São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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Sombra de ex-campeões perdura no Palmeiras

Só Luxemburgo e Scolari triunfaram no comando do time nos últimos 30 anos

Clube teve 52 técnicos na época; Murtosa, interino em 2000, e Picerni, na Série B em 2003, são exceções, com títulos de menor expressão

RENAN CACIOLI
TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Caio Júnior teve três campeonatos para tentar ganhar um título em 2007, mas fracassou. E ao menos que o clube consiga contratar Vanderlei Luxemburgo ou Luiz Felipe Scolari, qualquer um que chegar para dirigir o time em 2008 carregará o mesmo fardo que o ex-comandante não suportou.
Isso porque, dos 52 treinadores que passaram pelo Parque Antarctica nos últimos 30 anos -período no qual se iniciou e se enterrou o jejum de taças no clube-, apenas os dois fizeram a torcida gritar "é campeão".
As exceções foram Flávio Teixeira, o Murtosa, fiel escudeiro de Scolari até os dias de hoje na seleção portuguesa, que levou o Palmeiras ao título da Copa dos Campeões, em 2000, quando substituiu interinamente seu tutor. E Jair Picerni, que conduziu a equipe de volta à elite nacional ao conquistar a Série B em 2003.
O levantamento também não levou em conta torneios amistosos, como a Copa Kirin, que o time celebrou em 1978 sob a batuta de Jorge Vieira, e a Copa Euro-América, em 1991, quando Dudu, que já dirigira a equipe duas vezes anteriormente, guiou o grupo ao primeiro lugar. Por sinal, foi ele também quem levou o clube alviverde ao último título "nobre", o Paulista de 1976, antes da longa fila.
Deste o último triunfo até ser iniciada a "era Luxemburgo", foram 17 anos de espera sem troféus de peso, onde nem nomes consagrados como Telê Santana e Oswaldo Brandão foram capazes de reconduzir o Palmeiras ao topo.
A partir de 1993, Luxemburgo foi um verdadeiro papa-taças. Faturou o Paulista, o Rio-SP e o Brasileiro. Na temporada seguinte, foi bicampeão estadual e nacional. Após deixar o clube, retornou em 1996 para conquistar mais um Paulista.
Na breve lacuna que separou sua gestão da de Scolari, o clube testou Márcio Araújo, que sucumbiu na Copa do Brasil e no Estadual com goleadas contundentes -1 a 4 frente ao São Paulo e 0 a 4 para o Santos- e um interino, Sebastião Lapola.
A chegada de Scolari marcou a volta do Palmeiras às conquistas. Sem contar torneios menores como o Maria Quitéria e o Naranja, em 1997, ele logo confirmou ser pé-quente.
Já em 98, venceu a Copa do Brasil e a Copa Mercosul. No ano seguinte, deu ao Palmeiras o título da Libertadores. Despediu-se em 2000, com um Rio-SP, antes de perder a Libertadores para o Boca Juniors, ir para o Cruzeiro e deixar o cargo para Murtosa.
Desde então, a diretoria trocou 18 vezes o técnico. Na elite, nenhum deles vingou.
A 19ª mudança, porém, deverá repetir a mesma fórmula que resultou na vinda de Caio Jr. Sem dinheiro, o clube tende a apostar em nomes emergentes do mercado, com credenciais bem diferentes das de Luxemburgo e Scolari.
Questionado no dia da demissão de Caio Jr. sobre qual o perfil desejado para o novo comandante, o vice de futebol, Gilberto Cipullo, respondeu que procurava um treinador que pudesse dar seqüência à filosofia iniciada pelo antecessor. "O que importa é o currículo", afirmou ele, na ocasião.
Como a história mostra, currículo no Palmeiras significa título. Coisa que, até o momento, só dois homens conseguiram.

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