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FUTEBOL
Desde 1990, Corinthians só é campeão quando não precisa vencer final
Santos faz Morumbi virar
Vila e só é vice se tabu cair
DA REPORTAGEM LOCAL
O Santos não mandou a primeira decisão na Vila Belmiro, como
queria. Mas jogou como se estivesse lá. E o Corinthians, que festejou as duas partidas na capital,
terá de fazer o que não está acostumado: reverter a vantagem do
adversário na partida decisiva.
A perda do mando, razão de
atrito entre Emerson Leão e sua
diretoria, não pesou para os "meninos da Vila", estádio que não
pôde abrigar a decisão porque
não tem a capacidade exigida pelo
regulamento, 25 mil lugares.
Após a vitória, Leão disse que
usou a perda de mando na Vila
para atiçar seus jogadores. ""Claro
que há uma cumplicidade com a
cidade e com os torcedores antigos do Santos, os da cativa. Mas a
perda da Vila fez a gente jogar
mais bravo que normalmente",
disse o técnico. ""Essa bravura nos
deu a vitória", completou.
Mesmo com a derrota nos bastidores, os santistas atenderam ao
pedido do presidente Marcelo
Teixeira e dividiram o Morumbi
ao meio com os corintianos.
No campo, os "meninos da Vila" jogaram como veteranos e podem repetir a fórmula até aqui
bem-sucedida nestes mata-matas: vencer com folga o primeiro
jogo para ter tranquilidade no segundo. Foi assim com o São Paulo, nas quartas-de-final, e com o
Grêmio, nas semifinais.
""É sempre bom reverter, principalmente contra o Corinthians. A
atual circunstância é parecida
com a nossa situação diante de
São Paulo e Grêmio. Isso pode
ajudar", sentenciou Leão.
Restou aos corintianos reconhecer a superioridade do rival.
""Nosso time não entrou com expectativa de decisão. Parecia que
nós éramos a equipe do Santos,
que é jovem e não está acostumada a decidir", disse o lateral Rogério, lamentando a péssima atuação corintiana sob a chuva que
frustrou a expectativa de calor
que fez a TV Globo mudar o horário do jogo das 16h para as 17h.
Com o resultado, os santistas só
perdem o título se o rival conseguir algo que não obtém há muito
tempo: uma vitória na final quando precisa reverter a vantagem.
Desde seu primeiro título nacional, o time do Parque São Jorge só
foi campeão quando podia empatar. Foi assim nas três conquistas
do Brasileiro, contra São Paulo
(1990), Cruzeiro (98) e Atlético-MG (99). Foi assim também nas
duas Copas do Brasil, em 95, contra o Grêmio, e neste ano, contra o
Brasiliense. E nos Paulistas de 95
(Palmeiras), 97 (São Paulo), 99
(Palmeiras) e 2001 (Botafogo-SP).
Com a vantagem do empate, foi
derrotado só duas vezes: pelo São
Paulo, no Paulista-98, e pelo Grêmio, na Copa do Brasil-01.
Pelo Brasileiro-94, quando precisava vencer o Palmeiras de Rivaldo e Edmundo, ficou só no empate e acabou vice-campeão.
A última vez que o clube da capital conseguiu o feito de ganhar
após desvantagem foi em 1988.
Pelo Paulista daquele ano, o
Guarani precisava de empates no
tempo normal e na prorrogação
em Campinas para ganhar o Estadual pela primeira vez. Um gol do
então novato Viola deu o título ao
Corinthians na prorrogação.
O time de Carlos Alberto Parreira também terá uma tarefa complicada se forem levadas em conta
as últimas decisões do Brasileiro.
Foram raras as vezes em que um
clube conseguiu fazer dois gols de
diferença quando precisava do resultado para ser campeão. A última delas aconteceu em 1996,
quando o Grêmio bateu a Lusa.
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