RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dizem que a justiça tarda, mas não falha. A "Justiça da bola", pelo menos, mostra-se implacável.
Em 1999, a Justiça esportiva determinou que o Botafogo deveria ficar na primeira divisão e que o Gama teria que cair. Já a Justiça comum mandou o time carioca para a Série B e manteve o Gama na elite do futebol nacional. Foi o maior imbróglio jurídico da história do esporte (tapetão) no país.
Agora, no campo, os dois times estão próximos do rebaixamento.
Botafogo e Gama são os lanternas do Brasileiro, com 22 pontos. O tradicional clube do Rio é o último colocado por ter menor número de vitórias (5, contra 6), mas a equipe de Brasília que ganhou fama por desafiar os grandes tem um jogo a mais (23, contra 22).
Mesmo que vençam seus próximos jogos, Botafogo e Gama deverão continuar como lanternas -os cariocas certamente, e os brasilienses, provavelmente.
A briga dos dois times para ficar na primeira divisão atravancou o futebol brasileiro. O projeto da CBF era deixar o Nacional com 20 times -orientação da Fifa. Em 1999, 22 clubes jogaram a Série A e quatro cairiam, dando fim ao programa da CBF que começara em 1997 (foram 26 times nesse ano).
Mas o imbróglio jurídico acabou resultando na criação do maior Nacional da história, a Copa João Havelange, que teve três séries e mais de cem clubes.
A turma dos desesperados de 1999 incluía também o Internacional, clube que agora está de novo ameaçado pelo rebaixamento. Assim como o Botafogo, o Inter ganhou, devido a decisão do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) em 1999, pontos de jogo com o São Paulo por irregularidade na inscrição de Sandro Hiroshi.
O time paulista fez 6 a 1 no Botafogo e ficou no 2 a 2 com o Inter, mas o TJD decretou derrota são-paulina por 1 a 0 nos dois casos, o que ajudou os vencedores do tapetão a ficar na primeira divisão.
O Paraná, que cairia em 1999 pela Justiça comum e pela esportiva, é outro ameaçado neste ano.



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