São Paulo, segunda-feira, 09 de dezembro de 2002

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FUTEBOL

Desde 1990, Corinthians só é campeão quando não precisa vencer final

Santos faz Morumbi virar Vila e só é vice se tabu cair

DA REPORTAGEM LOCAL

O Santos não mandou a primeira decisão na Vila Belmiro, como queria. Mas jogou como se estivesse lá. E o Corinthians, que festejou as duas partidas na capital, terá de fazer o que não está acostumado: reverter a vantagem do adversário na partida decisiva.
A perda do mando, razão de atrito entre Emerson Leão e sua diretoria, não pesou para os "meninos da Vila", estádio que não pôde abrigar a decisão porque não tem a capacidade exigida pelo regulamento, 25 mil lugares.
Após a vitória, Leão disse que usou a perda de mando na Vila para atiçar seus jogadores. ""Claro que há uma cumplicidade com a cidade e com os torcedores antigos do Santos, os da cativa. Mas a perda da Vila fez a gente jogar mais bravo que normalmente", disse o técnico. ""Essa bravura nos deu a vitória", completou.
Mesmo com a derrota nos bastidores, os santistas atenderam ao pedido do presidente Marcelo Teixeira e dividiram o Morumbi ao meio com os corintianos.
No campo, os "meninos da Vila" jogaram como veteranos e podem repetir a fórmula até aqui bem-sucedida nestes mata-matas: vencer com folga o primeiro jogo para ter tranquilidade no segundo. Foi assim com o São Paulo, nas quartas-de-final, e com o Grêmio, nas semifinais.
""É sempre bom reverter, principalmente contra o Corinthians. A atual circunstância é parecida com a nossa situação diante de São Paulo e Grêmio. Isso pode ajudar", sentenciou Leão.
Restou aos corintianos reconhecer a superioridade do rival. ""Nosso time não entrou com expectativa de decisão. Parecia que nós éramos a equipe do Santos, que é jovem e não está acostumada a decidir", disse o lateral Rogério, lamentando a péssima atuação corintiana sob a chuva que frustrou a expectativa de calor que fez a TV Globo mudar o horário do jogo das 16h para as 17h.
Com o resultado, os santistas só perdem o título se o rival conseguir algo que não obtém há muito tempo: uma vitória na final quando precisa reverter a vantagem.
Desde seu primeiro título nacional, o time do Parque São Jorge só foi campeão quando podia empatar. Foi assim nas três conquistas do Brasileiro, contra São Paulo (1990), Cruzeiro (98) e Atlético-MG (99). Foi assim também nas duas Copas do Brasil, em 95, contra o Grêmio, e neste ano, contra o Brasiliense. E nos Paulistas de 95 (Palmeiras), 97 (São Paulo), 99 (Palmeiras) e 2001 (Botafogo-SP).
Com a vantagem do empate, foi derrotado só duas vezes: pelo São Paulo, no Paulista-98, e pelo Grêmio, na Copa do Brasil-01.
Pelo Brasileiro-94, quando precisava vencer o Palmeiras de Rivaldo e Edmundo, ficou só no empate e acabou vice-campeão.
A última vez que o clube da capital conseguiu o feito de ganhar após desvantagem foi em 1988.
Pelo Paulista daquele ano, o Guarani precisava de empates no tempo normal e na prorrogação em Campinas para ganhar o Estadual pela primeira vez. Um gol do então novato Viola deu o título ao Corinthians na prorrogação.
O time de Carlos Alberto Parreira também terá uma tarefa complicada se forem levadas em conta as últimas decisões do Brasileiro.
Foram raras as vezes em que um clube conseguiu fazer dois gols de diferença quando precisava do resultado para ser campeão. A última delas aconteceu em 1996, quando o Grêmio bateu a Lusa.


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