São Paulo, Quinta-feira, 09 de Dezembro de 1999


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OLIMPÍADA
Reebok alega que foi enganada e rompe contrato com o comitê organizador da Olimpíada de 2000
Sydney perde patrocínio de US$ 10 mi

das agências internacionais

A multinacional Reebok, uma das maiores fabricantes de material esportivo do mundo, retirou ontem o patrocínio a Sydney-2000 e também anunciou que vai acionar judicialmente o Socog, como é chamado o comitê organizador da Olimpíada.
A empresa anunciou que, além de estar retirando o suporte financeiro de cerca de US$ 10 milhões, também acionará judicialmente seus organizadores por quebra de contrato.
De acordo com a Reebok, havia um acordo com o Socog garantindo exclusividade, dentro do ramo de seus negócios, para a exposição da marca nos próximos Jogos Olímpicos.
Só que o Socog também assinou contratos com a Bonds, empresa que fabrica bonés de beisebol, e com a Canterbury, que produz camisas de rúgbi.
O Socog rebateu: afirmou que houve uma compreensão errada da Reebok em relação ao contato e informou que, se necessário, irá se defender no tribunal.
"Eles confundiram direitos de patrocínio e de marketing com direitos de fornecimento e merchandising", afirmou Sandy Hollway, um dos diretores do comitê organizador da Olimpíada.
Porém o rompimento com a multinacional é um golpe severo para o Socog, que por falta de patrocinadores já teve que reduzir o orçamento previsto inicialmente (US$ 1,65 bilhão).
Mesmo assim, os organizadores ainda buscam saudar um déficit de US$ 88,2 milhões previstos para cotas de patrocínio.
As dificuldades em angariar parceiros foram resultado de um escândalo de corrupção envolvendo dirigentes do COI (Comitê Olímpico Internacional), incluindo o ex-líder da candidatura olímpica australiana, Phil Coles, hoje afastado do Socog.
Coles caiu por dois motivos.
Primeiro: o dirigente teve seu nome incluído na lista de membros que aceitaram presentes e benesses de Salt Lake City (EUA), escolhida como sede dos Jogos de Inverno de 2002.
O episódio resultou na expulsão de seis integrantes do COI. Mas o australiano, que passou férias gratuitas na cidade norte-americana, só foi advertido.
Segundo: tornou-se público um dossiê preparado por ele e pela mulher dele com observações sobre o comportamento de seus parceiros no COI, indicando quem seriam os mais propensos a aceitar "favores" -entendidos como tentativas de suborno- de cidades candidatas a Jogos.
A partir daí, pelo menos uma dúzia de dirigentes do Socog renunciaram ou foram demitidos, em várias áreas, e a situação interna segue difícil.
Ontem, o comitê teve mais um revés, vendo-se obrigado a se livrar de outro executivo suspeito de envolvimento em escândalo.
Paul Reading, responsável pela venda de ingressos, era tido como o causador de um enorme mal-estar com os patrocinadores oficiais porque permitiu a comercialização -e essa medida tornou-se pública- de pacotes de entradas para empresas concorrentes distribuí-las a funcionários.
Também houve a distribuição gratuita de ingressos olímpicos a vários ex-integrantes do Socog tidos como corruptos -Phil Coles estava entre os agraciados.
E todas essas entradas são em lugares privilegiados -ao público vêm sendo oferecidos assentos com visão menos satisfatória.
O presidente do Socog, Michael Knight, disse esperar que a saída de Reading marque o final dos problemas.
"Cada um tem que encontrar seu espaço em algum lugar. Definitivamente, aqui não é mais o dele", afirmou Knight.


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