assumindo todos os compromissos governamentais.
Segundo ele, o contrato será divulgado após a visita do COI à capital fluminense, no fim do mês. O documento é assinado entre o COI, o comitê organizador local e o prefeito da cidade- -sede. A divulgação depende do órgão organizador. Pequim e Londres, sedes das Olimpíadas de 2008 e 2012, respectivamente, não divulgaram.
A divulgação será feita pelo site Transparência Olímpica (www.transparenciaolimpica.com.br), para que o público possa acompanhar os gastos com os Jogos. Lançado ontem, o site ainda estava incompleto.
A página, no entanto, vai publicar só gastos com contratos assinados após licitação, embora o dossiê enviado ao COI fizesse estimativa do orçamento olímpico -um total de R$ 25,9 bilhões. O prefeito chegou a repreender publicamente assessores que divulgaram estimativas na versão inicial apresentada à imprensa ontem.
"Se tivesse passado por mim, eu teria feito esses ajustes", disse, sobre a estimativa de R$ 1,7 bilhão para a construção da Ligação C, pista a ser usada por ônibus articulados que vai ligar a Barra da Tijuca a Deodoro.
À tarde, os custos estavam com o termo "a definir", inclusive o do programa de recuperação da bacia de Jacarepaguá, que, segundo o próprio prefeito, já "está fechado".
"Quando [o custo] estiver fechado, com detalhamento, vamos divulgar. A proposta [enviada ao COI] tem uma previsão." Questionado pela reportagem se o custo real poderá subir, ele disse: "Ou diminuir".
Paes não criticou o estouro no orçamento dos Jogos Pan-Americanos de 2007, promovidos pelo ex-prefeito Cesar Maia (DEM), seu rival político. O peemedebista afirmou que o projeto foi modificado após o Rio ser declarado a sede do Pan, o que provocou o aumento de custo -foram gastos no total R$ 3,7 bilhões, 793% a mais que o inicialmente estimado.
"Não estou dizendo que não tenha havido problemas e que as pessoas tenham, eventualmente, cometido irregularidades. Se cometeram, paguem pelos seus pecados. Mas a verdade é que a proposta original era mais tímida do que a que foi executada. Isso não é superfaturamento, é um "upgrade" que o projeto teve", falou Paes.
Auditoria do Tribunal de Contas da União nos gastos do Pan detectou indícios de irregularidades na execução de contrato e convênio do Ministério do Esporte. Diretores do governo federal foram condenados a devolver R$ 2,7 milhões aos cofres públicos.
O prefeito do Rio afirmou que o investimento na Olimpíada pode ser maior do que o previsto, desde que as obras também sejam ampliadas.
"Se acontecerem mais coisas do que estava na proposta, o custo pode aumentar, se considerar tudo como gasto na Olimpíada. Aumentar [o custo] só fazendo o que está previsto é ruim. Mas eu quero que mais coisa aconteça no Rio do que está no projeto da Olimpíada."


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