São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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RODRIGO BUENO

A terra do futebol


A Inglaterra, que inventou o futebol como é hoje, ainda é modelo, com times, torneios, técnicos e atletas de peso


A INGLATERRA , famosa por ter inventado o futebol como se conhece hoje, posa de centro da bola. A terra da rainha e da Revolução Industrial reinventa de tempos em tempos o esporte mais popular com grandes e pequenas ações, inovadoras e polêmicas medidas.
Os anos 80 jogaram a reputação do futebol inglês no lixo por causa do hooliganismo. Chegaram os anos 90, e as grades caíram. Hoje, enquanto casos de violência interrompem um insosso Italiano, torcedores assistem na Inglaterra a boas disputas e variados craques bem de pertinho. Estádios que eram bacanas são trocados por modernas arenas mesmo sem previsão de Copa no país (e não falo de Wembley, quase pronto).
No início da década passada, nasceram a Champions League e a Premier League, versões turbinadas da Copa dos Campeões e do Campeonato Inglês. São as ligas de futebol mais vistas no planeta. E o Inglês dá show de transmissão e imagens nas demais ligas nacionais. Técnicos de outras nacionalidades, como o português José Mourinho, o francês Arsène Wenger e o espanhol Rafa Benítez, ajudam a dar nova cara ao velho estilo britânico de jogo. O torneio e as duas copas do país mostram caráter cosmopolita, juntando cada vez mais talentos africanos, asiáticos, oceânicos e americanos (do Norte e do Sul). Não são só os mais diversos magnatas que abraçam o futebol inglês e aquecem seu mercado. Mas o que me faz dizer que o futebol inglês está na moda?
Poderia citar a venda do Liverpool, fato mais relevante dos últimos dias por lá. Ou a overdose de jogos de seleções em Londres. Ou a presença de quatro clubes ingleses na lista dos dez mais ricos do mundo. Ou o possível avanço desses quatro às quartas da Copa dos Campeões (não é pequena a chance de inédita final inglesa). Ou a pioneira luta no país contra cânticos homofóbicos nos estádios. Ou a força da imprensa britânica, capaz de transformar todo jogo em épico duelo e especulações em manchetes mundiais, como a ficção de que Ronaldinho não quer mais jogar pelo Brasil.
Até uma estranha briga entre jogadores do Queens Park Rangers e da seleção olímpica chinesa, que montou excursão pelo Reino Unido a convite do Chelsea (?), ganhou espaço nos últimos dias na mídia. A seleção inglesa, que decepcionou de novo ao perder em casa seu amistoso com a Espanha, mantém um glamour singular (Felipão não pensaria duas vezes em assumir o English Team pós-Euro-08).
Talvez Roman Abramovich tenha sido a última grande revolução do futebol inglês, pois, após chegar ao Chelsea, cinco clubes da elite do país já caíram em novas mãos endinheiradas. Muita gente contesta a onda mercantilista no país, até a Fifa, mas o amor dos ingleses pelo futebol é intenso e não vê paralelo nem nos latinos. A Inglaterra foi modelo ao inventar isso que tanto curtimos. E, gostando ou não, continua sendo.

NEGÓCIOS
Algumas compras e vendas de cotas: David Moores, Liverpool (comprou por 8 milhões de libras/vendeu por 89,6 mi); Terry Brown, West Ham (2 mi/33,4 mi); Doug Ellis, Aston Villa (500mil/23 mi); Ken Bates, Chelsea (1 mi/17 mi); Milan Mandaric, Portsmouth (5 mi/32 mi); Martin Edwards, Manchester United (100 mil/90 mi).

TÉCNICOS
Ferguson tem 20 anos de Manchester. Wenger, dez anos de Arsenal. Até Allardyce, cujo nome esteve envolvido em escândalo, já fez seis anos de Bolton.

TORCEDORES
Tevez, apesar de fiasco no West Ham, tem seu nome cantado. Até para ele, que já foi ídolo de Boca Juniors e Corinthians, onde jogou bem, a surpresa é enorme.

rbueno@folhasp.com.br


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