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FUTEBOL
Time carioca consegue quebrar um jejum de cinco anos ao passar à segunda fase do Campeonato Brasileiro
Estilo Autuori leva o Flamengo às finais
SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio
O técnico Paulo Autuori, 41, é o
principal responsável pela classificação do Flamengo à segunda fase
do Campeonato Brasileiro.
Reservado e de poucas palavras,
o treinador conseguiu impor o seu
estilo sóbrio ao time, que chega à
fase final da competição depois de
cinco anos de jejum.
"Sei das limitações dos jogadores, mas decidi apostar no coletivo
para ter sucesso", disse Autuori,
que, neste período à frente da comissão técnica, venceu 16 partidas,
perdeu apenas 2 e tem 41 pontos
neste Brasileiro.
O treinador é uma verdadeira
unanimidade na Gávea. Jogadores, torcedores e dirigentes não
poupam elogios a ele.
"Posso garantir que, nestes quase três anos comandando o clube,
a contratação do Autuori foi uma
das melhores atitudes que tomei
no futebol profissional", garante o
presidente Kleber Leite, que já havia contratado anteriormente seis
técnicos para comandar o time.
O entusiasmo de Leite é tão grande que o dirigente quer renovar o
contrato, que terminará apenas
em julho, antes do fim do ano.
"Gosto de cumprir todos os contratos até o final e preferi manter o
compromisso", diz o técnico.
Autuori é o terceiro treinador do
Flamengo neste ano. Ele substituiu
Sebastião Rocha, que deixou o time em crise, próximo à zona de rebaixamento.
A contratação de Autuori foi circunstancial. Ele era uma das únicas opções no mercado quando
Rocha deixou o cargo.
Na ocasião, Autuori havia deixado o Cruzeiro logo após conquistar o título da Libertadores.
A decisão de deixar o clube mineiro foi uma demonstração da
personalidade forte do treinador,
que descartou a possibilidade de
disputar o título interclubes, em
Tóquio, no fim do ano, para não se
submeter a interferências de dirigentes no seu trabalho.
"Houve uma séria divergência
de idéias e de caráter com o diretor
de futebol, José Moraes, e preferi
sair ", conta Autuori.
Há quase 20 anos no futebol, o
treinador começou treinando
equipes pequenas. O início da carreira foi na Portuguesa do Rio, time que atualmente disputa a segunda divisão do estadual. Na época, ele era preparador físico.
O reconhecimento veio no caminho oposto aos trilhados pelos
principais nomes do futebol brasileiro. Ele começou a se destacar em
Portugal na década de 80.
Autuori foi campeão português
da segunda divisão pelo Nacional,
da Ilha da Madeira, em 87. Em 89,
ele conseguiu classificar o Vitória
de Guimarães para a Copa da Uefa,
após levar o time à terceira colocação no campeonato nacional.
"Lá, consegui colocar minhas
convicções em prática e desenvolver o meu trabalho", diz.
Apesar do sucesso fora do país,
ele só foi reconhecido no Brasil em
1995, quando assumiu o Botafogo.
O sucesso não demorou. Seis
meses depois de Autuori assumir o
comando da comissão técnica, o
Botafogo conquistou o inédito título de campeão brasileiro.
Depois disso, ele voltou a Portugal para comandar o Benfica, mas
não teve sucesso.
Sua experiência no futebol europeu já pode ser percebida no time
do Flamengo. Depois de a equipe
carioca ter conquistado a vaga para a segunda fase com duas rodadas de antecedência, Autuori decidiu montar um esquema "à européia" -o 3-5-2, com três zagueiros, cinco jogadores no
meio-de-campo e dois atacantes.
"Agora que estou conhecendo
melhor os jogadores, decidi armar
o time da forma que gosto."
No novo esquema, a função de
líbero será exercida por Júnior
Baiano ou Juan. Fábio Baiano e
Athirson jogarão como alas.
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