São Paulo, quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

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Dacar mata estreante e já contabiliza 50 vítimas

Empresário sul-africano perde controle da sua moto em rio seco no Marrocos

Forte investimento em segurança, tônica da 29ª edição do rali, que assistiu a três mortes no ano passado, capitulou no 2º dia de África

Damien Meyer/France Presse
Competidores ficam atolados na areia durante disputa de etapa no Marrocos do Rali Dacar


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Exatamente um ano após a morte do australiano Andy Caldecott, o Rali Dacar voltou a vestir luto ontem. Outro piloto de moto, o sul-africano Elmer Symonds, 29, que debutava na competição, sofreu acidente fatal na etapa entre Er Rachidia e Ouarzazate, no Marrocos.
Symonds perdeu o controle de sua KTM no 142º km -a etapa teve 679 km- e fez a estatística do rali atingir número sinistro. É o 50º morto da história do evento, cuja primeira edição, em 1979, já fora marcada pelo infortúnio de mais um piloto de moto, Patrick Dodin.
O sul-africano participava pela primeira vez do rali como competidor, após dirigir um veículo de apoio por dois anos.
"Ele compartilhava nosso sonho de estar aqui. Era um bom piloto. Acredito que iria bem", lamenta Nani Roma, campeão da categoria motos em 2004, que viu Symonds caído.
O acidente ocorreu quando o sul-africano circulava fora da rota do rali. Segundo a organização da prova, o piloto não corria muito rápido, mas morreu na hora ao se chocar contra a borda de um rio seco.
"Ele estava à esquerda da pista, provavelmente porque encontrou ali um caminho mais fácil. Isso é perigoso porque o livro de rota não marca os perigos que podem ser encontrados nesse local", comentou Etienne Lavigne, diretor da corrida.
Nem o rápido atendimento prestado foi suficiente para evitar a morte de Symonds. Em oito minutos, o helicóptero médico chegou ao local. "A história do Dacar está repleta desse tipo de acidente", sentenciou Lavigne, minimizando a ocorrência.
"É impossível eliminar o risco. Os pilotos podem morrer em uma queda a 30 km/h. E eles nunca estiveram tão preparados como agora."
Contraditoriamente, a morte do sul-africano ocorre na edição em que foi criada uma comissão especial justamente para melhorar a segurança. Essa equipe acompanha a caravana por todas as etapas -a prova conta com 15 em seis países.
"Fizeram muitas coisas pela segurança. Mas não podemos esquecer que praticamos um esporte e que não existe risco zero. Quem não quiser entender isso não conhece a corrida", definiu Nani Roma, que ocupa o quarto posto entre os carros.
A maior preocupação dos organizadores é prevenir atropelamentos. Em 2006, duas crianças foram abalroadas por veículos durante a prova. No total, oito jovens e 11 espectadores já morreram no rali.
Ninguém sofreu tantos reveses, porém, quanto os pilotos de moto -12 perderam a vida na corrida. É um número muito acima das vítimas fatais que participavam da competição de carro (dois) e caminhão (três).
"É uma corrida cujos riscos maiores estão com as motos", define Carlos Sainz, que ocupa a liderança entre os carros.
"É difícil julgar o que aconteceu com ele. É complicado, mas, para completar essa corrida, é preciso se preparar bem, estar bem e não ter má sorte", completa o espanhol, terceiro colocado da etapa de ontem.

Com agências internacionais


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