São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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JUCA KFOURI

Uma no cravo, quatro na ferradura


Ao acertar na contratação de Mano Menezes, a direção corintiana se deu ao luxo de errar em tudo o mais

A SEGUNDA divisão a gente nunca esquece. Pelo menos é o que dizem os que já a freqüentaram. Por mais curta que seja a passagem, as marcas ficam.
Paciência. Sua alma, sua palma, aqui se faz, aqui se paga.
Pois o Corinthians foi buscar um técnico que a conhece bem e que protagonizou a épica "Batalha dos Aflitos". Ponto para a nova direção alvinegra, embora seja prudente dizer que Mano Menezes não é a cura de todos os males.
Sobre ele, por exemplo, há até quem diga que não sabe se comportar quando seu time joga fora de casa, o que os números confirmam.
E que bastaria outro desfecho para o famoso jogo contra o Náutico (Gallato não pegar o pênalti ou Anderson, que era reserva, não fazer aquele gol maluco) para que tudo fosse diferente na vida dele, uma vida que, justiça se faça, é coroada por um vice-campeonato na Libertadores no comando de uma equipe apenas média.
Enfim, Mano é acerto.
Resta saber se não ficará perdido entre os que vão comandar o futebol alvinegro, apesar de também nisso ter experiência, porque trabalhou com Paulo Pelaipe no Grêmio, outro cartola que está longe de ser um príncipe.
A nova direção corintiana ainda não cumpriu os tais cem dias que se costuma dar de crédito a quem está chegando. Jogar em suas costas as culpas pelo rebaixamento seria injusto e mentiroso, embora culpas tenha, e muitas, não só pelo apoio que deu à MSI como pelas lambanças que fez ao não mudar a rota do futebol rumo ao abismo.
Mas já age, no entanto, como uma direção de segunda.
O novo vice de futebol, Mário Gobbi, é um delegado de polícia que não se importa com origem de dinheiro, como se acenasse ao pessoal do jogo do bicho que está por ali no Parque São Jorge que toda contribuição é bem-vinda. Também não vê conflito no fato de o novo diretor de futebol ter trabalhado no novo emprego enquanto estava no anterior, o de zagueiro do Santos. Antônio Carlos Zago, por sinal, se não fez como Gustavo Nery, que chamou o Corinthians de "Futebol Clube", disse em sua posse que todos devemos entender que hoje o Ipatinga é mais valorizado que o Corinthians, com o que Gerson Magrão tem razão em não querer trocar de clube.
E nem mesmo é 100% verdadeira a colaboração de Nizan Guanaes no marketing corintiano.
É o próprio publicitário quem conta que foi procurado e aceitou dar palpites porque, embora seja são-paulino, sua mulher é corintiana. E que não quer ganhar nada até por não saber bem com quem está lidando ("Não faço por generosidade, mas por egoísmo mesmo, para me proteger", diz) e que, por enquanto, não vê o que possa fazer, porque não tem produto para vender. Desmente, ainda, que tenha aberto qualquer livro de ouro.
Guanaes, por sinal, informa ainda que sua missão em relação à Copa de 2014 se encerrou na confecção do caderno de encargos.
Para culminar, Andrés Sanches dá a lamentável entrevista que deu à Folha, que só não foi pior que a de seu antecessor no dia anterior.
Assim, a Segundona será mesmo inesquecível. E duradoura.

blogdojuca@uol.com.br

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