São Paulo, Quinta-feira, 09 de Dezembro de 1999


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FUTEBOL
Maior artilheiro do clube na década de 90 sai da equipe criticando Scolari e brigado com a diretoria
Evair deixa o Palmeiras pelos fundos

da Reportagem Local

O atacante Evair, 34, maior artilheiro do Palmeiras na década de 90, deixou ontem o clube atacando o técnico e rompido com a diretoria, uma situação pouco compatível com a história que construiu no Parque Antarctica.
Com 124 gols marcados em duas passagens pelo Palmeiras (de 91 a 94 e, este ano, desde janeiro), Evair é um dos maiores ídolos da história recente do clube.
Após reunião com o procurador do jogador, Vando de Melo, o diretor de futebol do Palmeiras, Sebastião Lapolla, anunciou que Evair não precisará mais treinar ou jogar pela equipe até o final do seu contrato, em 31 de dezembro. Segundo Lapolla, o atacante não deixará de receber salários.
O acordo visou evitar uma saída ainda mais traumática do jogador, que nos últimos dias resolveu criticar abertamente o clima no clube, principalmente o técnico Luiz Felipe Scolari.
Anteontem, Evair declarou que foi castigado injustamente ao ter que treinar com o resto do grupo no período da manhã. Segundo ele, os treinos matinais seriam apenas uma punição aos jogadores que saem à noite, atitude não tolerada por Scolari.
"Vai ver que Vasco, Grêmio, Portuguesa e outros times não treinam de manhã nunca", rebateu ontem Scolari.
"Quem não está contente com o seu trabalho, procura outro espaço", completou o treinador.
A confusão começou instantes após a decisão do Mundial interclubes, na semana passada, em Tóquio. Evair ficou no banco e só entrou no segundo tempo.
Após a derrota para o Manchester United, ainda nos vestiários, o atacante, muito irritado, disse que não voltaria a vestir a camisa do clube. "Algumas pessoas não entenderam a importância que essa partida tinha para um cara como eu, que deu tudo pelo Palmeiras", disse então, num recado velado a Scolari.
Nos dias que se seguiram, o Palmeiras tentou botar panos quentes no caso.
"Ele está sob contrato até 31 de dezembro e vai cumprir o compromisso profissional com o clube", afirmou, ainda em Tóquio, o presidente do Palmeiras, Mustafá Contursi, no dia seguinte à derrota para o Manchester.
Mas o temperamento forte de Evair, que se manteve irredutível em sua posição, frustrou a previsão de Contursi.
"Estou me curvando aos anseios dele. Quem é que disse que não vestia a camisa do Palmeiras? Foi ele. Então, a mim e ao Palmeiras só cabe respeitar", disse o diretor da Parmalat para o Palmeiras, Paulo Angioni.
A multinacional italiana, co-gestora do clube, ajudava o Palmeiras a pagar o aluguel do passe e os salários de Evair.
Angioni ficou irritado com a repercussão do caso.
"Vi manchetes de jornais dizendo que o Palmeiras estava dispensando o Evair. Mas foi exatamente o contrário. Estão invertendo a mão. Não tenho como violentar os anseios de uma pessoa."
Segundo o diretor da Parmalat, apesar das declarações de Contursi garantindo que Evair cumpriria o contrato, a situação se tornou irreversível. "Qual é o clima que ele teria em continuar aqui desse jeito", questionou.
Segundo o procurador de Evair, o Botafogo-RJ mostrou interesse em contratar o jogador.
A reportagem tentou falar com o atacante durante a tarde e início da noite de ontem, mas ele não atendeu às chamadas do telefone celular.

Copa Mercosul
O "caso Evair" voltou a tornar conturbado o ambiente no clube, que havia melhorado anteontem à noite, com a vitória de 3 a 0 sobre o San Lorenzo, no Parque Antarctica, que classificou o time à final da Copa Mercosul.
O adversário do time paulista será definido hoje, no Maracanã, onde o Flamengo recebe o Peñarol.
As datas das finais ainda não foram definidas.
O Palmeiras poderá ficar sem o atacante Paulo Nunes nesses jogos. O atacante voltou a sentir uma lesão muscular na coxa.


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