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VÔLEI DE PRAIA
Sucesso nos EUA nos últimos 15 anos, liga se afunda em dívidas e negocia o circuito para sobreviver
Modelo na areia, AVP entra em liquidação
da Reportagem Local
Modelo nos anos 80 e início dos
90, imitada pela Federação Internacional e pelo Brasil, a AVP (Associação dos Jogadores Profissionais do EUA) negocia a venda dos
direitos de organização e exploração de seu circuito de vôlei de praia
para cobrir um rombo financeiro.
A direção da AVP obteve propostas, como do grupo que administra a rede de lanchonetes Burger King e de uma cervejaria.
Antes do fechamento de acordo,
Bill Berger, um dos novos todo-poderosos da liga, anunciou uma
premiação mínima de US$ 1,6 milhão para este ano, o mesmo valor
oferecido em 21 etapas de 1998.
Parece razoável, mas é só 35%
dos US$ 4,5 milhões/ano distribuídos desde 1995.
O circuito que atraiu uma leva de
brasileiros (leia texto abaixo) e que
dispõe de legendas como o norte-americano Karch Kiraly, bicampeão olímpico indoor (1984 e 1988)
e campeão na praia (1996), ruiu
nos últimos dois anos.
Em março último, em reunião
antes da temporada, que foi daquele mês até agosto, os atletas revelaram que a AVP devia US$ 2
milhões de prêmios. Somadas dívidas junto a outros credores, o
buraco chegou aos US$ 3 milhões.
Randy Stocklos, famoso por ser
parceiro de Sinjin Smith nos cinco
títulos da etapa carioca do Circuito
Mundial (organizado pela Federação Internacional), renunciou à
participação no "King of the
Beach" (Rei da Praia), abertura
oficial do circuito, por não lhe terem pago os prêmios das quatro
últimas etapas de 97.
Kent Steffes, ouro em Atlanta-96,
hoje processa seu ex-parceiro Kiraly, acusando-o de ter sido inepto
ao indicar Jerry Solomon, agente
dele, para o cargo de chefe-executivo da AVP.
A crise recente na AVP coincide
em parte com o período da administração de Solomon. Egressso do
circuito do tênis, o executivo adotou sistema semelhante para gerenciar as etapas.
Em vez de arcar com os encargos
de organização e venda de espaço
publicitário, a AVP passou a fazer
o licenciamento das datas.
Um promotor adquiria os direitos de organizar determinado torneio, se responsabilizando pelos
prêmios dos atletas e da parte que
cabia à liga. Em troca, tinha o direito de exploração comercial.
O negócio acabou criando algumas aberrações: foram organizadas etapas em shoppings e em estacionamentos. Alguns dos promotores decidiram cobrar ingresso, quebrando a tradição de gratuidade dos eventos.
Nem mesmo a Disney, que comprou os direitos da última etapa da
temporada, escapou. Foi um fiasco
de público no Walt Disney World.
Para piorar, a rede de TV NBC diminuiu o interesse pela transmissão do circuito, centrando-se nas
etapas de maior premiação.
Por fim, a Miller, marca de cerveja patrocinadora oficial do circuito, ameaçou não continuar.
Hoje, negocia a manutenção do
patrocínio (por valores mais baixos que os US$ 3 milhões que pagara em 97) ou mesmo a própria
aquisição da AVP.
Tudo isso resultou na saída de
Solomon e de Jon Stevenson, ex-jogador e um dos principais executivos da liga desde seu primeiro
circuito, em 1983.
Bill Berger, importante executivo
da AVP, disse que a situação financeira deve melhorar em breve.
O problema é que a administração do negócio, por vezes, se mistura com a ação dos jogadores.
Como o nome sugere, a Associação dos Jogadores Profissionais
tem em seu corpo administrativo
seis atletas, entre eles Eric Fonoimoana e Karch Kiraly.
Os membros do "board" são
acusados de misturar os interesses
da liga com os interesses pessoais.
(JOSÉ ALAN DIAS)
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