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PINGUE-PONGUE
Zagallo antevê Brasil melhor do que o de Scolari
DA REPORTAGEM LOCAL
Dias ainda melhores virão. O
desempenho da seleção brasileira na Alemanha, em 2006,
tem tudo para ser melhor do
que o da equipe que conquistou o penta, na Ásia, sob o comando de Luiz Felipe Scolari.
É o que acha, pelo menos, o
coordenador técnico Mario
Jorge Lobo Zagallo.
Eterno otimista, diz que o
Brasil tem tudo para impressionar, mais uma vez, a Europa
e repetir o feito de 1958, quando se tornou a única seleção de
fora daquele continente a ganhar a Copa no velho mundo.
Em entrevista à Folha, Zagal-lo falou sobre as perspectivas
do futebol do país para os próximos quatro anos e a expectativa por voltar a atuar com Carlos Alberto Parreira, reeditando a dupla de 1994.(JCA E PC)
Folha - O que o brasileiro pode
esperar da seleção?
Mario Jorge Zagallo - O hexa
pode virar uma realidade em
2006. Time, para isso, nós temos. E certamente estaremos
melhores do que em 2002.
Sem tirar os méritos do Scolari, que fez um excelente trabalho, fechou o grupo e ganhou, com toda a justiça, o
penta, a seleção só tende a melhorar. Primeiro, porque vamos manter a base de 2002, que
já era boa. E, depois, porque teremos a nova geração, com três
atletas de extrema qualidade.
Folha - Kaká, Diego e Robinho?
Zagallo - Claro. Eles vão ser
batizados na Olimpíada, vou
acompanhar de perto o trabalho do Ricardo Gomes, é uma
meninada que, se for bem trabalhada, tem tudo para arrebentar na Alemanha.
E, depois [em relação a
2002], temos uma outra vantagem: não vamos usar o esquema 3-5-2. Deu certo no Japão,
mas a duras penas. Não é da
cultura do brasileiro, estamos
mais acostumados a jogar com
dois zagueiros, você vai ver como vai ficar mais fácil.
Folha - O que muda no trabalho de vocês em comparação
com o feito para a Copa de 1994?
Zagallo - Muita coisa. Hoje
somos ainda mais experientes
e vitoriosos. Sei lidar melhor
com a imprensa, e o povo está
do nosso lado. Em 1998, quando perdemos a Copa para a
França, voltei ao Brasil e fui
ovacionado. Em 1974, quando
acabamos em quarto na Alemanha, a pressão na minha
volta foi desumana.
Como não existe mais aquele
preconceito que havia em relação a mim e ao Parreira, teremos mais condições de trabalho. E nos damos muito bem,
sabemos trabalhar em conjunto. É uma dupla da vitória.
Folha - Sua mulher já assimilou melhor sua decisão de voltar
à seleção ou segue reclamando?
Zagallo - Para ela é difícil, no
dia 13 faremos 48 anos de casados, é muito estresse... Mas tem
de entender. É minha vida.
Sei que, se por um daqueles
azares que só acontecem no futebol, formos muito mal, as críticas virão, e a família vai sofrer
de novo. Só que faz parte. Estou
voltando ao burburinho para
dar a cara para bater.
Folha - O segundo jogo da seleção será justamente contra Portugal, de Scolari. Como será enfrentar o Felipão?
Zagallo - Ele é um grande
amigo, um excelente profissional. Vamos estar torcendo para
que faça um belo trabalho em
Portugal. Só que, quando é o
Brasil do outro lado, a história
muda. Sinto muito pelo Scolari, mas vai ser ferro nele.
Folha - Como você analisa o
atual formato das eliminatórias
sul-americanas, em que todos
devem jogar contra todos?
Zagallo - Será uma experiência nova para mim. Estou empolgado e convicto de que não
teremos as mesmas dificuldades que tivemos para nos classificar para a Copa de 2002.
Lá tivemos quatro técnicos
diferentes, não estávamos tão
bem preparados, foi só o Scolari ter um pouquinho de tempo
que tudo se arranjou.
Folha - Mas você aprova o sistema todos contra todos?
Zagallo - Aprovo. Para irmos
para o Mundial dos EUA [em
1994], o sistema [de disputa
das eliminatórias] era pior, você jogava dentro de seu grupo e
uma derrota já colocava a seleção em uma situação delicada.
Perdemos da Bolívia, mas,
mesmo assim, quando os jogos
foram no Brasil, conseguimos
nos classificar numa boa.
Para 2006, serão mais jogos,
18 para cada um. Se você derrapa uma vez, tem várias chances
de se recuperar. E o Brasil não é
time de ficar derrapando, não.
Uma vez vá lá, mas duas...
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