São Paulo, quarta-feira, 09 de novembro de 2011

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Treino do Brasil vira festa de político

SELEÇÃO
Presidente do Gabão planeja evento para aliados, cuja atração é o time de Mano

SÉRGIO RANGEL

ENVIADO ESPECIAL A LIBREVILLE

O presidente do Gabão, Ali Bongo, pagou cerca de R$ 1 milhão como cachê para a seleção brasileira e pretende fazer uma badalada festa hoje durante o último treino da equipe comandada por Mano Menezes em Libreville.
Pelos planos do político, os jogadores serão a atração principal de mais uma manifestação da força de seu poder no país africano.
Amanhã, o Brasil enfrenta a seleção local na capital do Gabão, em seu penúltimo amistoso deste ano.
O jogo servirá para inaugurar o Stade d'Angondjé, um moderno estádio construído pelos chineses em troca das riquezas do Gabão. O país é rico em minério e petróleo.
O presidente convidou mais de mil aliados, mas não sabe se poderá fazer a festa.
Por causa do péssimo estado do gramado, os chineses recomendaram, no início da noite de ontem, a suspensão do treinamento da seleção brasileira no estádio.
O número certo de "amigos do presidente" -como um alto executivo do governo chama o grupo- no evento é uma incógnita. Militares afirmam que Ali Bongo convidou de mil a até 15 mil aliados.
Caso o treino de hoje não seja no Stade d'Angondjé, a festa será reduzida ou pode até ser cancelada. A prática da seleção deverá acontecer em um acanhado estádio em Sibang, periferia da capital.
O time de Mano realizou o primeiro treino coletivo no país ontem e abriu os portões para os moradores do bairro. Pela programação oficial, o governo gabonense havia fechado a atividade para cerca de 3.000 torcedores.
Mesmo que o local do treino de hoje seja alterado, militares garantiam que o presidente Bongo iria ao modesto campo. Até a noite de ontem, o governo não havia confirmado essa mudança.
A polícia está montando um forte esquema de segurança para o treino devido à presença do político. As aparições do presidente na capital são cercadas de mistério.
A família Bongo comanda o Gabão desde 1967. Omar, seu pai, comandou o Gabão até morrer, em 2009. Em seguida, Ali o sucedeu ao vencer uma polêmica eleição, em que foi acusado pela oposição de compra de votos.
Se a vontade do presidente for mantida, Ali assistirá ao treino cercado por uma comitiva de aproximadamente 300 pessoas na tribuna de honra da arena, que vai abrigar a final da Copa Africana de Nações no próximo ano. O país vai ser sede do evento com a Guiné Equatorial.
Os demais convidados ficarão nas arquibancadas. Os ingressos VIP não são vendidos nas ruas de Libreville.
Os bilhetes são dados pelo governo a burocratas e políticos regionais, que terão direito de levar também seus familiares ao treinamento.
Os ingressos para o jogo de amanhã ainda estão sendo negociados na capital. O estádio foi dividido em quatro faixas de preço, que variam entre R$ 15 e R$ 70.
A comissão técnica da seleção brasileira desconhecia ontem a festa que estava sendo organizada pelo político, mas treinará no local escolhido pelos donos da casa.


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