São Paulo, domingo, 9 de novembro de 1997.



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FUTEBOL
Time carioca consegue quebrar um jejum de cinco anos ao passar à segunda fase do Campeonato Brasileiro
Estilo Autuori leva o Flamengo às finais

SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio

O técnico Paulo Autuori, 41, é o principal responsável pela classificação do Flamengo à segunda fase do Campeonato Brasileiro.
Reservado e de poucas palavras, o treinador conseguiu impor o seu estilo sóbrio ao time, que chega à fase final da competição depois de cinco anos de jejum.
"Sei das limitações dos jogadores, mas decidi apostar no coletivo para ter sucesso", disse Autuori, que, neste período à frente da comissão técnica, venceu 16 partidas, perdeu apenas 2 e tem 41 pontos neste Brasileiro.
O treinador é uma verdadeira unanimidade na Gávea. Jogadores, torcedores e dirigentes não poupam elogios a ele.
"Posso garantir que, nestes quase três anos comandando o clube, a contratação do Autuori foi uma das melhores atitudes que tomei no futebol profissional", garante o presidente Kleber Leite, que já havia contratado anteriormente seis técnicos para comandar o time.
O entusiasmo de Leite é tão grande que o dirigente quer renovar o contrato, que terminará apenas em julho, antes do fim do ano. "Gosto de cumprir todos os contratos até o final e preferi manter o compromisso", diz o técnico.
Autuori é o terceiro treinador do Flamengo neste ano. Ele substituiu Sebastião Rocha, que deixou o time em crise, próximo à zona de rebaixamento.
A contratação de Autuori foi circunstancial. Ele era uma das únicas opções no mercado quando Rocha deixou o cargo.
Na ocasião, Autuori havia deixado o Cruzeiro logo após conquistar o título da Libertadores.
A decisão de deixar o clube mineiro foi uma demonstração da personalidade forte do treinador, que descartou a possibilidade de disputar o título interclubes, em Tóquio, no fim do ano, para não se submeter a interferências de dirigentes no seu trabalho.
"Houve uma séria divergência de idéias e de caráter com o diretor de futebol, José Moraes, e preferi sair ", conta Autuori.
Há quase 20 anos no futebol, o treinador começou treinando equipes pequenas. O início da carreira foi na Portuguesa do Rio, time que atualmente disputa a segunda divisão do estadual. Na época, ele era preparador físico.
O reconhecimento veio no caminho oposto aos trilhados pelos principais nomes do futebol brasileiro. Ele começou a se destacar em Portugal na década de 80.
Autuori foi campeão português da segunda divisão pelo Nacional, da Ilha da Madeira, em 87. Em 89, ele conseguiu classificar o Vitória de Guimarães para a Copa da Uefa, após levar o time à terceira colocação no campeonato nacional.
"Lá, consegui colocar minhas convicções em prática e desenvolver o meu trabalho", diz.
Apesar do sucesso fora do país, ele só foi reconhecido no Brasil em 1995, quando assumiu o Botafogo.
O sucesso não demorou. Seis meses depois de Autuori assumir o comando da comissão técnica, o Botafogo conquistou o inédito título de campeão brasileiro.
Depois disso, ele voltou a Portugal para comandar o Benfica, mas não teve sucesso.
Sua experiência no futebol europeu já pode ser percebida no time do Flamengo. Depois de a equipe carioca ter conquistado a vaga para a segunda fase com duas rodadas de antecedência, Autuori decidiu montar um esquema "à européia" -o 3-5-2, com três zagueiros, cinco jogadores no meio-de-campo e dois atacantes.
"Agora que estou conhecendo melhor os jogadores, decidi armar o time da forma que gosto."
No novo esquema, a função de líbero será exercida por Júnior Baiano ou Juan. Fábio Baiano e Athirson jogarão como alas.



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