|
Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Quiroga, que defendeu o Peru na goleada de 6 a 0 para a Argentina, diz estar "seguro" de que houve suborno
Ex-goleiro admite fraude na Copa-78
das agências internacionais
O ex-goleiro Ramón Quiroga,
que defendeu a seleção peruana na
Copa do Mundo de 78, na Argentina, declarou ontem estar "seguro
de que alguém ganhou" dinheiro
quando sua seleção foi goleada por
6 a 0 pela equipe anfitriã.
Quiroga, argentino que ganhou
nacionalidade peruana, tornou-se
historicamente o grande acusado
pelo placar devido à sua origem.
Com o resultado, a Argentina,
que precisava vencer o Peru por
quatro gols de diferença, avançou
à decisão e conquistou seu primeiro título mundial ao bater a Holanda na final.
O resultado diante do Peru tirou
as chances de a seleção brasileira ir
à final. O Brasil, que empatou sem
gols com a Argentina, vencera os
peruanos por 3 a 0, e foi disputar o
terceiro lugar contra a Itália.
"Naquele 6 a 0 vimos coisas raras", disse Quiroga em entrevista
ao jornal "La Nación", no Peru,
onde reside até hoje.
O ex-goleiro disse que "desconfiava" de Manzo (Rodolfo), que no
ano seguinte foi jogar no Vélez
Sarsfield. "Isso foi escandaloso. Ou
seja, eu penso que há um Deus e
que Deus castiga."
"Creio que todos os que ganharam pegaram dinheiro...dos que
falam que pegaram dinheiro, vários morreram e outros morreram
para o futebol", afirmou Quiroga,
que jogou pelo Peru também na
Copa de 82, na Espanha.
Atualmente dirigindo o Municipal, modesta equipe peruana, Quiroga acusou especialmente Roberto Rojas de estar vendido.
"Nessa partida jogou Rojas, um
tipo que nunca havia jogado. Ele
morreu em um acidente. Jogaram
uma bomba em mim em um estádio e eu não morri. Marcos Calderón (técnico do Peru na ocasião)
caiu com um avião e morreu", disse Quiroga.
O ex-goleiro recordou que Manzo, no segundo gol da Argentina
marcou Tarantini, "se agachou e o
deixou sozinho".
"Era um bom jogador, mas não o
queríamos. Vimos coisas raras e
dissemos a Marcos Calderón no
intervalo que o trocasse. E não somente eu disse, mas como também
Chumpitaz (zagueiro do time)",
disse Quiroga.
Um forte indício de que houve algo errado no jogo contra a Argentina foi a escalação de jogadores
que não vinham atuando no time.
"Nessa partida atuaram jogadores que não haviam estado em nenhum outro jogo. Jogou Gorriti,
que deu de presente o quarto ou o
quinto gol, jogou Manzo, jogou
Rojitas", afirmou o ex-goleiro.
Quiroga especula que os militares argentinos teriam subornado
seus companheiros de equipe.
Segundo o ex-jogador, "antes da
partida ou no intervalo" foram ao
vestiário peruano membros da
Junta Militar da Argentina, país
que era presidido na época pelo general Jorge Videla.
Nos últimos anos, publicações
esportivas argentinas vêm mencionando fatos estranhos relacionados à partida. Quiroga, porém, é
o primeiro envolvido no episódio a
levantar suspeitas de suborno.
Próximo Texto | Índice
|