São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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TÊNIS

Britânico, pego com nandrolona, diz haver outros 46 casos entre os top 120

Flagrado, Rusedski acusa a ATP de provocar doping

DA REPORTAGEM LOCAL

Flagrado no antidoping com o esteróide anabólico nandrolona, o tenista britânico Greg Rusedski afirmou que é vítima de um dos "maiores escândalos" da história do esporte e atacou a ATP (Associação dos Tenistas Profissional).
Rusedski, que chegou a ser o quarto do mundo em 1997 e atualmente é 117º no ranking, divulgou por meio de seu advogado uma declaração dizendo que testes de 47 dos 120 melhores jogadores da ATP apresentaram elevado nível de nandrolona.
Segundo ele, entre agosto de 2002 e maio de 2003, "alguma coisa estranha aconteceu".
"Ao menos em 43 testes feitos em tenistas top do circuito foram encontrados elevados níveis de nandrolona. O interessante não é o número, mas o fato de todos os exames terem a mesma estrutura", afirmou Rusedski, 30. "Isto indica que todos os positivos tiveram uma fonte comum."
A nandrolona é um esteróide anabólico e aumenta a força e a potência muscular.
O tenista disse que, em um comunicado no início de julho de 2003, a ATP orientou seus membros a não distribuir suplementos, que poderiam estar contaminados, aos tenistas e que a medida representaria o fim do problema.
"Não foi", disse o britânico, que foi pego no final de julho, em Indianápolis. "O teste que eu fiz duas semanas depois mostrou a mesma estrutura. Depois disso, mais três casos apresentaram as mesmas características."
Ele lamentou sua situação. "Em vez de me acusar, a ATP deveria investigar o caso."
Rusedski afirmou que seu caso é semelhante ao do tcheco Bohdan Ulihrach, que também foi pego com nandrolona em outubro de 2002, em Moscou. Ele chegou a ser punido com dois anos de suspensão, mas a pena foi revista.
"Como Ulihrach testou positivo por causa de material fornecido pela ATP, o caso foi encerrado."
O presidente da Agência Mundial Antidoping, Dick Pound, disse que a ATP solicitou auxílio para investigar o episódio.
A Associação dos Tenistas Profissionais não comentou o caso.
Rusedski será julgado no próximo dia 9, em Montréal. Se for considerado culpado, pode pegar dois anos de suspensão. Mas, até lá, está liberado para jogar.
Nesta semana, foi eliminado na segunda rodada do Torneio de Adelaide. Ele está inscrito para a disputa do Torneio de Sydney e do Aberto da Austrália, nas próximas semanas.
Vários jogadores se disseram surpresos com o envolvimento de Rusedski no doping, mas não comentaram a acusação dele.
Casos de doping são pouco comuns no tênis. Além de Ulihrach, só quatro episódios tiveram notoriedade nos últimos anos.
O argentino Guillermo Coria também foi flagrado com nandrolona, em 2001. Seu compatriota Juan Ignácio Chela recebeu, também em 2001, punição de três meses pelo uso do esteróide anabólico metiltestosterona. E o tcheco Petr Korda, campeão do Aberto da Austrália em 1998, foi flagrado com nandrolona em Wimbledon na mesma temporada.
No início da semana, o argentino Mariano Puerta foi suspenso por nove meses. Ele, que testou positivo para clenbuterol no Torneio de Viña del Mar (Chile) em 2003, alega que tomou medicamento para asma.


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