São Paulo, domingo, 09 de dezembro de 2007

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TOSTÃO

Clássicos e discutidos conceitos


Parreira repetiu no fórum os seus antigos e clássicos conceitos, que ele muitas vezes não coloca em prática

ASSISTI NESTA semana pelas TVs a cabo a algumas palestras do Fórum Internacional de Treinadores, uma ótima iniciativa de Carlos Alberto Parreira.
O treinador da seleção de 2006 repetiu os seus clássicos conceitos sobre futebol. Disse que o jogador brasileiro aprende muito na Europa a ser disciplinado taticamente, a marcar e a ter uma postura profissional. Luxemburgo disse que isso pode ser feito no Brasil, com o que concordo.
A deficiência do jogador que atua no Brasil não é tática, de marcação, nem a falta de bons treinadores para orientá-los. O que a maioria não sabe é jogar um bom futebol.
Parreira disse ainda que a palavra mágica entre os treinadores na Europa é transição: como recompor todo o sistema defensivo quando o time perde a bola e como chegar rápido ao ataque e com muitos jogadores quando se recupera a bola.
Na prática, na maioria das vezes, ninguém surpreende ninguém. Um espera o outro com muitos defensores, e a partida fica chata.
Parreira repetiu que o futebol brasileiro não pode perder as suas características, de manter a posse de bola, marcar por zona e jogar com uma linha de quatro defensores.
Hoje, quase todos os times da Europa tentam fazer a mesma coisa. É o futebol globalizado.
A marcação por zona é a base de um bom sistema defensivo, mas não pode ser muito atrás nem passiva.
Um time não pode assistir ao outro jogar, como ocorreu com o Brasil em todas as partidas da Copa de 2006 e no jogo recente contra o Uruguai, pelas eliminatórias.
Dunga aprendeu com Parreira. Como deu certo na Copa de 1994, há 13 anos, os dois acham que essa postura é uma maravilha.
Paradoxalmente, em outra palestra no fórum, sobre como saem os gols, Parreira mostrou que a principal razão é a pressão sobre o adversário e a recuperação da bola.
Não é o que ele e a maioria dos técnicos fazem. Eles têm medo de deixar espaço na defesa para o contra-ataque.
Como não podia faltar, Parreira repetiu que a natureza não dá saltos.
É uma profunda e bela frase. Temos que amar a natureza e respeitar suas leis. Mas as palavras do técnico refletem também seu conservadorismo.
A natureza não dá saltos, mas o homem pode dar em alguns momentos, desde que o salto não seja maior que suas pernas.
Faltou no fórum uma discussão sobre os salários dos principais técnicos do futebol brasileiro.
Estou querendo demais.
É uma afronta à sociedade e uma irresponsabilidade o que os clubes pagam por esses técnicos.
Depois vão pedir ajuda ao governo. Se os craques vão para o exterior porque os clubes brasileiros não competem com os de fora, qual é a razão de pagar tanto a alguns treinadores, que não são nenhuma maravilha nem ganham campeonatos sozinhos?

Correção
Kaká é o melhor jogador do ano e do mundo, um ótimo profissional de futebol, mas não escrevi no texto de quarta-feira que o Brasil tem agora em Kaká um bom exemplo para a juventude, como o jornal colocou na chamada, em cima de minha coluna. Citei apenas o pensamento de algumas pessoas.

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