São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

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Crise frita Corinthians que vestiu a camisa corintiana

Futebol ruim ameaça abortar experiência com Juninho, Márcio e Rivellino, ídolos do clube

RICARDO PERRONE
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians apostou firme em gente com sua "pele", mas parece estar arrependido disso.
A primeira derrota em 2004, contra a Portuguesa, aumentou o processo de fritura do treinador Juninho, que terá uma reunião com a diretoria hoje. E o diretor técnico Rivellino começa a seguir o mesmo caminho.
Os dois e outros integrantes da comissão técnica -o auxiliar Márcio e o preparador de goleiros Solitinho- foram jogadores do clube do Parque São Jorge.
A idéia de preencher o futebol corintiano de ex-ídolos, patrocinada pelo vice-presidente de futebol, Antonio Roque Citadini, é fato raro hoje no Brasil.
Santos e São Paulo têm treinadores que nunca defenderam o clube como jogadores. No Rio, o Flamengo trouxe Abel Braga, que foi ídolo no Vasco. Em Minas, Cruzeiro e Atlético-MG também são comandados por técnicos -Wanderley Luxemburgo e Bonamigo, respectivamente- sem identificação com eles.
Reunida desde outubro do ano passado, a dupla formada por Juninho e Rivellino tem resultados decepcionantes. Na média, o time só ganhou um ponto a cada três disputados no período.
A situação ficou insustentável após a derrota para a Portuguesa (1 a 0), que deixou o time na quinta posição do Grupo 1 do Paulista -os quatro melhores avançam. Rivellino não assegurou a permanência do ex-zagueiro no clube até o jogo com o São Paulo, no domingo. Além de revelar a frágil situação do técnico, a declaração do dirigente o colocou em rota de colisão com a cúpula corintiana.
Andrés Sanchez, vice de esportes terrestres e um dos comandantes do futebol do clube, desautorizou publicamente Rivellino.
Ele assegurou que Juninho será o técnico no clássico e reprovou a lavagem pública de roupa suja.
Ontem, o diretor técnico voltou atrás. "Não falei que o Juninho poderia sair, só disse que precisamos ter calma", afirmou.
O episódio só aumentou a insatisfação dos principais dirigentes do clube com o que chamam de "falta de habilidade" do diretor técnico para dar entrevistas.
Ele já havia deixado seus chefes descontentes ao se irritar com perguntas sobre a contratação de clientes de seu filho Márcio, que é procurador de jogadores e treinadores. Ele trabalha com Adrianinho, um dos reforços do Corinthians para esta temporada.
A irritação dos dirigentes é maior ainda com Juninho. Apesar de ganhar o apoio público de Sanchez, o treinador segue na corda bamba. Se ficar mesmo no cargo até o clássico, ele será demitido em caso de derrota.
Na reunião de hoje, Rivellino vai sugerir ao treinador que defina um esquema tático para o time.
O técnico já usou o esquema 4-3-3 e o 4-4-2. Mas recebeu as maiores críticas ao escalar três volantes e nenhum armador contra o Botafogo-PB, pela Copa do Brasil. Os gols da vitória por 2 a 0 saíram já com o time mudado.


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