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FUTEBOL
Maior artilheiro do clube na década de 90 sai da equipe criticando Scolari e brigado com a diretoria
Evair deixa o Palmeiras pelos fundos
da Reportagem Local
O atacante Evair, 34, maior artilheiro do Palmeiras na década de
90, deixou ontem o clube atacando o técnico e rompido com a diretoria, uma situação pouco compatível com a história que construiu no Parque Antarctica.
Com 124 gols marcados em
duas passagens pelo Palmeiras
(de 91 a 94 e, este ano, desde janeiro), Evair é um dos maiores ídolos
da história recente do clube.
Após reunião com o procurador do jogador, Vando de Melo, o
diretor de futebol do Palmeiras,
Sebastião Lapolla, anunciou que
Evair não precisará mais treinar
ou jogar pela equipe até o final do
seu contrato, em 31 de dezembro.
Segundo Lapolla, o atacante não
deixará de receber salários.
O acordo visou evitar uma saída
ainda mais traumática do jogador, que nos últimos dias resolveu
criticar abertamente o clima no
clube, principalmente o técnico
Luiz Felipe Scolari.
Anteontem, Evair declarou que
foi castigado injustamente ao ter
que treinar com o resto do grupo
no período da manhã. Segundo
ele, os treinos matinais seriam
apenas uma punição aos jogadores que saem à noite, atitude não
tolerada por Scolari.
"Vai ver que Vasco, Grêmio,
Portuguesa e outros times não
treinam de manhã nunca", rebateu ontem Scolari.
"Quem não está contente com o
seu trabalho, procura outro espaço", completou o treinador.
A confusão começou instantes
após a decisão do Mundial interclubes, na semana passada, em
Tóquio. Evair ficou no banco e só
entrou no segundo tempo.
Após a derrota para o Manchester United, ainda nos vestiários, o
atacante, muito irritado, disse que
não voltaria a vestir a camisa do
clube. "Algumas pessoas não entenderam a importância que essa
partida tinha para um cara como
eu, que deu tudo pelo Palmeiras",
disse então, num recado velado a
Scolari.
Nos dias que se seguiram, o Palmeiras tentou botar panos quentes no caso.
"Ele está sob contrato até 31 de
dezembro e vai cumprir o compromisso profissional com o clube", afirmou, ainda em Tóquio, o
presidente do Palmeiras, Mustafá
Contursi, no dia seguinte à derrota para o Manchester.
Mas o temperamento forte de
Evair, que se manteve irredutível
em sua posição, frustrou a previsão de Contursi.
"Estou me curvando aos anseios dele. Quem é que disse que
não vestia a camisa do Palmeiras?
Foi ele. Então, a mim e ao Palmeiras só cabe respeitar", disse o diretor da Parmalat para o Palmeiras,
Paulo Angioni.
A multinacional italiana, co-gestora do clube, ajudava o Palmeiras a pagar o aluguel do passe
e os salários de Evair.
Angioni ficou irritado com a repercussão do caso.
"Vi manchetes de jornais dizendo que o Palmeiras estava dispensando o Evair. Mas foi exatamente o contrário. Estão invertendo a
mão. Não tenho como violentar
os anseios de uma pessoa."
Segundo o diretor da Parmalat,
apesar das declarações de Contursi garantindo que Evair cumpriria o contrato, a situação se tornou irreversível. "Qual é o clima
que ele teria em continuar aqui
desse jeito", questionou.
Segundo o procurador de Evair,
o Botafogo-RJ mostrou interesse
em contratar o jogador.
A reportagem tentou falar com
o atacante durante a tarde e início
da noite de ontem, mas ele não
atendeu às chamadas do telefone
celular.
Copa Mercosul
O "caso Evair" voltou a tornar
conturbado o ambiente no clube,
que havia melhorado anteontem
à noite, com a vitória de 3 a 0 sobre o San Lorenzo, no Parque Antarctica, que classificou o time à final da Copa Mercosul.
O adversário do time paulista
será definido hoje, no Maracanã,
onde o Flamengo recebe o Peñarol.
As datas das finais ainda não foram definidas.
O Palmeiras poderá ficar sem o
atacante Paulo Nunes nesses jogos. O atacante voltou a sentir
uma lesão muscular na coxa.
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